POV Bonnie
Nora ainda estava inconsciente enquanto eu pegava o diário de vovó de dentro da minha bolsa. Meus olhos corriam freneticamente pelas as linhas escritas da página, procurando por uma parte em particular que desde sempre me chamou a atenção. Pus o dedo indicador no parágrafo que nunca fez tanto sentido quanto agora.
"Harrison Grey veio procurar-me hoje, em busca da velha bruxa que conheceu no colegial. Somos ligados por algo que humanos não entenderiam, envoltos em sombras e segredos, e era isso que mantinha nossa amizade perdurar por tantos anos. Sua filha, Nora...uma pequena ainda, mal sabe o que acontece ao seu redor e nem o que seu pai fez ao seu favor. Nunca duvidei que ele seria um pai incrível, que faria de tudo para dar à Nora aquilo que ele tanto almejou durante a sua juventude, uma vida comum e humana. Ele me pediu para selar a magia naquele líquido, que somente uma bruxa poderosa conseguiria fazer e então entregou a sua filha. Implorou para mim contar a ela quando tivesse idade o suficiente...Harrison sabia que não viveria muito tempo, mesmo sendo um nefilim puro sangue, sabia que corria risco de morte ao desenvolver aquela Cura e me avisou dos perigos. Meu amigo morreu, e eu sinto muito a sua falta, minhas lágrimas que caem e mancham essa folha são prova disso....meu maior pesar é que não vou poder contar a verdade para a Nora, não quando me sinto cada vez mais fraca. Aquele feitiço mexeu com poderes que eu mesma não sabia que existiam e agora a cada dia que passa sinto minha alma sendo levada para o outro lado do véu, irei morrer...toda bruxa que se preze sabe quando sua partida está proxima. A minha era iminente. Mas não vou deixar meu velho amigo na mão, Bonnie ficará encarregada disso...mesmo sendo pequena e que nesse momento não entenda, ela será minha porta voz, minha doce Bonnie. Minha Bennet preferida, sei que um dia você estará lendo isso e eu quero que saiba que te amo mais que tudo."
A ficha caiu naquele exato momento. Harrison havia vinculado a cura à Nora. Ela era o que todos estavam procurando desde o início! Me inclino sobre a mesa, abraçando o diário contra o peito. Em seguida me dou conta de que os amigos de Nora precisavam de uma explicação, praticamente corri até a sala, onde todos pareciam com os ânimos exaltados.
–Isso é impossível! - Caroline dizia mais uma vez, seu sorriso chocado ainda estava em seus lábios quando voltei.
Patch revirou os olhos, ele andava de um lado para outro deslizando as mãos a todo instante pelos os cabelos escuros. Ele estava nervoso e ansioso. Gostava de Patch, ele mostrava ser indiferente a tudo e a todos, mas no fundo não era bem assim. Quando se tratava de Nora ele desmoronava. Eu me identificava com ele. Balanço a cabeça, enquanto me desligava da conversa que acontecia ali. Sinto um aperto de saudade dentro do peito, queria voltar para a casa logo e abraçar Enzo bem forte e depois beijá-lo.
De repente, sou tirada de meus devaneios.
–Dá pra vocês calarem a boca?! Nora está prestes a acordar! - Gritou Vee, jogando-se no sofá. Essa garota é impossível! Adoro ela. Care a fuzila com os olhos e eu sei que ela está prestes a explodir.
–O que você está fazendo aqui?!- Pergunta Caroline, cruzando os braços e dando aquele sorriso assustador que ela sabia fazer muito bem. Vee bufa e Patch parecia ainda mais irritado com a briguinha das duas, lembrei-me uma vez em que ele disse que ficar perto delas era cansativo e que não sabia quanto tempo conseguiria ficar perto de ambas sem arrancar a cabeça. A cabeça delas no caso. Bom, não posso culpa-lo em todo o caso.
–Sou a melhor amiga dela!
–Por favor, quem não ajuda não atrapalha!
–Será que dá pra calarem a boca? A voz de vocês está me dando dor de cabeça - resmunga Patch.
Pigarreio para que todos prestem atenção em mim, mas sou ignorada. Suspiro alto, Bato o pé no chão e até solto um grito abafado para chamar a atenção, mas a discussão ainda não acabava. Irritada, decido apelar.
Fixo meu olhar na mesinha de centro da sala e ergo meu dedo indicador e anelar em sua direção.
–Incendium. - Falo, imediatamente as labaredas quentes de fogo começaram a lamber a madeira da mesinha, queimando-a sem piedade. Espero que Nora e sua mãe não sejam muito apegadas a ela.
Finalmente, todos param de falar bobagem e me olham um tanto chocados. Menos Patch, que parecia entediado.
POV Nora
No sonho o meu pai apareceu no meu quarto, ele sentou-se na beirada da cama e me olhava com tanto amor que eu tive certeza que nunca mais seria amada daquela forma. Ele desliza as mãos pelo o meu rosto úmido e assutado. Posso ver a cena de fora, não consigo me mexer. Papai aproxima-se mais e beija minha testa...e então entrega uma caixinha, a mesma que me deixou antes de morrer.
–Está tudo aqui. - Sussurrou ele.
–Tudo o quê? - Eu disse com um fizoinho de voz.
Papai sorriu e balançou a cabeça.
–Está na caixinha. Eu amo você.
Acordei com dificuldade para respirar, o sonho com meu pai foi tão real que eu queria que tivesse durado mais. Toda a dor da perda, aquela mesma dorzinha que senti quando o policial bateu na nossa porta e disse que ele havia morrido, se apoderou do meu corpo. Segundos depois, eu sacudia por conta do choro convulsivo. Minha vida era um caos e ele fazia tanta falta!
Alguns minutos depois ouço uma batida na porta do quarto, fungo baixinho e seco as lágrimas com as costas da minha mão. Ainda com a voz embargada, digo para a pessoa entrar. E era Patch.
Do contrário da última vez que estivera no meu quarto, ele caminhou de forma urgente e me envolveu em seus braços num aperto forte e reconfortante.
–Voce está sentindo alguma dor? - pergunta preocupado, me olhando atentamente. Sacudo a cabeça em negativa, meu rosto inclinado para baixo.
–Só uma cicatriz antiga que resolveu voltar a arder, mas logo passa - sussuro. Não sei se Patch entendeu o que eu quis dizer, mas ele me apertou mais ainda contra si e beijou o alto de minha cabeça.
–Estou com você sempre que precisar. - Afirma.
–Eu sei. - Naquele instante recordo do que aconteceu antes de eu perder a consciência. - Patch, o que aconteceu comigo?
Ele respira fundo e protela antes de me responder.
–Você voltou a ser humana. - Diz curto e grosso.
Abro um sorriso descrente.
–Impossível - Retruco, sentindo meu estômago se agitar.
–Pelo visto, quando se trata de você nada é impossível - Murmura com um sorriso torto nos lábios.
–Como isso aconteceu? - Pergunto ainda incrédula.
–A Cura.
Ergo as sobrancelhas e franzo a testa.
–O que que tem? Alguém achou a cura e aplicou em mim?
Minha mente se revirada a procura de alguma lembrança de que, por ventura, alguém tivesse me entregue essa tal de cura do qual todos falam, mas ninguém nunca viu. Exceto meu pai.
–Você é a cura. - Seus olhos se cravaram nos meus e eu senti todo o ar escapar de dentro de mim.
–Impossível - Digo novamente, completamente atordoada, enquanto um arrepio varria minha espinha.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entre Suas Asas
FanfictionPatch não é o tipo de garoto que se apresenta pra família, que pensa em estudar e ter um bom emprego no futuro. Patch não é o cara "mauricinho", e que chama atenção à primeira vista por ser educado e gentil, muito pelo o contrário. Mas no...