XX - As consequências da festa de sábado.

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Lorena; 19/06/2017 às 1:12 P.M.

É oficial, meu primeiro dia de férias começou.

Se eu estou animada com isso? Bem, não muito. Devido aos acontecimentos do último sábado vocês não podem me culpar por estar um pouco apreensiva em relação ao meu futuro.

Quase posso ouvir vocês se perguntando o que aconteceu entre mim e o Juliano depois do beijo e tudo aquilo. Bem, não aconteceu nada e talvez isso seja culpa minha.

Por favor não me chamem de covarde depois que eu explicar tudo.

18/06/2017 às 3:02 A.M.

Colocar a Carol na cama foi uma tarefa difícil. Esconder da minha mãe que ela estava bêbada então, foi quase impossível.

Se não tivesse a ajuda da Camila e da Catarina, eu provavelmente teria largado a Caroline dormindo no chão da minha sala. Fizemos ela vestir um pijama e se deitar, no momento que sua cabeça tocou o colchão ao lado da cama ela praticamente desmaiou de exaustão.

Catarina abraçou o primeiro travesseiro livre que viu na sua frente e foi dormir do lado da Carol.

Camila e eu dividimos minha cama. Nós duas não dormimos tão rápido quanto as outras. Acredito que os pensamentos dela estivessem tão malucos quanto os meus, mas naquele instante eu ainda não sabia o porquê.

Eu estava inquieta, não conseguia ficar parada.

O quê vai acontecer agora? Me perguntei, Juliano e eu vamos ficar juntos?

Eu nem ao menos sabia direito o que estava fazendo ou sentindo. Eu estava tão confusa que comecei a ter dor de cabeça. Podia sentir a pressão do sangue no meu cérebro.

Sem contar aquela sensação de ser uma vaca traidora que decepciona a melhor amiga.

- Lorena? - Camila chamou com um sussurro. - Você está acordada?

Fiz silêncio por um tempo. Eu estava com medo de conversar com a Camila, medo de contar para ela o que estava acontecendo e ela nunca mais falar comigo de novo. Respirei fundo e me virei de lado para poder vê-la. Tudo que conseguia ver eram traços do corpo e do rosto dela em meio à escuridão do quarto.

- Estou. - Cochichei de volta.

- Não consigo dormir. - Ela também se virou, de modo que nossos narizes ficaram à um palmo de distância.

- Eu também não. - Respondi.

- Minha mente está uma bagunça. Eu fiz algo terrível. - Ela desabafou. - Tenho de te contar.

Ela confiava em mim com toda a sua força. Por que eu não conseguia fazer o mesmo? Por que não podia confiar que a nossa amizade seria mais forte do que qualquer ciúmes bobo?

Respirei fundo.

- Eu também tenho de te contar uma coisa.

- Então vamos fazer assim, eu conto, depois você conta. OK? - Ela segurou minha mão.

- OK. - Apertei a mão dela.

- Eu beijei o Pedro. - Minha visão já tinha se ajustado à escuridão e eu pude ver os olhos dela um pouco perdidos nas órbitas.

- Você o que? - Aquilo realmente me pegou de surpresa. - Por que você fez isso?

Ela me explicou e eu preferia que não o tivesse feito, pois aquilo tinha me deixado brava.

- O que você estava pensando? - Minha voz, mesmo em meio aos sussurros, soava mais indignada do que eu esperava.

- Eu não sei. - Ela choramingou. - Mas eu estou arrependida, de verdade me arrependi no momento em que o beijei. O problema é que o Pedro nunca vai acreditar nisso e vai passar um longo período de tempo sem falar comigo.

- Não diga isso. - Entrelacei nossos dedos. - Não seja tão dura com você mesma, afinal, o Pedro te ama e, eventualmente, vai acabar te perdoando.

- Você acha? - Ela parecia verdadeiramente chateada.

- Eu tenho certeza. - Confirmei.

- Por favor - pediu ela -, não conte pra Carol, pelo menos não agora. Eu vou dar um jeito de concertar toda essa bagunça. Ela ficaria muito decepcionada comigo.

- Não vou contar. - Prometi.

- E não diga para o Juliano, também. Não quero... Você sabe, que ele pense mal de mim. - Seus olhos eram suplicante mesmo em meio ao breu.

- Nenhuma palavra vai sair da minha boca. - Respondi com certo pesar.

Meu coração pesou, como eu poderia contar qualquer coisa sobre mim e o Juliano à ela sem magoa-la. Já estava escrito, o preço do meu relacionamento com ele seria a minha amizade com a Camila. Honestamente, não sei se estou disposta à paga-lo.

- O quê você tinha para me contar? - Ela perguntou.

- O que? - Eu estava aérea.

- Você disse que tinha algo pra me contar. - Camila lembrou. - O quê era?

- Nada - balancei a cabeça -, é bobeira.

- Tenho certeza de que não é. - Ela me pressionou. - Me conte.

- Eu beijei um garoto... - Minha voz estava um pouco embargada.

- Isso é ótimo! - Camila se animou. - Qual era o nome dele?

Parecia que um elefante havia sentado no meu peito. Eu não conseguia dizer à ela. Era tão simples, só precisava dizer o nome dele. Mas as palavras pareciam faltar.

- Eu... - Engasguei. - Eu não perguntei o nome dele.

- Uau! - Se espantou. - Quem é você e o quê fez com a Lorena?

Forcei um sorrisinho que doeu como mil facas sendo cravadas no meu estomago.

- Deveríamos tentar dormir. - Sugeri.

- Você está certa. - Ela sorriu e me deu um beijinho no nariz. - Boa noite.

- Boa noite. - Repeti.

Virei para o outro lado e fiz uma lista de tudo que estava errado naquele momento. Nunca havia me sentido desse jeito. Eu estava feliz por Juliano ter me beijado e me lembrar do abraço quente dele me trazia um sorriso, mas por outro lado eu queria me enrolar nas cobertas e nunca mais sair de lá se Camila passasse a me odiar.

Quando menos esperava senti uma lágrima escorrendo pelo meu rosto e molhando o travesseiro. Chorei baixinho para não acordar ninguém. Meus pensamentos estavam tão bagunçadas quanto minha estante de livros, a qual estava para desabar a qualquer momento de tão cheia.

Desbloqueei meu celular e mandei uma mensagem para o Juliano.

Não sei o quê seriamos daqui para frente, mas independente do quê fosse, deveríamos pensar com calma

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Não sei o quê seriamos daqui para frente, mas independente do quê fosse, deveríamos pensar com calma. E no momento, eu não conseguia pensar em mais nada.

De repente, a ideia de passar as férias na casa do meu pai não me pareceu tão ruim.

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