Capítulo 15

13 2 1
                                    

O filho do rei chegaria hoje, o castelo estava eufórico, pessoas passando de um lado para o outro, arrumando tudo para a tal cerimônia, cada detalhe precisava ser ajeitado. A rainha havia comandado tudo pessoalmente. Nada passava despercebido pelo seu senso de perfeccionismo. Mesas enormes, vasos floridos, cortinas limpas, castiçais acesos, lustres magníficos e até os serviçais estavam com uniformes novos.
Passo pelo turbilhão e vou para meu escritório que fica próximo ao meu quarto, é lá que estou ultimamente analisando mais algumas papeladas e finalizando a tradução de alguns pergaminhos. - Bem que eles já poderiam, com toda essa riqueza e inteligente, ter passado esses textos para aparelhos eletrônicos. Seria muito mais pratico. Se bem que creio que não inventaram aqui algo que pareça-se com um computador. Que pena. - Após algum tempo, ouço a enorme porta abrindo-se. É Dory.
- Gnaht! Pelo rei Ryan. Você ainda está vestida assim ?
- Gnan, o que ?
- Nada, venha. Trouxe sua roupa está lindíssima não vejo a hora de prova-lo. Já tomou banho, certo ?
- Ah já sim, antes do café da manhã.
- Ah ótimo, irei vesti-lá.
- Não preciso que você me vista!
- Por que não? Sou sua ama!
- Não se preocupe. Eu sei me vestir! Só me dê alguns minutos. - Olho para ela na esperança que intenda, que me refiro em ficar sozinha. Porém ela não se move, só continua a piscar seu grandes olhos. Repito : - Só me dê alguns minutos.
- Fique a vontade princesa, estou lhe dando.
- Um pouco de privacidade seria legal.
- Ah sair ?!
- Sim!
- Não.
- Ham?
- Não recebi ordens para deixa lá. Infelizmente terei que continuar aqui.
- Sendo assim olhe para lá.
-Apresse- se. Vá.
Retiro a capa de couro que cobre o vestido e estendendo-o por cima de minha cabeça. Começo a analisa-lo. É extremamente pesado e em um tom rosé claro. Possui uma pequeno decote na vertical que vai até a cintura e é amarrado nas costas todo em pedrarias. Há uma faixa na cintura encravada de pérolas azuis e uma enorme saia que provavelmente encobrirá meus pés. Repenso na ideia de Dory e a peço para ajudar. Após vários minutos de apertos e puxões acabo finalmente entrando no vestido.
Dory me traz um espelho e me encanto com a imagem com que encontro. Não parece a em nada com a Alanna com que conheço. O vestido é perfeito apresenta relativamente um grande conforto, a não ser pela exposição de alguns centímetros de busto a mostra em que eu não estou acostumada, mas a não ser por essa variável estou me sentindo um verdadeira realeza.
Dory dá pulinhos de felicidade ao ver minha expressão e corre para se trocar. Saímos pelos corredores do castelo e seguimos até o jardim da muralha. Lá encontramos alguns cavaleiros do rei que nos ajuda a montarmos e seguimos a tropa real pelo percurso além do castelo.
A população que vive na nuvem um pouco a baixo, abrindo passagem para nossa chegada. Somos recepcionados com gritos e vibrações festivas. Dory me cutuca e me incentiva a parar de observar a população e começar a sorrir e a acenar. - Sei que é importante essa ação, mas que papelzinho besta estou passando. Acenando como uma princesa bem clichê.
- Sorria princesa. Sorria !
Acabo sorrindo e continuando a caminhada.
**
Conseguimos chegar no Porto à espera do príncipe. Uma espera que já durava mais de uma hora. Até que com um sinal um lenço branco surgiu, acionando as clarinetas a serem tocadas.
Um grande navio ancorou, acarretando o movimento de milhares de guardas que ficaram a postos. Eis que o principe saiu da navio e veio ao encontro de sua mãe.
- Yago meu querido, quantas saudades meu peito teve que aguentar por sua ausência. - disse a rainha.
- Igualmente minha mãe. Porém sabes muito mais do que eu, que negócios são negócios.
- Meu filho, está senhorita é a princesa Alanna a que tanto lhe falei. Alanna, a criadora dos Reinos e salvadora do caos. - falou o rei Ryan.
- Prazer senhorita. Admito que esperei mais de você. Você é bastante nova para o nome que carrega. - falou o príncipe após estender sua mão. - Permita- me que a ajude a descer para que possamos caminhar pelo trajeto de nossa volta.
Não gostei desse cara. Até parece que é o dono do mundo todo. Creio que um pouquinho mais de humildade faria bem para ele.
- Não obrigada, sei descer perfeitamente só. - Digo com o sorriso mais sínico que consigo dar.
Por todo o trajeto o príncipe relatou uma conversa sem fim sobre seus feitos e aventuras vivenciadas pelos reinos que andou, pelas batalhas que comandou. Contando tudo que seu grandioso poder e habilidade foi capaz de lhe oferecer. Esse cara me enoja, sério! Começo a distrair meu ponto de vista e observo uma menino aos prantos no quanto inferior da esquerda, todo sujo e com os pés calejados. Vou até ele é lhe ofereço carinho.
- Você tem nome meu anjo? Não precisa ter medo.- falo.
- Tenho sim minha princesa. Me chamo Karl. - diz ao reverenciar-se e começar a enxugar os prantos.
- E por que choras pequenino? Está com fome?
- Princesa você não pode se afastar das tropas, venha volte! Princesa venha aqui!- grita Yago.
- Calma Yago, já estou indo. - grito. -Sim me diga está com fome ?
- Quero apenas um abraço, Alanna.
Ao o abraçar o menino puxa-me para a multidão e saca uma adaga do seu bolso que risca meu rosto.
A partir daí ocorre uma confusão de gritos, vários cavalos relincham, espadas são expostas, várias pessoas correndo. Sinto meu sangue fervilhando, passo a mão no rosto e ele está ensanguentado. Começo a ficar um pouco tonta. Corro. Não consigo ver mais aquele menino, muito menos Yago. Há estrondos para todo lado, ouço madeiras quebrando-se, uma labareda começa a subir pelas tendas.
Arfo. Não sei onde posso encontrar saída. Vejo o menino novamente. Ele aproxima-se de mim. Seu olhos estão vermelhos, seu cabelo não possui mais a cor acinzentada está em plena chamas. Sua boca está ensanguentado de sangue. Vejo varias pessoas arrancando pedaços de pele do povo do ar pela boca. O sangue respinga em seus rostos. A criança sorri pra mim e lança fogo na minha perna.
- Aghrrrrrr!! Minha perna! Socorro !! Seu demônio miserável. - começo a chorar e gritar o mais alto que consigo.
Ele solta uma gargalhada.
- Vou adorar lhe matar!
Seu olhos reviram de lugar ao serem embranquecidos e desmaio.

Alanna ⭐️Onde histórias criam vida. Descubra agora