Fada do dente e afins.

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Fechei a porta, seguindo-as até o interior da sala. Olhei ao redor, mas Patch parecia não astar mais ali, pelo menos aparentemente.

–O que houve?

Vee estava nervosa, mordia de dois em dois segundos seu lábio interno. Bonnie postou-se ao seu lado. Algo se remexeu no meu estômago. Cruzei os dedos atrás das costas em uma atitude um tanto infantil, mas não resisti.

Só esperava que não fosse nenhuma outra notícia ruim.

–Precisamos conversar, Nora...uma conversa...tipo, você vai achar que eu sou louca, mas...

Ah tá, era só o que me faltava. Meu coração começou a bater forte.

–Espere - pediu Bonnie, a expressão muito séria. Ela usava uma corrente com pingente de lua crescente. Voltou-se para mim, analisando-me, desconfiada.- Está sozinha, Nora?

Vee olhava furtivamente entre mim e Bonnie.

Dei de ombros.

–Sim.

Ela olhou ao seu redor, focando seus olhos no alto da escada, para depois fitar-me novamente.

–Tem certeza?

Será que Patch não fora embora?

–Sério, o que está acontecendo?- Perguntei, olhando diretamente para Vee, mudando de assunto. Ela pigarreou e encolheu seus ombros.

–Não tem uma coisinha, um lanchinho aí pra eu comer? Tô com o estomago vazio- disse.

–Você comeu um cachorro inteiro antes de vir pra cá- murmurou Bonnie, fitando-a com as sobrancelhas erguidas. Essa menina me dava a impressão de estar entediada.

–Desculpa, quando tô nervosa fico com fome.

E quando está feliz, triste, normal, enraivecida também. Essa era a minha melhor amiga.

Ela respirou fundo e continuou:

–Nora, lembra quando éramos crianças e eu te assustava dizendo que vampiros e bruxas iriam te pegar se você não me fizesse algum favor?

Jesus.

Balancei a cabeça, sentindo minhas mãos começarem a suar.

Já tinha entendido. Ela sabia. Mas por quê? Será que tinham tentado alguma coisa contra ela por minha causa? Não poderia suportar se a machucassem! Será que mamãe também corria riscos tão imediatos dessa forma?

–Então...ao que me parece eles realmente existem- disse ela, com os olhos bem abertos e a boca franzida.

Fortes sensações de frustração e alívio tomaram conta de mim. Não precisaria mentir para ela sobre tudo o que estava acontecendo na minha vida mas, por outro lado, agora ela estava envolvida em uma história em que o ideal seria se manter a muitos e muitos quilometros de distância.

Apontei o dedo para Bonnie, tentando ao máximo não trême-lo e denunciar a covarde que sou.

–O que você é?-Perguntei, a voz convicta e firme, mas fui incapaz de controlar o leve balançar do meu queixo, afinal, eu a convidara para entrar. Agora, seja lá o que ela fosse, tinha acesso irrestrito à minha casa.

Bonnie cruzou os braços.

–Uma bruxa- murmurou, seu rosto não demonstrava nenhum tipo de sentimento.

–Que ótimo!- Exclamei, jogando os braços pra cima, exasperada.

–Você...está bem? Você não ficou surpresa nem nada?- Perguntou-me Vee, a expressão de espanto e surpresa estampada na cara. - Não vai dizer que eu estou ficando mais louca que o normal?

Entre Suas AsasOnde histórias criam vida. Descubra agora