N° 17

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Uma semana depois...

As coisas entre eu e America não mudaram. Ela continua na dela e isso me mata. Machuca vê-la todos os dias na escola, vê sorrir para outras pessoas e não para mim.
Nossos olhos sempre se encontram, eu fixo meus olhos nela e ela ruboriza, sempre ruboriza. Isso só faz com que eu a ame mais ainda.

O trabalho de português é hoje, nossas salas estavam juntas, minha mão melhorou, como Aghata disse. A sala dela, que é do terceiro ano, estava com a gente. Conversamos um pouco, mas não foi por muito tempo. Eu sempre olhava para América e a via conversar com a minha prima, a via sorrir e abaixar a cabeça.

- Muito bem.- diz a professora.- Vamos começar.

- Não sei qual a intensão dela com isso.- diz Aghata.- Conheço todos aqui.. exceto América.

Ao ouvir seu nome, a dor ficava mais alto, o sentimento de vazio piorava. Eu não conseguia dormir, não coseguia pensar e nem comer direito, sem me lembrar dela, do seu cheiro, do seu beijo.

- Me desculpe.- diz Aghata.

- Tudo bem.- suspiro.- Só quero acabar logo com isso.

- Que as apresentações comecem!

Várias pessoas fizeram apresentações, os garotos e garotas que sabiam cantar e tocar, fizeram isso e se familiarizaram uns com os outros. Outros apenas falava de si mesmo, o que foi bastante natural e eu gostei. Algumas meninas sentiam-se tímidas, até depois de um tempo e começaram a falar sobre histórias engraçadas. Ri com algumas, fiquei atenta em outras. Algumas eram tristes, algumas garotas choravam, até Aghata chorou e eu tive que rir dela.

- Para vai.- sussurra.- Foi emocionante.

- Tão sentimental.-digo.

Ela soca o meu braço.

- Aghata.- diz a professora.- Sua vez.
Todos olham para ela, Aghata se levanta e sorri para todos.

- Bom, me chamo Aghata.

- Oi Aghata.

Sorrio ao ver que todos falam seu nome e eu abaixo a cabeça.

- O que querem saber sobre mim?-pergunta.

- Qualquer coisa.- diz a professora.- Para sabermos sobre você.

- Você e Katherina estão juntas? - Alguém pergunta

Levanto minha cabeça e olho para a pessoa que perguntou isso. Tinha que ser a amiga de Eadlyn.

- Por que quer saber?- Pergunta Aghata.

América olha para mim, balanço minha cabeça para ela e a vejo ficar mais tranquila.
Os meninos começam a dar risadinhas, mas depois param.
Aghata suspira.

- Não, somos amigas. Outra pergunta?

- Diga alguma coisa sobre sua vida.- diz a professora.

- Certo.- Aghata suspira.- Bom, quando eu era mais nova, minha mãe morreu de cãncer, meu pai entrou em uma depressão muito forte e eu tive que morar com os meus avós. Depois de cinco anos, meu pai voltou para me buscar, ele estava... bem. Eu não o via beber e chorar mais, então pensei que ele havia superado.

- Ele superou?- Pergunto.

Todos olham para mim e depois para Aghata.

- Sim.- diz sorrindo.- Nós visitamos o túmulo de minha mãe uma vez por semana, bem... eu vou todos os dias, mas ele, apenas uma vez. É difícil chegar em casa todos os dias e perceber que não vou ver minha mãe sair da cozinha e me abraçar, ou poder contar para ela meus segredos e ouvir seus conselhos, mas... Eu sobrevivo. Meu pai se tornou meu melhor amigo, mas tem pouco tempo para mim. Então passo muito tempo com a minha avó, só que, ela também já não está tão bem.

Meu olhar e o de Aghata se encontram e ambas compartilhamos nossas dores. Agora vejo uma garota que força seu sorriso todos os dias, enquanto dentro dela está tudo despedaçado. Mas mesmo assim, ela não para de sorrir. É como ela disse, ela sobrevive.

Todos ficam em silêncio.

- Acabou? - Pergunta Aghata para a professora.

- Sim.- diz a professora limpando uma lágrima e sorrindo para ela.

Aghata sorri, se levanta e senta ao meu lado.

- Por que não me disse?- pergunto.

- Por que doi lembrar.- responde.

Passo os braços ao redor de seus ombros e a abraço.
Ficamos abraçadas durante poucos segundos, mas foi o suficiente para ela saber que estou ao lado dela para qualquer coisa.

- Certo... América.

Olho para América, ela pega seu caderno, um lápis e se senta de frente para nós. Eu a vejo ficar tímida, nossos olhos se encontram, dou um sorriso reconfortante para ela e balanço a cabeça.
Ela sorri e suspira.

- Preciso de um voluntário. - Aghata levanta a mão.

- Pode ser eu?

América balaça a cabeça e olha para mim.
Sussurro que está tudo bem e ela se acalma.
Aghata pega uma cadeira e se senta de frente para America.
America segura o queixo de Aghata, vira para os dois lados e depois o deixa de um ângulo que fique certo para ela desenhar.

- Não se mexa.- diz.

Ela abaixa sua cabeça e começa a desenhar, ela fixa seus olhos no rosto de Aghata e desenha, ela fica atenta à Aghata. Às vezes seus olhos olham para mim e eu sorrio.
Depois de um tempo, ela termina e mostra para todos.

- Meu deus, que foda! - Diz Aghata.

- Impressionante.- diz a professora sorrindo.

- Cara.- Aghata olha para America e depois para o desenho.- Você desenha muito bem. Posso ficar com ele?

America balança a cabeça, escreve algo na folha e entrega para Aghata.
Todos da sala aplaudem e América abaixa a cabeça. Ela se levanta e olha para mim novamente e se senta.
Aghata volta à se sentar do meu lado e me mostra o desenho.

- Sua garota desenha muito bem.-diz Aghata baixo.

- Ela desenha sim.

Olho para América e depois para o desenho.

- Bom... Katherine. - Chama a professora

Me levanto, pego meu caderno de poesia. Irei ler a poesia que fiz hoje antes de entrar na sala. Desde semana passada, venho escrevendo poesias a cada momento, sem parar.
Me sento na cadeira e olho para todos.

- Nos encante com sua poesia.- diz a professora sorrindo e escrevendo algo no caderno.

Suspiro e começo:

“ Ainda agora a saudade me visitou
E com suas recodações me torturou...
Ela não tem me deixaddo dormir,
Tenho chorado desde que a vi sorrir...
Ainda agora lembrei do seu rosto
Uma lembrança que me atirou num frio poço...
Minha alma sangra todos os dias e,
Sua ausência me traz tanta agonia...
Ainda agora pensei em como eu era antes de você,
E em tudo o que me tornei por você estar distante...
Não sinto alegria nem por um instante...
Ainda agora desejei te esquecer
Mas você é a razão do meu viver...
Ainda agora não paro de pensar
No quanto amo você...”

Abaixo meu caderno e olho para todos da sala, algumas meninas choram. A professora sorri para mim e balança a cabeça, olho para America e a vejo chorar.
Odeio saber que ela está chorando por minha causa. Me levanto e saio da sala.

-x-

Não postei ontem por culpa da JoyceKarolina1
Se quiserem matar alguém, matem ela. (Mentira, mata não)

-Jessie-

Agora & Para SempreOnde histórias criam vida. Descubra agora