XXIV - A única certeza que se pode ter na vida é pizza... e amigas, é claro!

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Carol, 11/08/2017 às 11:54 P.M.

Sabe nos videogames, quando você precisa salvar o jogo antes de ser morto por algum monstro e procura uma safe house?

Catarina encontrou a sua safe house hoje, fico feliz em dizer que ela estava cheia de pizza e amigos.

Às 06:06 P.M.

A nona do Frederico abriu uma pizzaria no centro da cidade no último sábado. Hoje, durante a tarde, Fred pediu para ela mandar cinco caixas de pizza para a minha casa e, em troca, ele a ajudaria no próximo fim de semana.

As pizzas haviam chegado às seis horas em ponto, diferente da Catarina, que estava atrasada e me matando de fome. Camila me proibiu de comer antes que todos estivessem lá e Lorena concordou com a ideia.

— Vocês duas devem estar querendo me ver morta e estirada no chão de tanta fome — reclamei.

— Pare de ser dramática, Caroline — pediu Pedro, rolando os olhos para mim. — Não faz nem meia hora que você comeu pipoca.

— Pipoca não mata fome. — Dei de ombros.

Fred estava sentado no chão, com o controle do meu videogame em mãos, tentando passar uma fase de Alan Wake na qual Juliano havia empacado semanas atrás. Julie havia se jogado no sofá oposto à TV quando chegou na minha casa e não tinha dito um pio até então. Os dois não andavam tendo seus melhores momentos e isso é tudo o que sei. Frederico já não tem mais me contado as coisas com a mesma frequência que fazia anteriormente. Não consigo imaginar o motivo, mas estou frustrada com isso. Talvez sua namorada esteja tendo uma crise de ciúmes pela melhor amiga dele ser uma menina. Talvez eu esteja tendo apenas mais uma das minhas noias e ele nem tá tão afastado de mim assim.

— Amor — chamou Fred, sem nem ao menos desviar os olhos da TV. — Você pode buscar um copo de refrigerante pra mim?

— Você tem pernas — respondeu Julie, emburrada.

Camila, Lorena e eu nos entreolhamos, um pouco apreensivas, sem entender o porquê de Julie, que sempre foi toda purpurina e corações, ter sido tão rude com o namorado.

— Uou — exclamaram Pedro e Juliano em coro.

— Eu estou jogando — disse Fred, apontando o óbvio.

— Você pode pausar. Ou dar o controle para outra pessoa — sugeriu ela. — Não é como se você fosse passar dessa fase de qualquer jeito.

Juro que dava para cortar com uma faca toda a tensão que tinha inundado aquela sala.

— Esqueça — resmungou Fred. — Perdi a vontade de beber qualquer coisa.

Canalizei todos os meus pensamentos e desejos em um pedido único ao Cosmos para que a campainha da minha casa tocasse e nos livrasse de uma discussão de relacionamento antes de eu comer. Me senti o próprio Stephen Strange quando isso realmente aconteceu.

— Finalmente, Catarina — bradei.

— Aquele ser parado lá fora não parece ser a Catarina — disse Lorena, que havia se debruçado no encosto do sofá para olhar pela janela.

Ajoelhei no sofá e me comprimi contra Lorena para podermos olhar pela janela. A luz da garagem iluminava parte do sujeito parado além do portão, ele era um garoto alto e em forma, estava usando um jeans surrado e um suéter cinza. Apesar de não poder ver seu rosto, me parecia estranhamente familiar.

— Quem é a figura desconhecida parada lá fora? — Perguntei.

— É o Gustavo — respondeu Juliano, fazendo pouco caso da minha dúvida.

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