XXIII - Romeu, Julieta e a melação sem fim.

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Camila, 03/08/2017 às 10:42 P.M.

Desde que me entendo por gente sou apaixonada por teatro. Gosto da sensação de emprestar meu corpo para uma pessoa totalmente diferente de mim e entrar em uma realidade que em nada se parece com a que vivo.

Todos os anos os grupos do Instituto de Artes se juntam e compõem um musical. Pessoalmente falando, é sempre incrível porque junta as duas coisas que mais gosto de fazer, teatro e música.

Sempre tento arrastar meus amigos para isso, ano retrasado minha vítima foi o Juliano. Este ano, Lorena era a escolhida, mas ela é teimosa demais e não foi fácil convencê-la.

Às 12:58 P.M.

Depois da escola, Lorena, Carol, Juliano, Pedro e Catarina se reuniram na minha casa para assistirmos a um filme — o qual pausamos depois de meia hora e ficamos jogando conversa fora.

Pedro parecia deslocado, desde a nossa briga ele ainda não tinha voltado à minha casa e agora parecia extremamente envergonhado por qualquer coisa, até seu jeito de sentar estava rígido e permaneceu de cabeça baixa quando minha mãe passou pela sala e o cumprimentou. O pobre coitado nem deve imaginar o quanto ela me chamou de idiota quando contei a respeito do que eu tinha feito.

Lorena e Juliano também estavam um pouco estranhos. Quero dizer, ela estava implicando menos com ele e este não a estava provocando tanto.

A única que não estava estranha era a Carol, pois até Catarina estava um pouco aérea. Ela dava pequenos pulinhos de animação sempre que uma notificação chegava em seu celular e ficava cabisbaixa sempre que percebia que a mesma não vinha do seu novo interesse amoroso, Vinícius Rezende.

— Hey, Cata — chamou Carol. — Eu estou falando com você.

— Me desculpe — disse Catarina, ainda um pouco perdida. — O que foi?

— Deixa ela, Carol — pedi. — A Catarina está ocupada pensando na sua Alma Gêmea.

— Ele não é minha "Alma Gêmea". — Catarina fez aspas com os dedos. — Só estou pensando se ele vai ou não falar comigo hoje. Esse garoto é muito de lua, me enche de atenção em um dia e praticamente esquece de mim no outro.

— Quem seria ele? — Pedro perguntou um pouco perdido.

— Vinícius Rezende — disse Lorena, com um sorriso que mal cabia no rosto dela. — Vocês provavelmente não conhecem ele, mas a Catarina quase morre toda vez que ouve o nome dele.

Cata agarrou a almofada mais próxima e jogou no rosto da Lorena.

— Eu não quero falar sobre ele — pediu Catarina. — Me façam esquecer esse maldito celular.

— Nós poderíamos falar sobre o quanto a Lorena vai arrasar se ela se juntar a mim e ao Juliano no Musical — sugeri, tentando usar a minha voz mais convincente.

Lorena rolou os olhos e os dirigiu para mim com uma expressão de tédio.

— Não vai rolar, Camila. — Ela deu de ombros. — Esquece.

Juliano, que estava dividindo o sofá menor com Pedro, cruzou os braços.

— Você pode nos dar um motivo, Dorothy? — Pediu ele, não sem antes zombar do vestido xadrez azul-branco que ela estava usando.

— Minha primeira e única experiência com teatro foi traumática — explicou ela, sem dar a mínima para a brincadeira sobre o vestido. — Eu tinha oito anos e fui obrigada a encenar A Princesa eo Sapo para as outras salas. Todas as crianças ficaram rindo e tirando sarro de mim depois disso.

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