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Sinto meu celular vibrar no bolso traseiro da calça, levanto um pouco o quadril e o pego, o nome da minha mãe aparece na tela, junto com uma foto dela tirada por mim enquanto ela dirigia, seus óculos escuro segurando seu cabelo longe do rosto.- Oi mãe.
"Katherine? Meu Deus! Onde você está?". Aperto o nariz na altura dos olhos.
- Desculpa. Estou em Hollywood...
"Venha já para casa. Está ficando tarde, e você sabe como Los Angeles pode ser depois das onze."
- Tudo bem, já estou indo. – digo e desligo o telefone.
Leonardo está de pé na frente do meu carro de costas para mim apreciando a vista, suas mãos descansam dentro dos bolsos de sua calça preta, ele já tinha se livrado do cigarro sem que eu tenha percebido. O que me fez pensar que talvez ele só fumasse por diversão, e não era um viciado em nicotina, já que minha mãe fumava seu cigarro até o fim e ele não ficou nem cinco minutos com o seu aceso. Não posso evitar reparar nas suas costas sob a blusa branca, por algum motivo, as costas eram a parte do corpo masculino que mais chamavam minha atenção, junto com as mãos. Ele não era magro, mas também não era gordo nem muito musculoso. Reparando bem nele, vejo que ele é muito atraente, seu cabelo é de um loiro escuro que combina perfeitamente com sua pele californiana levemente bronzeada. Ele é muito alto, alto o suficiente para me fazer olhar para cima para encará-lo, e seus olhos azuis são da cor do mar, mas parecem estar no limite entre o azul e o verde. Essas são conclusões que tirei enquanto ele ainda estava sentado do meu lado, agora só o observo de costas balançando para frente e para trás com as mãos nos bolsos. Desperto de meus pensamentos quando ele se vira para mim, pigarreio constrangida.
- Está tudo bem? – ele pergunta e sei que minhas bochechas coram no ato.
- S-sim. – Passo a mão pelos cabelos colocando uma mecha atrás da orelha. – Mas tenho que ir embora, não avisei minha mãe que viria para cá, e ela está preocupada comigo agora.
- Ah, tudo bem. – ele continua parado, mas com um movimento inesperado ele balança um pouco a cabeça afastando alguns fios de seu cabelo do seu rosto.
- Foi um prazer te conhecer. – digo e abro a porta do carro, ele acena com a cabeça.
- Igualmente.
Giro a chave na ignição e o carro treme, tento mais uma vez e a mesma coisa acontece, tento mais algumas vezes e sinto que se girar a chave mais uma única vez o carro vai explodir.
Merda! Dou um tapa no volante e percebo que Leonardo caminha em direção ao seu carro estacionado uma vaga depois do meu. Só tinha uma coisa que eu podia fazer, eu não queria, mas se eu não fizesse ficaria presa ali no meio do nada a noite toda, já que meu carro estava no conserto e minha mãe não teria como me buscar aqui, meu pai já devia estar embarcando em seu voo para Nova York essas horas, todos meus amigos estão em seus respectivos campus, Frank não é uma opção, e pegar um táxi essa hora pode ser perigoso e acho não ter dinheiro suficiente para pagar um.
- Leonardo! – chamo por ele com a cabeça para fora da janela, ele para de caminhar e se vira.
- Sim?
Abro a porta e desço do carro, antes pego minha bolsa e me certifico que meu celular está no meu bolso.
- O meu carro não está funcionando. – aponto para o carro por cima do ombro, ele olha para o carro e depois para mim. – Eu sei que é muito esquisito, mas... Será que você poderia me dar uma carona para casa? – encolho os ombros, minhas bochechas estavam queimando e meu estomâgo gelado.
- Como você sabe que eu não sou um assassino? – ele diz com um sorriso sincero no rosto, mas sei que por dentro ele me chamava de idiota por pedir carona à estranhos.
- Não sei. Você parece legal? – Dou de ombros.
- Se foi uma pergunta, posso dizer que sim. Sou bem legal. – Ele dá um pequeno sorriso.– Para onde você quer que eu te leve? – ele cruza os braços.
- Beverly Hills.
- Tudo bem, pode entrar. – ele caminha até seu carro e entra, hesito por um segundo e passo uma oração rapidamente pela cabeça quando os faróis dele me iluminam, acabo cedendo por falta de opções e entro no seu carro.
O carro de Leonardo era um Audi Q5 preto, o único motivo pelo qual eu sabia o nome do carro era porque meu pai costumava ter um desse, antes de se divorciar da minha mãe e deixar o carro para ela, mas ela destruiu ele em um acidente de carro, lembrar desse período da vida da minha mãe manda um calafrio pelo meu corpo, balanço a cabeça para mandar esses pensamentos embora, trazendo de volta o medo de estar no carro de um garoto desconhecido.
- Sabe, meus pais também moram em Beverly Hills. – Leonardo diz e sai do estacionamento, me dou conta que ficarei vinte minutos no carro com ele.
- É? E você não? – pergunto, mais curiosa do que queria.
- Não! – ele gargalha como se o "não" fosse uma resposta muito óbvia, ele desvia os olhos da estrada por um segundo para olhar para mim, ele nota minha expressão confusa. – Sabe, a primeira coisa que eu fiz assim que completei dezoito anos foi sair de casa.
- Por quê?
- Você sempre pega carona com estranhos e fica perguntando sobre a vida deles? – por mais que pareça uma pergunta séria, ele está sorrindo.
- Desculpa. – digo
- Está tudo bem. Eu só queria sair de casa. – ele diz sério.
- Onde você mora agora? – pergunto e ele me olha pelo canto do olho.
- Santa Monica.
- Sozinho?
- Não, infelizmente. – ele liga a seta para fazer uma curva. – Meu irmão mora comigo, desde que ele começou a faculdade na UCLA.
UCLA?
- Você também estuda lá? – as palavras saem da minha boca sem filtro, ele confirma com a cabeça.
Eu queria entrar na UCLA desde que sou criança, por ser a faculdade em que meu pai se formou e que minha mãe foi aceita mas nunca chegou à cursar. Infelizmente estava sendo bem difícil, as minhas notas do Ensino Médio eram boas, mas a universidade clama que para ser aceito é necessário mais que um boletim impecável.
- Então você já tem mais que dezoito? – pergunto, não consigo evitar.
- Vinte.
- Faço dezenove em alguns dias. – comento.
- Feliz aniversário.
Mantenho minha cabeça encostada na janela até chegarmos à minha casa, às vezes ele quebrava o silêncio assoviando as notas da música junto com o rádio que tocava baixo no carro. Antes mesmo que eu perceba os vinte minutos já se passaram e Leonardo estaciona na frente da minha casa depois que eu lhe dou as direções.
- Muito obrigada! Sério mesmo. Foi muito gentil da sua parte. – digo enquanto arrumo minha bolsa no ombro, ele acena com a cabeça e sorri.
Abro a porta e saio do carro, já estou entrando no meu jardim quando ouço ele me chamar de novo.
- Katherine!
Me viro rapidamente e volto alguns passos para que ele possa falar comigo sem ter que gritar, me abaixo na janela do passageiro para vê-lo.
- Oi.
- Amanhã eu e alguns amigos vamos dar uma festa no meu apartamento. – ele faz uma pausa e coça a nuca. – Se você quiser ir, você está convidada.
- Ah, obrigada.
- Boa noite, Katherine. – ele coloca as mãos no volante e eu me distancio da janela.
- Boa noite.
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Magnets ➳ Leonardo Dicaprio
RomanceJa ouvi histórias sobre o bem e o mal, o que é certo e o que é errado, o bonito e o feio. Sempre pensei que eles fossem opostos, no caso de pessoas, uma é boa, e outra nem tanto. Mas quando o conheci, vi que todos estavam errados, os opostos não são...