UM DIA QUE ERA PARA SER COMUM

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Sexta-feira. Dia 13 de janeiro de 2020. Tudo parece correr bem. Hoje é um dia que deveria ser importante para mim se não fosse o ataque. Na verdade, eu quase cheguei perto. Fiquei a ponto de receber o certificado e tudo, quando um zumbi nojento. Aliás, um não, vários zumbis nojentos invadiram o teatro da faculdade para comer todas aquelas pessoas sem cérebros.

Okay, vamos voltar a fita.

Acordei 06:00. Levanto na mesma hora. Eu não sei qual é a lógica das pessoas que colocam o despertador para despertar e desligam. Parece que elas gostam de perder a hora. Mas eu não, eu sou pontual até demais. Marquei de encontrar com o Caio na padaria da esquina às 08:30 para tomarmos café juntos.
O Caio é o meu melhor amigo. Estudamos juntos desde o colegial. Ele sempre foi nerd e se escondia de tudo e de todos. Até que um dia isso mudou. Caio cansou da vidinha pacata dele e resolveu mudar. Começou a fazer academia e se cuidar mais. Todos os feriados ele estava na praia. Isso fez com que ele ficasse um pouco moreno. Depois ele se incentivou ainda mais e quis fazer faculdade de educação física. Fez os primeiros seis meses e enjoou. O negócio dele era mesmo medicina.
Eu sempre fui apaixonada por Caio. Desde o colegial. Eu gostava daquele garoto nerd que ficava se escondendo de tudo. Ele achava que as pessoas eram como zumbis, totalmente sem cérebro. Depois que o pai de Caio virou militar ele começou a pensar diferente mas nunca deixou de lado a paixão por coisas que não existem: zumbis. Pelo menos não existia, até hoje.

Estava tudo indo conforme o combinado para dar certo, mas se não fosse um pequeno descuido dos cientistas nada disso teria acontecido. Você já se imaginou sem o celular? Tenta sair por pelo menos dez minutos e deixe o celular em casa. Vá para a escola sem o celular. Você consegue ? Okay, vamos por outro lado então. Você já se imaginou sem energia elétrica ? É impossível viver sem ela. Precisamos dela para tudo. Agora tente imaginar um mundo a onde não existe energia e nem celular.
Eu nunca imaginei na minha vida que aqueles pães de queijo com chá seriam a minha última refeição em paz.

Faltando dez minutos para 08:30 eu fui para a padaria que ficava na esquina de casa. Quando cheguei esperei mais um pouco e o Caio chegou.

Caio - Bom dia!
Ana - Bom dia..
Caio - Falei com o meu pai ontem, ele disse que está do outro lado do mundo mas que vai retornar daqui há três dias.
Ana - Que bom! Enquanto o seu te liga para avisar o meu nem me atende..
Caio - Ele deve estar ocupado..
Ana - Da última vez que eu falei com ele, ele disse que tinha que desligar porque estava em uma reunião..
Caio - Ele vai recompensar isso algum dia, Ana.. Você vai ver..
Ana - Eu espero..

Caio fica olhando pra rua e passa uma loira peituda. Ela fica olhando pro Caio e chama ele. Ele vai até ela.
Depois de alguns minutos ele volta.

Ana - E aí, vai comer ela que horas ?
Caio - Marcamos de nos encontrarmos à noite.
Ana - Conhecia ?
Caio - Ela estudou comigo no colegial.
Ana - E porque ela não te deu mole antes? É engraçado como todo mundo quer "O novo Caio". Aquele Caio nerd e fã de zumbis ninguém queria, né? Agora "O Novo Caio" saradão e que estuda medicina todas querem..
Caio - Para de ser quadrada, Ana..
Ana - Ok.
Caio - E o Henrique? Ficou com ele?
Ana - Sim, passei a noite toda com ele.

Eu tinha ficado com o Henrique mas não rolou nada demais. Eu falei aquilo pro Caio para ver se ele ficaria com raiva ou algo do tipo, mas o coração de pedra dele não se manifestou.

A gente termina o café e fomos para a minha casa. Hoje é o dia que eu me formo em Arquitetura. Caio vai a minha formatura e será o meu acompanhante na festa. Depois de anos eu consegui convencer ele a ser o meu par. Caio estava rodeado de listas de mulheres que queriam ir com ele.

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