XXV - "16 Candles" é o cacete!

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Lorena,

Hoje,16/08/2017 às 12:52 A.M.

No dia quinze de agosto de 2001 às seis e trinta e cinco da manhã, eu nasci. Nada demais, apenas uma garotinha de quase quatro quilos e sem nenhum fio de cabelo na cabeça. Só mais um bebê com cara de joelho no mundo.

Agora, dezesseis anos depois, ainda não é nada demais, mas as pessoas insistem em celebrar a data em que você viu a luz do dia pela primeira vez.

O problema é que, ultimamente, eu não tenho tido nenhum motivo para celebrar. Meus pais se separaram, meu pai casou com outra, minha mãe está se afundando em dívidas, meu avô está com uma cirurgia marcada para amputar uma perna e eu estou traindo a minha melhor amiga. Sem contar que odiei todas as festas de aniversário que já foram feitas para mim. Sempre tenho um ataque de ansiedade nelas e fico me sentindo mal durante o dia todo, acreditando que as coisas vão dar extremamente errado.

Honestamente, passei todo o dia quinze esperando que as pessoas apenas esquecessem que eu existo.

Ontem, 15/08/2017 às 04:12 P.M.

Não fui à escola hoje, a ideia de passar todo o dia do meu aniversário trancada em uma sala de aula copiando um milhão de páginas de algum livro sempre me aterrorizou. Então, como já era de costume pois todo ano isso acontecia, fiz o maior drama do mundo para a mamãe me deixar faltar.

Eu só queria passar a tarde enfiada no meu quarto comendo salgadinhos e mergulhada no universo mágico que é o Wattpad, mas se dependesse da minha mãe e da Camila, esse desejo não se tornaria realidade.

Eu só queria passar a tarde enfiada no meu quarto comendo salgadinhos e mergulhada no universo mágico que é o Wattpad, mas se dependesse da minha mãe e da Camila, esse desejo não se tornaria realidade

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Mamãe ficou parada na porta do meu quarto em silêncio por quase dez minutos, apenas me observando enquanto eu fingia não estar vendo ela ali.

— Como está se sentindo? — Perguntou ela. — Alguma mudança extraordinária após completar dezesseis?

Olhei para baixo, estudando meu próprio corpo. As pernas continuavam longas demais, os pés ainda eram gordinhos, minha barriga continuava a mesma de alguém que nunca passou perto de uma academia, os seios ainda eram relativamente pequenos e, acredito, que a espinha gigante que havia nascido na minha testa ainda estava ali.

— Não — conclui. — Essa história de que acontece uma grande mudança aos dezesseis deve levar tempo.

Minha mãe sorriu e se sentou do meu lado. Minimizei a aba do meu Wattpad e deixei apenas a do Spotify aberta. Não que tenha algo extremamente proibido nele, apenas sinto como se estivessem bisbilhotando a minha alma se alguém ficar olhando as coisas que escrevo ou leio. Mamãe fingiu não notar esse meu gesto e apenas encostou-se na parede.

— Algum plano para hoje anoite? — Indagou com um sorrisinho sugestivo.

— É uma terça-feira, mãe — observei. — O que você quer que eu faça? Encha a cara e vá para a escola amanhã cedo?

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