XXI C - Férias - Carol

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Carol; 22/07/2017 às 11:51 P.M.

No meio dessa semana recebi o melhor convite de final de férias do mundo. Quer dizer, o convite não foi diretamente para mim, mas sim para o meu padrasto. Não posso fazer nada se ele se estendia para o restante da família e, com um pouco de choro da minha parte, para as minhas amigas também.

Vou parar de enrolar e explicar logo.

No meio da semana o tio do meu padrasto ligou para ele, nos convidando para passar o fim de semana no seu sítio, com direito à piscina, carreata com carro de boi, churrasco e uma paisagem maravilhosa, rodeados de toda a paz que uma pequena e pacata cidade no interior de Minas Gerais pode nos proporcionar.

Depois de encher o ouvido da minha mãe, ela me deixou convidar a Camila, a Lorena e a Catarina, então na manhã de ontem estávamos chegando em Jacuí - Minas Gerais.

21/07/2017 às 09:13 A.M.

Não vou me atentar muito ao detalhe de que estava sendo um porre ficar perto da Camila e do Pedro. Eles não pareciam nem mesmo pessoas normais conversando. Eu estava com vontade de dar uma bofetada nos dois em todos os postos em que parávamos no caminho. Para a minha sorte ele foi no mesmo carro que o pai dele e o meu irmãozinho, enquanto no carro da minha mãe só foram as meninas.

— Você quer ajuda com as malas? — Pedro perguntou para Camila quase roboticamente quando chegamos ao sítio.

— Não — respondeu ela.

— Ok. — Ele estava desconfortável.

— Obrigada. — Ela também.

Pedro tirou suas malas do carro do meu padrasto e entrou dentro da casa.

— Vocês dois poderiam ao menos agir como pessoas normais durante o fim de semana? — Olhei de cara feia.

— Do que você tá falando? — Ela juntou as sobrancelhas. — Estamos agindo como pessoas normais.

— Não, vocês não estão. — Catarina colocou sua mochila nas costas.

— É como se eu estivesse vendo dois Googles Tradutores falando entre si. — Lorena disse enquanto procurava o seu travesseiro, que ela tinha encucado que havia colocado no porta malas. — Tem de estar aqui em algum lugar.

— Vocês são malucas. — Camila reclamou enquanto lutava com os cobertores.

— Como é possível não estar aqui? — Lorena desistiu de procurar e se sentou no degrau da varanda.

— Eu trouxe dois — Catarina riu —, te empresto um.

— Obrigada. — Lorena fez beicinho.

Amontoamos nossas coisas no quarto ao fim do corredor, que tinha duas camas de casal e trocamos de roupa. Mesmo estando no meio do mês de julho, o sol estava queimando acima das nossas cabeças e o clima estava perfeito para uma piscina.

Nos sentamos na beirada da piscina, com a água molhando os tornozelos, e ficamos olhando as vacas no pasto.

— Olhe — Camila me cutucou —, aquela parece com você.

— Bem madura você, não é? — Fiz uma careta pra ela.

— Qual? A malhada que não para de comer? — Lorena riu.

— Ela é idêntica à você, Carol. — Catarina completou.

— E vocês três se parecem com os vermes em baixo da terra. — Cruzei os braços.

Elas começaram a rir, Camila soltou a sua risada de ganso — não dá pra explicar, assista um vídeo com gansos gralhando e vocês terão escutado a risada dela —, mas parou ao olhar para a varanda da casa. Direcionei meu olhar para o mesmo lugar que ela e vi Pedro conversando com uma garota asiática baixinha de cabelos curtos com mechas vermelhas.

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