Capítulo 8

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Capítulo 8

O som da campainha ecoou pelo meu apartamento, pelo que me apressei a ir abrir a porta. A Amara estava lá com um sorriso enorme nos seus lábios; ao ombro, tinha uma mochila, e o seu vestido branco que escolhêramos no dia em que fomos às compras estava pousado no seu braço.

Contudo, mal me viu, o seu sorriso caiu-lhe logo.

-Olivia, mas que raio te aconteceu!? - exclamou, entrando de imediato pela porta para pousar as coisas em cima do sofá e começar de imediato a passar as mãos pela minha cara e pelo meu cabelo.

-Não dormi muito esta noite... - suspirei.

-Nota-se, parece que te agrediram na rua.

Eu tinha noção que não estava com o melhor aspeto de sempre. O meu cabelo estava desgrenhado e despenteado, os meus olhos estavam mortos e tinham círculos escuros por baixo, a minha pele estava pálida, macilenta até.

-Não é nada que uma escova de cabelo e maquilhagem não resolva, - assegurou-me. - Anda lá, vamos tratar de ti.

Ela tornou a pegar nas suas coisas e eu mostrei-lhe o caminho para o meu quarto, onde já tinha o vestido cuidadosamente deitado sobre a cama e todos os meus produtos de beleza espalhados pela secretária. A Amara pega no meu vestido e estende-mo para eu o colocar.

-Não é melhor pôr a maquilhagem primeiro? - perguntei.

-Não te preocupes com isso, vai-te vestir.

Peguei no vestido e no telemóvel e fui para a casa de banho para despir o pijama. No momento em que estava a poisar as calças em cima do balcão, o meu telemóvel vibrou com uma mensagem, que abri sem hesitar.

DE: Michael Clifford / 16:47 "quem sou eu para te negar um pedido, seja ele qual for"

Anexada estava uma fotografia dele com o seu conjunto - uma camisa branca, uns jeans pretos, um casaco de cabedal também preto, uma gravata do mesmo tom que o meu vestido - a mostrar o seu cabelo agora pintado de preto. Sorri. Preferia mil vezes aquela roupa nele do que um fato qualquer.

Respondi-lhe com corações e pus o meu vestido, conseguindo, de alguma forma que ainda hoje me ultrapassa, apertar o fecho sozinha, antes de voltar para o meu quarto, onde a Amara já estava vestida, em frente ao espelho a passar as mãos pela saia do vestido.

-O Michael pintou o cabelo de preto, - comentei, pousando o telemóvel em cima da cama.

-A sério? Porquê? Gostava tanto do azul!...

-Ele disse que estava farto do azul, e eu sugeri-lhe o preto.

A Amara sorriu.

-É o que eu digo, o rapaz está perdido de amores. Agora anda aqui.

Sentei-me na minha cama enquanto a Amara pegava numa escova para tratar do meu cabelo.

-Livia? - chamou ela ao fim de alguns momentos em silêncio.

-Diz.

-Como é que vais passar o Natal? É só porque... raramente falas com os teus pais, e eles não estão aqui, como é mais que óbvio. Parece-me a pior altura do ano para se estar sozinho.

Encolhi os ombros.

-Os meus pais não são muito dados a festividades, por isso não ligo muito ao Natal. É só mais uma noite do ano para mim.

A Amara assentiu e não falou mais no assunto. Quando acabou de me pentear, deixou o meu cabelo solto e natural a cair-me pelas costas e passou à maquilhagem. Apesar de já me ter maquilhado inúmeras vezes e de nem ser má de toda, preferia mil vezes quando as outras pessoas me maquilhavam - maus hábitos com que eu ficara.

I Can't Remember • Michael Clifford {AU}Onde histórias criam vida. Descubra agora