"Diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará"
- Não vai aceitar as flores? Sei que são as suas prediletas. - disse envergonhado.
Estendi as mãos e segurei o lindo buquê. Mas as flores não conseguiram aliviar minha dor.
- Obrigada Poncho, mas eu realmente queria saber o que você veio fazer aqui. Depois do que aconteceu... - mordi o lábio inferior.
Um breve silêncio pairou no ar.
- Primeiro eu queria te pedir perdão, me sinto envergonhado e entendo que você não queira mais me ver... Sei que errei. Mas eu preciso do seu perdão, preciso de você Anahi. - o verde oliva se inundou.
- Olha Poncho, erros são erros, mas nem sempre são perdoáveis. - disse áspera.
- Você não consegue me perdoar? - tocou meus braços, me virando de frente pra ele, me arrepiei ao sentir suas mãos sobre a minha pele. Mas dessa vez não era desejo, como sempre fora, era medo - depois de tudo o que vivemos?
- Não sou ninguém pra ter que te perdoar, não é pra tanto. Eu desculpo você, se é o que você quer. Mas não sei se ainda quero dividir uma vida inteira com alguém que eu não reconheço mais...
- Foi só uma atitude, um erro, eu extrapolei, não deveria ter encostado a mão em você, sei disso. Eu estava fora de mim, possesso pelo ciúmes e pelo álcool... - desviou o olhar do meu.
- É exatamente essa atitude, esse erro que mudou as coisas entre nós. Aliás eu não entendi porque você tinha bebido, se tínhamos marcado de almoçar juntos! - cruzei os braços.
- Eu acabei me excedendo, exagerei num encontro casual que tive com um amigo de infância...
- Caramba! Puta consideração com a sua noiva hein Alfonso - estava raivosa - tudo bem encontrar o amigo de infância, mas beber além dos seus limites é demais pra mim.
- Fui irresponsável com isso também. Bebi e te toquei com ira, me perdoe mais uma vez - disse triste.
- Fora que você desconfiou de mim e fez aquela cena ridícula, me dizendo barbáries...
- Annie, você sabe que eu sempre tive ciúmes da sua relação com o Rodrigo. Talvez eu tenha me precipitado, mas a gente pode se entender e - o interrompi.
- Alfonso, eu não quero mais. - disse seca.
- Não quer mais o quê...não quer mais ficar comigo? - incrédulo - Mas a gente se ama, podemos reconstruir nosso - tornei a interrompe-lo.
- Preciso ficar sozinha. Eu quero um tempo pra mim, acho que essa etapa acabou aqui, se insistirmos em permanecer nela posso me machucar mais e não estou disposta a correr mais riscos. - me referia a gravidez.
- Não entendo porque tanto desprezo, sei que pisei na bola, mas é pra tanto?
- Não quero que entenda. Não estou te desprezando, só mudei minhas prioridades. Talvez eu tenha criado expectativas demais e você me surpreendeu, me decepcionou - funguei.
Pude ver a confusão no rosto de Alfonso, ele realmente não estava entendendo nada.
- Me dá uma chance amor. Eu sou a mesma pessoa, com os mesmos sonhos e objetivos - segurou e beijou minha mao - Não estou preparado pra um futuro sem você Annie - implorou.
- Poncho, ciclos se encerram, portas se fecham. Não insista, nada é mais devastador do que a quebra de confiança...
- Você não confia mais em mim?
- Você "praticamente" me agrediu. Preciso mesmo responder sua pergunta? - arqueei a sobrancelha.
Novamente o silêncio tomou conta do ambiente. Poncho começou a chorar, era um choro arrependido. Pude sentir que ele estava disposto a recomeçar, mas eu não podia arriscar uma relação duvidosa. Não agora. Porque por mais que eu o amasse com todo o meu coração, agora tinha uma vida crescendo dentro de mim, e como nós passamos por um momento conturbado, provavelmente nossa volta teria algumas turbulências, sem contar a decepção que meu coração não conseguia esquecer e a confiança que se estremeceu. Eu nunca seria egoísta com meu filho, posso ser com o Poncho, comigo mesma, mas nunca poderia arriscar que qualquer coisa acontecesse com meu pequeno anjo. A decisão estava tomada.
Me virei de frente a janela do quarto, chegou a hora de definir meu futuro.
- Não quero que me entenda mal. Estou confusa, por isso quero ficar sozinha e só tenho uma certeza: preciso me cuidar - respirei fundo.
- Você tem certeza que não quer tentar? A gente se ama Annie - perguntou choroso - Não consigo entender!
- Você não precisa... pode passar muito tempo se perguntando como isso aconteceu, mas o fato é que a nossa relação era sólida, e subitamente se transformou em pó - disse seria.
O ar estava pesado, senti um fardo ao dizer isso a Poncho, mas como eu mesma disse a ele, minhas proridades mudaram.
- Gostaria que você saísse, preciso ir pra casa, meus pais e o Ucker estão me esperando.
Eu ainda estava de costas, então só pude ouvir Poncho fungar e a porta bater.
Dias depois...
Entramos no carro, papai, mamãe, eu e Ucker, como fazíamos sempre que nos mudávamos de cidade. Só que agora era só eu quem iria embora. Decidi aproveitar que ainda estou no começo da gravidez e ainda posso voar de avião. Vou refazer minha vida, guardar alguns sentimentos, tentar esquecer o Poncho (como se fosse possível), aceitar novas oportunidades.
Estou indo pra França morar com Maite, minha melhor amiga de infância.- Você tem certeza de que é isso mesmo o que você quer? - Marichelo perguntou, limpando as lágrimas que caiam incessantemente.
Gente muito obrigada pelos views e pelas estrelinhas, já fico muito feliz! Beijinhos no coração, logo tem mais. 😘❤️
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Destinados
FanfictionViolento mesmo é o amor, o resto só tem cara de mal. Você acha que o destino trabalha como? Vendado? Não, o destino sabe o que faz, ele não trabalha sozinho, é ele quem dá as cartas nesse jogo, que chamamos de vida. Já ouviu falar do desejo? Ah, ess...