Engaiolados e Submissos

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P.O.V Jessa

Acordo numa gaiola, sinto o gosto de ferrugem, tiro a testa da barra, e levanto, observando o perímetro e as pessoas ao meu redor presas em outras gaiolas, algumas eu reconheço dei a elas o frasco com meu sangue. Coloco a mão em minha testa e sinto o sangue quente, um dos homens enjaulados ao meu lado me observa.

-Oi, por favor, me ajude a sair daqui, eu tenho uma filha, ela está contando comigo - grito para o homem enquanto seguro as barras com força, mas ele apenas me observa, ouço uma voz atrás de mim, e viro-me.

-Cortaram a língua dele - responde um jovem loiro.

-Quem é você? - pergunto.

-Meu nome é Klaus, estou aqui a meses, eles mataram minha família - responde o garoto, me cumprimentando com um aperto de mão.

-Eu me chamo Jessa, e preciso sair daqui. Quantos anos você tem Klaus? - pergunto.

-15 - responde o garoto - Não tem como sair daqu...

Antes que ele possa terminar de responder, o chão começa a tremer, deito como forma de segurança, e consigo visualizar a poeira dançar, e em seguida, o teto começa a se abrir, muita areia começa a desabar em cima de nós, cubro meu rosto. Quando tudo acaba, olho para o céu estrelado, e outro barulho ensurdecedor se inicia enquanto o chão começa a subir, em segundos somos encaixados na superfície. E vejo - me numa arena, olofotes nos iluminam e a platéia nas arquibancadas gritam com carne e comida nas mãos. Olho para o garoto loiro ao meu lado, que antes era destemido, agora está assustado.

-Klaus! - grito seu nome, em seguida ele me olha, e vejo o reflexo do fogo em seus olhos - Vou te dar um apoio, você vai ter que alcançar o teto da gaiola, lá em cima as barras tem espaços maiores. Você entendeu?

-Sim, tudo bem - responde ele.

Junto minhas duas mãos, e estico até elas entrarem em sua gaiola, ele apóia um dos pés nela, e dá um impulso, conseguindo alcançar as barras de cima. Nesse exato momento ouço uma sirene, a platéia para de gritar, o lugar fica silencioso, em alguns segundos só ouço o grunhido dos zumbis, e a platéia volta a loucura, de todas as direções zumbis começam a se aproximar, sou arranhada de vários lados, mas continuo sem medo. Um morto vivo alarga o braço para me alcançar e aproveito a chance para arranca - lo dele, muito sangue escorre do braço do zumbi, e começo a passa-lo por todo o meu corpo, mas não é o bastante. Klaus pula da sua gaiola para minha, pego sua mão e consigo sair dela pelas barras de cima.

-Qual seu plano? - pergunta ele em meio a euforia.

-Eu vou correr para a platéia, deve ter uma saída por ali - respondo, apontando para o local.

-Mas e as outras pessoas? - pergunta o garoto.

-Já estão mortas. Eu posso salva-lo, mas não aos outros, consegue entender? - pergunto para ele.

-Não. Eu vou ficar, e ajuda-los - responde o rapaz, em seguida dou alguns tapinhas nas suas costas.

-Tudo bem - respondo, em seguida pulo para fora da gaiola, dando uma cambalhota no chão para amortecer a queda.

Vários guardas começam a correr até mim com armas de choque, dou a volta e corro em direção a platéia, as pessoas estão me vaiando, jogando coisas em mim, desfio de pedras, comida e alguns brinquedos. Quando finalmente consigo chegar, pulo uma enorme grade, enquanto todas as pessoas correm pela porta, entro no meio delas, mas sou facilmente visível, por causa do sangue no meu corpo. Desfio do percurso, pegando um caminho vazio, diminuo o passo e começo a andar mais lentamente. Ouço o barulho da patrulha militar e deito no chão, fingindo - me de morta.

Ouço os passos vindos em minha direção, uma só pessoa, ele chega bem perto de mim, e coloca a arma na minha bochecha, como se quisesse checar se estou morta. Em seguida a arma encosta em minha testa, sinto o dedo do homem à poucos centímetros do gatilho, antes que ele possa atirar, pego o cabo da arma e miro no chão, o tiro atinge o cimento, enquanto meu tímpano é ensurdecido por uma grande explosão, o barulho atinge meu ouvido e começo a ouvir um alto zumbido, mas meu corpo continua em movimento e despenso o sentido do olfato, arranco a arma de suas mãos, e em seguida viro a e atiro no militar. Enquanto ele cai ao meu lado sem vida, continuo zonza e cambaleio com dificuldade, meus ouvidos sangram, e sinto como se estivesse afogando com meu próprio sangue.

Tiro o uniforme do militar, e começo a vesti - lo a visão começa a voltar ao normal e a audição também. E quando me estabilizo, começo a correr pelos corredores camuflada, e com um rifle nas costas, passo por vários corredores vazios, e não ouço nenhuma barulho de passos ou pessoas, então continuo, não sei para onde estou indo mais algo me diz que eu estou me distanciando do meu destino e entrando mais profundamente no subsolo. A medida que o caminho se distancia a parede se estreita, mas ainda ando confortavelmente por ela, cruzo um ultimo corredor, e me deparo com uma porta de aço no fim do caminho, corro até ela e vejo ao seu lado um painel, tiro um crachá do bolso e coloco sobre o painel eletrônico, ele lê código e abre a porta com um rangido.

Uma rachada de vento frio faz com que meu corpo estremeça e meus fios de cabelos sedosos por sangue zumbi se esvoassem, dou um passo firme para dentro da sala, mas paro ao ouvir o meu nome.

-Jessa, não entre - grita uma voz masculina atrás de mim, a reconheço de imediato e viro meu rosto para trás, enquanto mantenho meus pés entre ambos os lugares.

-Tristan, o que tem lá? - pergunto dando mais um passo para dentro do recinto.

-Algo que justifica o motivo pelo qual nossa comunidade é tão temida, algo que me torna um monstro - responde ele num tom desesperador, fazendo sinal de "pare" com as mãos.

Princess Zombies 2Onde histórias criam vida. Descubra agora