Capítulo 17

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Toda a gente que convivia comigo conhecia o meu mau feitio e má disposição matinal. Porém existiam pessoas que gostavam de me testar porque a) não gostavam de mim e queriam rir-se às minhas custas, b) a falta de neurónios nos seus cérebros impedia-as de serem racionais ou c) eram sado-masoquistas. Na minha mais sincera opinião Kyle era uma mistura de todas essas opções sendo assim, como vocês já devem ter reparado, a criatura mais irritante à face da Terra.

Estava a caminho da escola, ainda a cerca de 20 metros de minha casa, a ouvir música para ignorar o facto de odiar profundamente a minha vida, quando tropecei em algo e, graças a Satanás, não tive um encontro súbito com o chão. Ouvi um riso familiar e questionei a mim mesma o porquê de ele não ter sido assassinado durante a noite já que isso era tão benéfico para a evolução da sociedade. Fixei-o com um olhar matador enquanto ele continuava a rir-se até que decidi que o melhor mesmo era ignorá-lo e continuar a caminhar.

- Kira, espera! Não me odeies.

- Tarde de mais - respondi sem olhar para ele, mostrando o meu desinteresse total pela sua pessoa.

- Não me digas isso, o teu amor é-me essencial. Sem ti não consigo viver. Tu és o ar que respiro - dramatizou e eu revirei os olhos, embora ele não estivesse a ver, tentando não rir das suas figuras completamente rídiculas - EU AMO-TE, KIRA! - ele berrou e eu virei-me para trás dando-lhe um pontapé na perna para ele se calar com aquelas declarações falsas em plena rua. Até a minha viagem para a escola, que deveria ser o mais tranquila possível, aquele atrasado dos cornos me estragava.

- KIRA, SUA CABRA! - gritou - Tens de parar de ser tão...

- Impulsiva? Tempestuosa? - imterrompi-o dando-lhe variados adjetivos para me descrever mas óbviamente ele tinha de optar por ofender a herdeira ao trono do Olimpo.

- Eu ia dizer mentalmente desequilibrada e totalmente irracional - respondeu passando a mão no local onde fora antigido anteriormente por mim e a uma das minhas Doc Martens já perto da reforma devido ao excessivo uso que lhe dava.

- Como ousas ofender-me de tal maneira? - interroguei embora aquilo não me tivesse magoado de todo porque se não me importaria sequer com a opinião da Afrodite, deusa do amor, beleza e sexo e filha de Zeus, o Deus dos deuses, porque haveria de me importar com a opinião de um idiota qualquer de Bristol? - Sou a mais recente obra de Satanás.

- Satanás tem mau gosto - disse sorrindo maliciosamente e eu agitei o meu dedo do meio mesmo na cara do rafeiro mas pouco me importei pois ele ia sofrer as consequências de ter falado mal do meu criador e instrutor após a sua triste morte.

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A viagem pareceu demorar mais do que realmente demorou pois Kyle não parava de falar de coisas que nem a um brócolo interessava porém não o tentei matar em nenhuma ocasião daquela longa caminhada, nem mesmo quando ele começou a ladrar para um cão cuja dona, com cerca de 60 anos, ameaçou chamar um padre para este fazer um exorcismo a Kyle porque, segundo ela, o meu vizinho estava possuído pelo diabo. Sabia lá, a inocente, que o diabo em forma de pessoa estava mesmo ao lado do otário que acha que se ladrar para os cães da vizinhança consegue comunicar com eles, pelo que é evidente que o pobre rapazinho não batia bem da cabeça.

A primeira aula do dia era matemática, o que me relembrou do incidente do meu primeiro dia de aulas, na semana anterior. Para não faltar à tradição, o professor vinha com as roupas todas engelhadas e eu questionei-me se ele teria dormido com elas. O desmiolado não parava de me questionar como se faziam os exercícios o que me deu vontade de lhe espetar duas chapadas na sua cara de rafeiro por não parar de me chatear.

- Não sei - disse pela milésima vez já sem paciência segurando-me para não lhe dar com o livro na cara repetidamente na esperança que este ficasse inconsciente nem que fosse por uns minutos.

- Se não sabes como é que fizeste? - perguntou irónico e eu revirei os olhos pronta para o ignorar mas aparentemente ele estava desesperado pela minha atenção e conhecimentos matemáticos (coisa que não tenho).

- Parece que aqueles dois meninos querem ir para a rua outra vez - disse o professor tentando dar-se ao respeito mas obviamente os seus óculos tortos e a sua aparência desleixada não o permitiam.

- Era melhor do que estar aqui - sussurrei de maneira a só quem estava a um raio de 50 centímetros de mim pudesse ouvir.

- O que é que disse, menina Kira?

- Ela disse que seria uma pena perder a sua aula - esclareceu Kyle embora tenha distorcido ligeiramente as minhas palavras e quando o stor desviou o olhar para o quadro branco, recebi uma cotovelada do meu simpático colega de carteira que parecia querer falecer muito antes de atingir a idade média de vida.

- Vocês já se assumiram? - perguntou, com o seu sorriso malicioso habitual, Evan. Fiquei atentada a mandá-lo para o caralho, devo dizer, porém não o fiz pois não queria ser repreendida pelo meu caro professor novamente. Portanto só entrei no meu modo mais habitual: modo do reviramento ocular - Oh vá lá, Kira, não fiques ofendida, estou só a meter-me contigo.

- Dispenso - retorqui o mais desinteressada possível mas o rapaz não parecia querer saber do meu desprezo e continuava virado para trás.

- Se não fosses tão mázinha, era capaz de te dar uma oportunidade.

- E quem disse que eu queria uma oportunidade? - questionei tentando não rir-me da estupidez que saía da boca do rapazinho que era tão convencido que achava que uma diva como eu queria qualquer tipo de contacto com ele.

- Todas querem - disse como se fosse óbvio ou verdade, pelo menos, coisa que duvidava que fosse por motivos óbvios a começar pela sua cabeça oca.

- Bem, talvez as raparigas humanas mas uma deusa do Olimpo não se contenta com qualquer atrasado que para aí ande.

- Achas-te demasiado boa, tu - retorquiu indignado com a minha resposta fazendo-me rir com toda aquela ironia. Soltei como um suspiro um "Mas eu sou boa" e o rapaz desistiu de me chatear finalmente.

Quando tocou para a saída, decidi ir à casa de banho mas o destino tinha outros planos para me estragar (ainda mais) o dia.

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Sei que não publico há imenso tempo mas não tenho tido motivação nenhuma para escrever, ou para fazer algo que exija que eu saia da cama. Mas não é necessário preocuparem-se que na época dos teste as ideias vão saltar para o papel (ou computador) como canhões, porque a minha cabeça está programada a só me dar ideias viáveis nas alturas mais inoportunas. Mas está tranquilo, está favorável.

Espero que estejam a gostar e que ainda não tenham desistido de acompanhar as aventuras destes dois, mas a pergunta agora é: O que é que o destino tido reservado para a Kira? Estão preste a descobrir, é só continuar a seguir a história!

Beijinhos, Mariana

KiraOnde histórias criam vida. Descubra agora