Capítulo 4

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Capítulo 4

Entrei no quarto aos pulinhos e atirei-me para cima da cama, deixando-me cair de costas. Apontei de imediato para o teto.

-Olhem, olhem, uma estrela! - exclamei entusiasmadamente.

O Michael correu para se deitar ao meu lado e ver a estrela.

-Isso é uma aranha, Olivia, - a Ayame riu-se, antes de olhar de forma muito séria para o Luke. - Por favor mata-a, Luke. Por favor. Antes que eu tenha um ataque de histerismo.

-Não te preocupes, ela não quer saber de ti, - garantiu o Luke, dando-lhe um beijo na têmpora.

Ele aproximou-se de nós e tirou-nos os sapatos para nos deixar mais confortáveis, antes de puxar o cobertor para cima de nós.

-Durmam, - ordenou, olhando para nós seriamente. - Não vos posso levar a casa que tenho que ficar aqui à espera que o Ash volte, mas amanhã venho-vos buscar.

Abracei-me ao Michael e fechei os olhos, pronta para dormir como o Luke ordenara, mas, mal se ouviu a porta do quarto fechar, ouvi uma coisa que me despertou de imediato.

-Ei, Olivia... tive uma ideia.

Acordei com o sobrolho franzido. Não me lembrava de nada daquilo, mas reconhecia o quarto - era, afinal de contas, o quarto em que o Michael e eu acordáramos na manhã que seguira a festa, pelo que, mesmo que não me lembrasse daquela cena em particular, era seguro dizer que talvez aquilo tivesse realmente acontecido.

Com um suspiro, obriguei-me a levantar da cama para me ir vestir. Nunca compreendera o ódio que toda a gente parecia ter às manhãs de segundas-feira, mas começava a ter uma noção. Andar numa escola cinco dias por semana com dois dias de descanso não é, nem de perto, o mesmo que ter sessões de fotos e reuniões de dois em dois dias.

Começava mesmo a ter saudades do meu estilo de vida mais relaxado e entusiasmante. Mas sabia que voltar à escola, nem que só por um ano, seria o melhor para mim.

Enquanto me vestia, ouvi o meu telemóvel a tocar na sala, pelo que fui até lá para verificar que o Michael me estava a ligar.

-Bom dia, - cumprimentei quando atendi a chamada.

-Hey, estou a caminho daí para ir buscar o carro do meu pai, - avisou ele. O meu motorista deixara o carro na garagem no sábado, e era suposto o Michael tê-lo vindo buscar no domingo, mas acabara por não ter ido. - Queres que depois te dê boleia para o teu colégio?

-Não te preocupes com isso, o meu motorista leva-me.

Não queria estar sozinha com ele. Ainda não o vira desde que ele me deixara em casa, e não faláramos mais do que quatro mensagens de texto.

(PARA: Michael Clifford / 19:03 "o meu motorista já deixou o teu carro em minha casa. passa por cá quando puderes"

DE: Michael Clifford / 19:05 "passo por aí amanhã por volta da hora do almoço, pode ser? até amanhã"

DE: Michael Clifford / 12:08 "hey, o Ashton ia-me dar boleia para aí para ir buscar o carro mas teve que ficar com a Sofía por causa dos preparativos para o funeral da avó dela. posso passar por aí amanhã antes das aulas?"

PARA: Michael Clifford / 12:08 "okay, avisa-me quando estiveres a caminho então. até amanhã")

Não sabia como era suposto falar, ou até mesmo estar com ele, depois daquilo que acontecera entre nós quando o máximo que me recordava era um sonho desfocado que, tanto quanto sabia, não passava de fruto da minha imaginação.

I Can't Remember • Michael Clifford {AU}Onde histórias criam vida. Descubra agora