O fim do Ensino Fundamental é algo lindo. Formatura, festas, amizades que acreditamos que irão durar por todo o resto da nossa vida. O sonho para o Ensino Médio consegue ser ainda mais apetitoso aos olhos. Seria tudo perfeito, se não tivessem esquec...
Vivemos em sociedade, o que significa que a comunicação é algo extremamente necessário. Se pessoas não conversam com pessoas, as coisas não funcionam. O passado é esquecido, o presente é estacionado e o futuro simplesmente não existe.
Sexta-feira, 15/09/2017, 09:21 A.M. - 09:40 A.M.
Durante o intervalo, Carol, Lorena, Catarina e eu estávamos dividindo um pacote de Cheetos, comprado com o dinheiro de uma vaquinha que quase não deu certo por conta de cinco centavos que tivemos de mendigar para o Pedro.
Por conta do calor excessivo, resolvemos que não comeríamos dentro do refeitório e nos sentamos nos degraus da escada, obstruindo todo o acesso para as salas do segundo e terceiro ano.
As garotas estavam empenhadas em debater o que cada uma deveria levar para a minha casa mais tarde no mesmo dia, quando faríamos uma noite das meninas. Eu, por outro lado, estava mais interessada em uma cena que acontecia do outro lado do pátio.
Pedro estava conversando com Fred, Gustavo e alguns outros garotos do segundo ano, mas seus olhos estavam interessados de fato em uma menina de pele negra e cabelo chanel com quem flertava descaradamente.
Nossos olhares se encontraram em um momento e ele me dirigiu um sorrisinho sem vergonha. Levantei uma sobrancelha. Sério? Foi a minha pergunta silenciosa. Ele riu, olhou para os lados, mexeu discretamente no bolso da calça e depois cravou os olhos em mim de novo.
Em questão de instantes senti meu celular vibrando e rolei os olhos, ponderando se valia a pena correr o risco de ficar sem o aparelho para responder uma mensagem dele. Que se dane, pensei, sou curiosa demais.
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Coloquei o aparelho de volta no bolso do jeans e voltei minha atenção para as garotas, não ia dar a Pedro o gostinho de poder sorrir vitorioso para mim. Eu não estava com ciúmes.
— Vocês tem certeza que não precisa levar leite condensado? — Perguntou Lorena, que já tinha repetido aquilo umas três vezes antes.
— Sim — respondeu Catarina, um pouco sem paciência. — Já disse que a Julie vai levar.
Carol levantou o dedo indicador no ar, como uma criança pedindo a professora permissão para falar.
— Por que ela vai mesmo? — Questionou.
— Porque ela já está à bastante tempo com o Fred — explicou Lorena —, então a Camila achou que nós tínhamos de nos enturmar mais. Afinal, os dois nunca vão nos rolês, talvez se fossemos mais próximas, isso mudasse.
Catarina reprimiu uma risada e limpou o corante do salgadinho dos dedos.
— Não vai mudar porcaria nenhuma — observou —, dúvido que o Frederico vá deixar de ser mão de vaca por causa disso. Sem grana, sem rolê.
