O barulho da turbina era atormentador, Pedro havia dormido na espera do embarque no colo de Maite, que chorou mais que no dia da nossa formatura da oitava série (quando ela teve que mudar de escola, vale ressaltar que, ela nunca tinha chorado tanto quanto aquele dia). Éramos parte dela, meu coração ainda estava apertado, vendo a noite de Paris de cima, de mãos dadas com Poncho, enquanto Pedro dormia numa paz, que era a única coisa me tranquilizava.
- Dorme um pouco - Poncho me despertou dos meus devaneios.
- Não consigo, minha cabeça está a mil - encostei a cabeça no ombro dele, que em seguida me beijou a testa.
- Moça me traz um comprimido pra dor de cabeça? - Poncho pediu pra comissária e ela assentiu - Daqui a pouco chegamos em casa, princesa, dorme um pouquinho..
Acordei com o bater das rodas na pista do aeroporto de Madrid e com o choro de Pedro, quase que automático.
- Por que não me chamou antes de pousarmos? - perguntei sonolenta.
- Nós tentamos, a aeromoça quase brigou comigo porque ela disse que você tinha que estar acordada...Duda ficou com pena, eu chamei, mas mesmo assim você não acordou, até agora - riu - Tadinho do meu bebê, se assustou. - acariciou Pedro.
- Já vamos desembarcar, shh shhh - o acalentei e logo o choro cessou.
Antes de chegar ao portão de desembarque, já consegui ver balões exagerados e ouvir os gritos da minha mãe, que aumentaram ao nos ver cruzar o corredor.
- Ai que saudade, meu amor - ela veio até mim, mas abraçou e pegou Pedro no colo, instantaneamente, me ignorando quase que por completo.
- Oi papai - o abracei apertado, nem precisávamos dizer nada - Ainda ama sua filha? - falei rindo e pisquei pra ele.
- Você sempre será minha princesinha, Annie... - acariciou minhas bochechas e minha mãe nos deu a língua.
Poncho e meu pai seguiram até o local onde pegariam as malas, e mamãe, Duda e eu fomos pro carro com Pedro.
- Vou aproveitar que o Poncho não está pra dizer logo...Manuel não parou de ligar nos últimos dias.
- E o que ele diz? - antes dela poder me responder, eles chegaram e o assunto cessou.
- Amor, quer passar em algum restaurante?
- Vamos pra casa, Poncho? Pedimos algo lá e - antes que eu pudesse terminar, dona Marichelo me cortou:
- Claro que não, eu preparo algo pra vocês comerem...Faço questão!
- Então tudo bem mãe, vamos indo?
Pegamos a estrada, Duda vira quieta desde então.
- Está tudo bem, Duda?
- Sim, só estou cansada...
- Tudo bem, quando chegarmos pode descansar no teu quarto, e tirar essa semana de folga.
- Só preciso dormir um pouco, senhora. A folga não é necessária...
- Em casa conversamos, então?! - percebi que ela não queria ser perturbada - Mãe, como estão as coisas lá? Despachei móveis e tudo mais...uma bagunça total? - rimos.
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Destinados
FanfictionViolento mesmo é o amor, o resto só tem cara de mal. Você acha que o destino trabalha como? Vendado? Não, o destino sabe o que faz, ele não trabalha sozinho, é ele quem dá as cartas nesse jogo, que chamamos de vida. Já ouviu falar do desejo? Ah, ess...