Vamos andando até uma praça que fica há dez minutos da livraria. América e eu não soltamos nossas mãos nem por um segundo. Meu coração batia descompasadamente apenas por sentir seu toque.
Atravessamos a rua e fomos para debaixo de uma árvore.
Ao soltar sua mão, sinto que estamos nos distânciando e minha vontade é de nunca soltar.- Você veio para essa praça? - pergunto colocando nossas mochilas no chão e me sentando.
Ela se senta de frente para mim.- Não, a praça era um pouco... longe.
- Longe quanto?- Tipo.... perto de casa.
- Andou sozinha da praça perto de casa até aqui, sem saber por onde estava andando?!
Ela fica ruborizada e abaixa a cabeça.
Coloco minhas duas mãos em sua face e levanto seu rosto.- Quando quiser sair para conhecer a cidade, por favor, me chame. Não importa a hora ou o lugar, eu vou. Não sei o que faria se você estivesse sumido. Poderia ter acontecido alguma coisa com você e... eu não me perdoaria por isso.
- Kath...
- Eu sei. - digo tirando minhas mãos de seu rosto. - Você não gosta de mim.
- Eu ia dizer pra você ficar parada enquanto eu desenho você e o passáro que pousou em seu ombro.
Olho para o lado e vejo um lindo pássaro azul no meu ombro.
- Não se mexe. - diz ela baixo.
America pega seu caderno e olha para mim. Sorrio para ela e a vejo se afastar um pouco, encostar na árvore e desenhar. Fico parada, imóvel, enquanto ela me desenha.
Seu rosto fica sério enquanto me desenha e de todos as caras e bocas que ela faz, esse é o que eu mais gostei. O jeito como sua sobrancelha fica um pouco levantada ao desenhar, o jeito como ela coloca seu cabelo atrás da orelha ao me olhar e desenhar, o jeito como morde a porta do lápis e fica me observando durante horas. Depois vê que eu estou observando-a, ruboriza e desenha novamente. Sinto borboletas na barriga e sinto meu coração bater rápido de cinco em cinco minutos.
Não queria assumir para mim mesma, mas me apaixonei por América a partir do momento em que eu a vi na escola. O jeito como ficou quieta ao ver minha irmã dar um ataque.- Acabei.-diz.
Vou para frente e coloco meu peso nos braços, olho para seu caderno e parece que estou vendo uma foto minha em preto e braco. Parece mágica, ela me desenhou perfeitamente bem, assim como desenhou o pássaro.
- Está incrível.- digo e olho para seus olhos.
Estamos à poucos metros de distância, olho para seus lábios e depois para seus olhos, uma forma de pedir permissão para beijá-la.
Ela sorri, abaixa a cabeça e fecha o caderno.
Me afasto e fico olhando-a.
- Sua vez.- diz.
- Posso ficar com o desenho?-pergunto.
- Por que?
- Eu gostei.
- Sério?
- Sim! E gostaria de ficar com ele.
Ela escreve algo perto do desenho e me entrega.
Vejo que é sua marca e sorrio.
- Agora a poesia.- diz.
- Hummm...Quer que eu faça uma agora ou uma antiga.
- Nada mais justo do que ver você fazendo uma na minha frente.
Sorrio para ela e balanço a cabeça.
Pego meu caderno dentro da mochila, abro em uma folha e começo a escrever.
Olho para América várias vezes, encontrando palavras e frases que possam descrevê-la.
Ficou um pouco grande, mas ficou do jeito que pretendia.- Pronto.- digo.
- Pode ler em voz alta, por favor?
Abro a boca para dizer não, mas vejo seus olhos cinzas ficarem suplicante e eu não aguento.
- Ta bom.- digo rindo.
Ela sorri, coloca um mecha do cabelo atrás da orelha e espera.
Suspiro uma vez e começo:
" É impossível não perceber você...
O seu jeito meigo...
O acalento de sua voz aos meus ouvidos,
O olhar de sentimentos tão vívidos.
É impossivel não perceber...
A felicidade que se encontra,
Em cada sorriso eu...
A moradia em que você se permitiu...
Para mim viver...
É impossível não amar cada gesto seu...
Seu jeito tímido preenche lacunas descontorcidas dentro de mim...
Seu jeito atraente e descontraído de...
Com um simples olhar...
Transmitir ondas de eletricidade pelo meu corpo...
É impossivel não amar cada gesto seu...
O modo como se ruboriza ao perceber que estou...
Só por alguns segundos...
Olhando para seus olhos e dizendo na minha mente...
O quão linda você é...
É impossivel não amar cada gesto seu...
O jeito como seus olhos cinzas são verbos complexos...
O modo como coloca seu cabelo para trás e...
Tenta não olhar para mim...
Pois sabe que estou olhando toda a beleza que é você...
É impossível não amar você..."Continuo olhando para o meu poema e depois olho para ela.
Seu olhos estão fixos no meu, não percebi que ela tinha chegado perto de mim.
Toco seu rosto com a minha mão e olho para seus olhos.
Uma mecha de seu cabelo cai no seu rosto, coloco ele para trás e sorrio para ela. Chego mais perto dela e de seus lábios. Assim que consigo ficar a poucos centímetros de seus lábios, meu celular toca e nos afastamos.
Pego meu celular dentro da mochila e atendo- Alô?
- Kath! - diz minha mãe. - Graças a deus você está bem.
- O que aconteceu?
- A filha do amigo de trabalho do seu pai ainda não voltou para casa, ela é nossa vizinha.
Olho para America e sorrio.
- Ela está aqui na minha frente.
- Mesmo?! Que alívio, eles estavam vindo jantar com a gente, mas ela até agora não chegou. Fomos até a praça onde ela estava, mas ela não estava lá.
- Eu a vi na praça e a chamei para dar uma volta. Me desculpe mãe, eu não sabia, devia ter pedido para ela ligar para os pais dela.
- Tudo bem, filha. Irei dizer para os pais dela.
- Ta bom. Já estamos indo embora.
- Cuidado.
Desligo o celular e sorrio para ela.
- Seus pais estão preocupados.
- Ah droga!!! Meu celular ficou em casa.
- Tudo bem, disse pra minha mãe que a vi na praça e te chamei para dar um volta.
Ela arregala os olhos.
- Mentiu por mim?
- Faria qualquer coisa por você. - digo me levantado e pegando nossas mochilas.
Ela estende a mão.
- A poesia é minha.
Dou um risinho, arranco a folha do caderno, tiro as dobras e lhe entrego.
- Seus pais vão jantar lá em casa.- digo.- Parece que meu pai e o seu são amigos de trabalho.
Ela sorri e balança a cabeça.
- Bom... - ergo minha mão para ela.- Vamos?
Ela olha para minha mão por um instante, depois coloca sua mão na minha, entrelaçamos nossa mão e vamos embora para casa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Agora & Para Sempre
RandomKatherine mora com os pais e a irmã. Um dia, ao separar uma briga da irmã Eadlyn, ela conhece América e começa à construir um laço de amizade até que Katherine começa à sentir algo mais que amizade por ela.