8º DIA

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Acordei era. Caio está dormindo do meu lado. Tivemos que dormir no chão porque não tem nada aqui nessa sala. Eu levantei e olhei pela janelinha da porta. Tem dois soldados do lado, de vigia. Caio acorda com meu barulho.

Caio - O que você tá fazendo ?
Ana - Tentando abrir a porta!
Caio - Sai daí, você é doida ? Tem soldados aí e eles podem matar a gente..
Ana - Mas eu estou com fome, quero comer, quero tomar banho..
Caio - Tem que ter calma, vamos dar um jeito de sair daqui..
Ana - Ta bom.. Eles revistaram os meus bolsos. Eles pegaram as coisas maiores, como o rádio, as velas, os esqueiros.. Mas ficou os grampos, uma mini chave de fenda e um lencinho..
Caio - No meu bolso restou um canivete que fica no último bolso, perto da canela..
Ana - eu não me lembro de ter dormido.
Caio - Eles sedaram agente. Deve ser umas 15:30 agora..
Ana - Temos que dar um jeito de sair daqui..

No canto da sala tinha um buraco na parede. Mas o buraco era para baixo. Dava pra esconder alguma coisa ali.

Ana - Caio, vamos colocar as coisas aqui. Talvez eles voltem para. Os revistar novamente...
Caio - Ta bom, mas aqui tem câmera então tem que tomar cuidado.

Eu e o Caio fingimos uma discussão. Fomos discutindo até perto da parede. Eu coloquei a mão no bolso e fiquei com as coisas enroladas no lencinho. Coloquei o canivete do Caio no meio. Ele ficou na frente da câmera gritando comigo enquanto eu guardava as coisas. Depois Caio falou baixinho enquanto voltávamos para o canto.

Caio - Acho que já sei um jeito da gente fugir. Vamos continuar brigando aí eles vão colocar a gente em selas diferentes. Assim podemos seduzir quem entrar.
Ana - Você vai receber visitas da peituda, tenho certeza..
Caio - E você do Marcelo..
Ana - Mas eu não vou fazer nada com ele, nada!
Caio - Ok, vamos continuar brigando então. Mas a minha vontade era de fazer outra coisa.

Antes que eu respondesse ele começou a gritar comigo. A gente estava discutindo sobre como viemos parar aqui. Ele estava jogando a culpa em mim e eu nele. Os guardas estavam observando pela janelinha da porta. Até que o Marcelo entra na sala. Eu e o Caio continuamos discutindo.

Marcelo - Parem os dois ! Se vocês acham que vão ficar discutindo para mim separar vocês, estão muito enganados! Eu só quero lhes lembrar que aqui tem câmeras e eu ouço tudo o que vocês falam  !

A gente ficou calado. A Jaqueline entrou com uma bandeija. Tinha dois pratos de comida. Parecia macarrão.

Jaqueline - A janta de vocês.

Ela jogou perto da gente e saiu atrás do Marcelo. Por pouco a comida não caiu no chão. Ela trancou a porta.

Caio - Vamos comer..

Caio colocou as mãos por debaixo das pernas para a câmera não ver e começou a falar em libras comigo. Ele estava dizendo para sempre falar com ele por libras. A gente começou a comer.

Foi assim durante uma semana.
Todos os dias o Marcelo ia ver a gente e revistar, mesmo sabendo que a gente não sai daqui. A Jaqueline chamou o Caio ontem na sala dela. Quando ele voltou, ele disse que ela queria que ele se juntasse a eles. É uma descarada mesmo, aff. A gente não saia da sala pra nada e não tinha nem como escapar. Durante a semana eu e Caio começamos a observar o jeito do pessoal. O horário de comer, o horário de dormir.. A gente estava planejando uma rota de fuga.
Todos os dias o café da manhã era às 07:30. O almoço era 12:30. O café da tarde era 15:30 e a janta 19:30. Nós iríamos fugir de madrugada. Só ficavam dois guardas na porta. O horário da troca de gurdas era às 03:15.
Esperamos dar 03:15 e pegamos o canivete e abrimos a porta. Demora uns cinco minutos pros outros guardas virem. A gente desceu de mansinho e fomos pro estacionamento. Entramos no carro do exército e deixamos os vidros fechados. Caio parou no portão e o guarda abriu pra ele. Ele deve ter pensado que era um soldado qualquer. Estava tudo correndo bem para dar certo. Até que o alarme do local foi disparado e os guardas vieram atrás da gente. Começo o tiroteio. O portão é automático, faltava pouco para abrir total. Até que eu senti uma coisa queimando em mim. Caio olhou pra mim. 

Caio - Ana, você levou um tiro! Caralho!

Eu sinto minha vista escurecer. Eu vi o Caio acelerando o carro e depois não lembro de mais nada.

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