VIII - Esqueça tudo, não saia da cama. Esse é o meu melhor conselho.

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Lorena; 27/03/2017 às 06:22 p.m.

Estou me perguntando desde sábado o que é que eu e minha mãe estamos fazendo na casa da minha vó.

Você deve estar pensando: "Mas, Lorena, avós normalmente te enchem de doces, presentes e mimos, você está no paraíso", bem se você pensou isso sua avó deve ser a Vovozinha da Chapeuzinho Vermelho.

Eu amo minha vó, realmente amo, e não duvido de que ela também me ame. Mas ela meio que só tem reclamado de tudo — TUDO — o que eu faço desde que nos mudamos.

Na visão dela eu não lavo a louça direito, não arrumo o meu quarto direito, não cozinho do jeito certo, não como o suficiente, meu cachorro tem de tomar um banho, aliás, eu nem deveria ter trago o meu cachorro, eu escuto música muito alto, eu não saio do meu quarto, eu fico trazendo pessoas pra casa o tempo todo e etc. Agora ela começou a implicar até mesmo com as minhas amigas.

Minha mãe fica pedindo pra eu manter a calma e não me irritar com ela, minha mãe também diz que a situação é provisória e que assim que vendermos a outra casa ela vai arrumar um apartamento pra nós duas. Mas eu tenho minhas dúvidas. Meu avô está muito doente e sei que minha mãe não vai sair até que ele melhore, se ele melhorar. Não a culpo, também não quero sair do lado do homem que eu mais amo no mundo até ele estar melhor.

Então, para evitar as minhas discussões com a minha vó, mamãe tem me incentivado a ficar o máximo de tempo fora de casa. Vou começar a ir às aulas de Educação Física, que são no período contrario ao da escola e que eu sempre abominei, ficarei mais nas casas das minhas amigas e acharei motivos pra sair o tempo todo. E quando eu estiver em casa vou ficar trancada no meu quarto vendo séries ou lendo livros o tempo todo, sem contato nenhum com o exterior.

Outra coisa que vem perturbando os meus pensamentos é o meu primeiro beijo. Eu me arrependo? Não, de jeito nenhum. Gostaria que não tivesse sido com o Pedro? Sim, com certeza, pois eu não sinto nenhuma atração romântica ou física por ele. Eu estava completamente enganada quando pensei que nada mudaria entre nós dois. Mal conseguia olhar pra ele. Não conseguíamos nem mesmo trocar duas palavras sem desviar o olhar. E eu odeio isso, odeio muito. Quero voltar a conversar com ele sobre nossos super-heróis preferidos, quero zombar dele, quero nossa relação de amigos de volta.

Às três da tarde desse mesmo dia.

Nós três estávamos reunidas na casa da Carol para assistir o nosso programa preferido.

Carol havia arrastado a mim e a Camila para a vida de fãs de "Miraculous: as Aventuras de Ladybug", que é o melhor desenho que eu já assisti na minha vida toda. Sério, eu estou apaixonada pelo Chat Noir e acho completamente injusto o fato dele ser personagem de um desenho e eu não poder me casar com ele. A abertura dos episódios me causava até arrepios.

— Eu me chamo Marinette, uma menina como as outras. — Carol recitou. — Mas tem uma coisa que ninguém sabe. Porque eu tenho um segredo...

Nós três cantamos o mais alto que podíamos a música da abertura dos episódios.

— Por Deus... — Alguém reclamou atrás de nós. — Quantos anos vocês tem?

— Quatro. — Eu disse rindo e olhei para trás pra ver Fred que estava entrando na casa.

— Deve ser mesmo. — Ele se jogou no sofá ao lado de Camila.

— Como foi o seu encontro com a Senhorita Julie? — Camila perguntou.

— Eu já te contei. — Ele resmungou.

— Nunca me canso de escutar. — Ela riu. — Mais uma vez, por favor.

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