Os meses foram se passando e minha barriga estava cada vez maior, como deveria ser. Cheguei ao oitavo mês de gravidez com a ansiedade a mil. Era engraçado por eu não conseguia mais enxergar os meus próprios pés. Amei ficar grávida, em todos os sentidos, realmente era um sonho se concretizando! Maite se divertia muito porque quando eu estava de costas, não parecia que eu tinha um barrigão tão grande.
- Sua barriga vai explodir!!! - Maite sempre se surpreendia com o tamanho.
- Você diz isso todas as manhãs... - me sentei ao lado dela no sofá.
- Claro, depois dos 6 meses, parece que cresce cada dia mais - incrédula - Daqui a pouco você não passa pela porta Annie, como vamos fazer pra te levar pro hospital? - brincou.
- Exagerada - ralhei rindo - Agora só falta um mês pra gente conhecer esse príncipe - alisei minha barriga.
- Não vejo a hora! Vou segurar sua mão e estar do seu ladinho - me olhou terna - Preciso tirar foto e filmar tudo.
- Nossa, quero ver você conseguir fazer tudo isso - brinquei.
- Já falou com a sua médica pra ela deixar eu e sua mãe entrar na sala de parto? - perguntou preocupada.
- Falei, ela disse que geralmente é só um acompanhante, mas que iria pensar..então levei como um sim. - mordi o lábio.
- Ela tem que deixar mesmo, você paga uma nota pra ela! - exasperada - Com o dinheiro que você dá pra ela, eu deixaria a torcida inteira do Barcelona assistir seu parto.
- Você não existe - rolei os olhos rindo.
- E a tia Marichelo? Quando chega?
- Não sei, quando nos falamos por telefone, ela disse que viria só quando eu completasse os 9 meses.
- Então ela não vem esse mês mesmo? - perguntou chateada.
- Acho que não, ela disse que meu pai quer vir com ela mês que vem, pra estar aqui quando o Pedro nascer - sorri.
- Então ela vai economizar né?! - assenti - Também a cada vez que ela vem, compra Madrid inteira...
- É verdade, você e ela são muito consumistas - franzi o cenho.
- Olha quem fala Anahi! Você só não está comprando tudo quanto é coisa, porque está gravida... - cruzou os braços - e mesmo assim quase todos os dias alguém vem entregar uma caixa de coisas que você compra pela internet.
- Eu compro pro Pedro...
- Ah é?! Pra que o Pedro vai usar uma calça sarja de gestante? - perguntou séria.
- Pra mim são coisas de gravidez!
- Não deixa de comprar! - riu.
- E aí?! o que vamos fazer o hoje? - perguntei entediada.
- Comer e assistir - sorriu.
- Uhu, fazendo minha felicidade!!! - comemorei.
- Mas só depois que a Marta limpar o apartamento. Eu precisei chamar ela pra fazer uma faxina...
- Realmente, isso aqui ta um nojo - olhei ao redor e nós rimos.
- Vamos ver algum filme? - Maite passava os canais, a fim de encontrar algo.
- Sim, vou tomar banho, enquanto você escolhe algo, tabom?!
- Ta! - concordou.
Pedimos pra Marta começar pela sala, já que ficaríamos ali o dia todo, e assim ela o fez. E enquanto ela terminava o restante do apartamento, passamos a tarde como nos velhos tempos, Maite e eu, sentadas no sofá vendo filmes e comendo besteira. Sou tão grata pelas pessoas que tenho comigo, por poder conservar amizades e viver com tanto amor.
- Mai, Annie, já acabei por aqui! - Marta era como uma amiga pra nós, apesar de ser um pouco mais velha, por isso nós não permitíamos que ela nos chamasse de senhora, dona ou algo formal.
- Muito obrigada Marta! Vai tomar um banho... - Maite sugeriu.
- Não vou lhe encomodar? - perguntou receosa.
- Mas é claro que não! Anda vai lá - me envolvi na conversa - Quando você sair temos uma surpresa pra você!
- Com licença então senhoritas. - apesar da insistência as vezes ela deixava escapar alguma formalidade.
- Sabe Mai, lembra que eu te disse que deveria doar umas roupas, pra ter mais espaço pro bebê?
- Lembro, você disse que ia dar pra sua prima, a Victoria não é?!
- Sim, ela era uma opção, porque sempre elogia minhas roupas e sapatos...mas ela não precisa! Então posso separar duas ou três peças e está bom o suficiente pra ela.
- Mas e o restante? - perguntou confusa.
- Vamos dar pra Marta - disse animada - ela é bem magrinha, então tudo vai caber nela!!!
- Boa ideia Annie, ela vai ficar muito feliz! O filme já está acabando, então vamos pro quarto separar as coisas...
Era um fim de tarde de agosto, verão aqui em Paris, olhei pela janela do quarto e pude ver possíveis turistas transitando pelo parque que havia em frente ao apartamento de Maite. Me senti leve e realizada, não sei explicar exatamente porquê, mas eu estava pronta.
- Você tem coisa demais mesmo - Mai entrou no closet revirando as sacolas de roupas espalhadas pelo chão - Como isso tudo estava pendurado aí? - apontou os cabides - e tudo permanece lotado....parece que você não tirou nada.
- Mas olha quantas sacolas - me desvencilhei dos sacos - eu tirei muita coisa.
- Estou vendo!
- Com licença meninas - Marta bateu na porta e a abriu - já estou indo embora. Desejam mais alguma coisa?
- Vem aqui mulher - gritei do fundo do closet.
- O que houve aqui? Juro que não vi essa bagunça - Marta se assustou.
- Essas são as roupas que a Annie vai lhe dar - Mai disse.
- É, você é bem magrinha, como eu, tudo vai ficar ótimo em você! - bati pequenas palmas rapidamente.
- Muito obrigada senhora - emocionada - estou muito feliz, não sei o que dizer....nunca imaginei que pudesse usar tantas roupas lindas assim - olhava o chão inundado de roupas.
- Imagine só, fico muito feliz! Vamos ver o que você quer e fazer alguma coisa útil hoje né Maite? - brinquei.
- Sim, estou cansada de não fazer nada - rimos.
Foi muito gostoso, mas cansativo mexer nas sacolas. Ficamos cerca de três horas olhando roupas, lembrando os momentos que vesti algumas em especial, e rindo uma da palhaçada da outra; não percebemos a hora passar. Comecei a sentir uma dor extremamente forte nas costas e no quadril, me deitei na cama a fim de descansar, já que tínhamos terminado o "serviço", enquanto isso Maite ligava pro porteiro, pra que ele ajudasse Marta a colocar as roupas no carro dela.
Breves minutos depois, aquela bagunça não estava mais espalhada pelo chão, Marta já havia ido embora e Maite batia uma vitamina de frutas pra mim até que:
- MAITEEEEEEEEE - gritei o mais forte possível. Ouvi o liqüidificador ser desligado e passos rápidos se aproximarem do quarto.
- O que foi Anahi? - desesperada.
- A BOLSA ESTOUROU! OLHA COMO A CAMA ESTÁ MOLHADA - tentei me sentar e abrir as pernas pra que ela pudesse ver, mas a dor que eu sentia no meu ventre era insuportável. Eu já estava suando e com o coração acelerado, me revirando na cama de dor - MAI ESTOU SANGRANDO - não pude conter as lágrimas que escapavam sem cessar, o desespero tomou conta de mim. Meu corpo doía porque o bebê precisava nascer, mas o meu coração despedaçou quando vi o vermelho nos lençóis brancos.
- Eu vou ligar pra doutora Ana Carolina e te levar pro hospital agora. - Maite apanhou o celular discando o número da médica, enquanto tentava me acalmar, me apoiando sobre seus braços - Estou aqui, vai dar tudo certo!
Desculpem pela demora! Obrigada por acompanharem, beijos no coração ❤️❤️❤️❤️❤️
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Destinados
Hayran KurguViolento mesmo é o amor, o resto só tem cara de mal. Você acha que o destino trabalha como? Vendado? Não, o destino sabe o que faz, ele não trabalha sozinho, é ele quem dá as cartas nesse jogo, que chamamos de vida. Já ouviu falar do desejo? Ah, ess...