XXXIV - O fim do mundo se aproxima.

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Carol,

Terça-feira, 24/10/2017 às 03:39 P.M.


Adolescentes são brigões. Essa é a incontestável verdade que nos cerca. E não é para menos. Nossos hormônios estão borbulhando e tudo ao nosso redor é tão exageradamente dramático que a vontade de resolver tudo na base da ignorância, dos gritos, pontapés e socos parece ser a única forma decente de dar um fim a toda a agonia que nos segue e liberar toda a energia acumulada em nossos corpos.

Quando um adolescente está muito quieto diante de um conflito, é porque as coisas não estão seguindo seu roteiro natural.


Segunda-feira, 23/10/2017 às 01:01 P.M.


A ideia era bem simples. Trancar a Camila e a Lorena em um quarto e esperar que elas se resolvessem. Mas também existia a grande possibilidade delas se matarem, então precisei apelar para uma reunião de emergência e para um grupo de amigos bem organizado.

Sim, eu tinha esquecido o fato de que nunca fomos muito organizados. A sala da minha casa estava parecendo uma feira de peixe. Todo mundo gritava soluções que, honestamente, não dariam certo.

— E se ficarmos de guarda na porta do quarto enquanto elas conversam? — Sugeri. — Assim entramos em ação se as coisas saírem do controle.

— Elas não são dois animais selvagens que você pode trancar em um quarto e esperar que o mais fraco ceda — interveio Juliano.

Direcionei para ele um olhar mortal.

— O que é que você está fazendo aqui? — Vociferei. — Tudo isso é sua culpa. Se tivesse me escutado e não seguido em frente com essa paixãozinha boba pela Lorena nós não estaríamos tendo essa discussão agora.

Juliano se levantou e fez o mesmo com a sua voz.

— Paixãozinha boba? Eu amo ela, ok? Não é como se eu tivesse escolhido causar toda essa confusão — respondeu irado. — Talvez se você tivesse alguém que te amasse tanto quanto eu amo a Lorena pararia de se meter na nossa vida, Caroline.

Meu sangue não é de barata. Me levantei e me coloquei de frente a ele, pronta para arranhar a cara daquele miserável a qualquer momento. O fato de ser bem menor não me tornava menos ameaçadora. Com o canto dos olhos vi meu irmão, acompanhado pela Catarina, estampar a maior expressão de tédio no seu rosto.

— Você está me chamando de mal-amada? — Levantei a voz.

— Você está colocando palavras na minha boca — resmungou.

— Eu vou colocar outra coisa na sua boca — ameacei cerrando os punhos com tanta força que as unhas, mesmo estando curtas, incomodavam. — É chamado soco.

Juliano revirou os olhos, rindo na cara do perigo.

— Posso saber o porquê de você estar tão brava? — Perguntou.

Por que eu estava brava? Honestamente, não tenho muita certeza sobre o motivo. Só sei que estava pronta para defender as minhas amigas com unhas e dentes.

— Estou brava porque você bagunçou tudo o que estava certo — disse eu e aquela me pareceu uma resposta muito boa.

Gustavo bufou ao meu lado e me puxou até a cadeira mais próxima. Ele era uma pessoa muito paciente quando queria, mas, naquele momento, não estava muito afim de esbanjar paciência.

— Como é que essa discussão vai ajudar, mesmo? — Certificou-se. — Ah é, não vai. Então vocês dois sentem essas bundas e só abram a boca quando tiverem alguma ideia que coloque um fim de uma vez por todas na briga, ou falta dela, entre a Lorena e a Camila.

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