Wild parte 2

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Enquanto eu e Connor caminhávamos até a minha casa, comecei a notar que estava fazendo uma tempestade em um copo d'Água.
Connor era meu amigo... Apenas meu amigo. Nada do que aconteceu no último dia nem nada do que aconteceu três meses atrás iria mudar aquilo. Eu tinha me livrado dos sentimentos que tinha por Connor a muito tempo e estava tudo bem daquele jeito.
Ao menos era isso o que eu achava alguns segundos antes de Connor me puxar pela cintura, me pressionar contra a cerca de uma casa e me beijar.

Os lábios dele tinham o mesmo sabor de café com um toque de baunilha no qual eu me lembrava. Eu estava ciente dos braços de Connor em volta do meu corpo me segurando com firmeza e de seu sorriso bobo que às vezes invadia o beijo. Porém, quando finalmente fiquei ciente do quanto eu estava sendo tolo por ceder ao toque de Connor, parei imediatamente me livrando de seus braços e o encarei.

– Você não pode. – eu disse com uma ponta de decepção na voz.
– Eu senti sua... – Ele disse e tentou se aproximar mas eu recuei.
– Você não pode fazer isso, não depois do que fez comigo. – Suspirei e continuei andando.
– Troye, eu... – Ele apressou o passo ficando ao meu lado. pude ver que ele ainda carregava a câmera na mão, me perguntei o por que ele estava sempre com aquela câmera. – Eu senti sua falta.
– Eu também senti a sua falta... Sempre sinto falta dos meus amigos. – Eu falei e continuei caminhando até minha casa.

Se a minha mente estava confusa algumas horas atrás ao saber que Connor era gay, agora eu tinha certeza de que estava à beira da insanidade. Eu passei tantas horas tentando reorganizar pensamentos e dando um jeito de me livrar de sentimentos que insistiam em voltar, que pensei que se Connor tentasse fazer isso – me beijar. – eu cederia a ele.
Mas não cedi.
Eu só conseguia sentir raiva de Connor. Quando ele me olhou daquele jeito, eu nunca quis ser tão ruim. Connor estava me deixando louco e eu não podia fazer nada além de dizer o que eu cansei de repetir para mim mesmo.
Somos apenas amigos.

Quando chegamos na minha casa eu fui direto para meu quarto e tranquei a porta ignorando os chamados de Connor pelo corredor. Sem perceber, deitei na cama, afundei a cabeça no travesseiro e comecei a relembrar o beijo que Connor tinha me dado. Aquele beijo pelo qual eu esperei por tanto tempo e que agora, queria que não significasse nada para mim.
Me perder em meus pensamentos já estava virando um hábito comum, pois quando olhei para o relógio, já se passava da meia noite.
Ouvi alguém bater na porta do meu quarto e fui atender.

– Quem é? – Falei contra a porta.
– Por favor, abre. – Ouvi a voz de Connor do outro lado.

Eu cogitei a opção de ignorar Connor e ir dormir. Eu já estava cansado de pensar em Connor.
Mas eu abri mesmo assim.
Connor vestia uma camiseta com listras pretas e brancas e uma bermuda. Prendi o riso diante da visão e recebi uma careta dele como resposta. Saí da frente da porta permitindo que ele entrasse e fechei a porta logo em seguida, olhei para ele e pude notar que ele observava meu quarto como alguém observa uma pintura em um museu.

– Tudo muda em Perth mas o quarto de Troye Sivan continua o mesmo. – Ele disse e olhou para mim sorrindo.
– Isso foi tão inspirador, acho que vou transformar em uma música – Eu disse sarcástico e sorri para ele.

Connor me olhou confuso.

– Por que você está me tratando assim? – Ele disse.

Eu arqueei uma sobrancelha ainda encarando ele.

– Você sabe por que eu fiz aquilo. – Ele disse e se aproximou de mim. – Sabe muito bem.

Dei um passo para trás.

– Qual parte daquilo? a parte em que você me rejeita afirmando que não gosta de garotos ou a parte que você se assume gay três meses depois e me beija? Aumentei um pouco o tom de voz e encostei em uma parede suspirando. – Eu não consigo te entender, Connor Franta.

Ele riu, o que me deixou com mais raiva ainda.

– Eu não pretendia dizer desse jeito... – Ele pareceu pensar por alguns segundos. – Quando você fez aquilo, três meses atrás, eu estava com medo. Eu passei a minha vida inteira com medo de ser... de gostar de meninos.

Ele engoliu em seco e olhou nos meus olhos.

– Mas você apareceu. Você é o que é de um jeito tão simples que me fez perder o medo disso... de ser quem eu sou. Mas eu acho que é tarde demais, não é mesmo? – Connor disse e se aproximou ainda mais de mim. – Eu estou apaixonado por você desde então, Troye Sivan.

Connor sorriu e colocou uma mão na minha bochecha. Ele puxou meu rosto delicadamente e encostou nossos lábios me dando um selinho demorado. Quando acabou, olhou nos meus olhos e sorriu se retirando do quarto e me deixando sozinho logo em seguida.
Por uma fração de segundos enquanto ele saia do quarto, eu tive certeza sobre quais eram meus sentimentos por Connor. Não eram raiva, magoa, desgosto nem paixão.
Eu apenas nunca imaginei que amar pudesse doer tanto.

Don't Keep Love Around // TronnorOnde histórias criam vida. Descubra agora