Curas inoculadas

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Meu coracao acelera como um cavalo no início da corrida, olho para todos os lados boquiaberta, sombras e grunhidos cercavam a casa, minha mãe estava quase morta, e eu sem precisar olhar para o espelho, para saber que estava destruída.

Meu pai segura o corpo de Jessa, e a leva até o sofá da sala, eu não havia notado, mas ela estava cheia de mordidas, feridas abertas, várias nas costas e nos ombros, outras nos braços, nunca a vi nessa situação, ela sangrava por todo o corpo, com buracos que perfuraram e arrancaram sua pele. Ela fez isso por mim, e então penso em algo ruim, ela fez isso por que sou sua filha ou porque o mundo depende disso? Balanço a cabeça, não posso pensar nessas coisas, minha mãe me ama, e já provou isso várias vezes.

O dia escurece rapidamente, e fico a noite toda observando Jessa, até que Isako senta ao meu lado.

-Oi garotinha - diz ele.

-Oi Isako, ainda me pergunto como você consegue sobreviver sendo tão velho - deixo escapar, ele finge não ouvir e continua.

-Qual o problema? - pergunta o feiticeiro, percebendo a minha inquietação.

-As mordidas, deveriam estar sarando, mas estão apodrecendo - digo olhando o corpo palido e desamparado de minha mae, Isako me olha espantado, e começa a examinar as feridas.

-Pietro, Adam, venham até aqui - grita ele. Adam corre até a sala, vem até mim e beija minha testa, depois sentasse ao lado do corpo pálido de Jessa.

-O que está acontecendo? - pergunta Pietro, em pé ao meu lado.

-As feridas estão apodrecendo - responde Isako.

-É impossível, ela cura! - grita Adam bravo, tão alto que atiça os zumbis - Isso nunca aconteceu. Esta me dissendo que ela está morrendo?

-Eu não sei dizer, Adam - responde Isako compreensivo, fico observando atentamente os movimentos de Adam, ele cerra os punhos, e instintivamente coloco a mão na minha arma. Como um cão selvagem, ele pula sobre Isako, pega em sua gola e o prensa fortemente sobre a parede de madeira, tiro a arma no coldre em fração de segundos e a miro para a cabeça de Adam, os grunhidos aumentam, mas Adam ouve o barulho da minha arma sendo engatilhada a poucos centímetros do seu ouvido.

-Vai atirar em mim? Para quem você está lutando, Jennifer? - pergunta Adam sem tirar os olhos do Isako.

- Eu luta pela Jessa- respondo, ouço o som de uma risada, olho para trás e vejo Pietro, sentado no sofá assistindo toda a cena. Adam afasta - se de Isako, enquanto ele passa por mim, seguro o seu braço.

-Eu sei - digo, enquanto todos me olham - É uma coincidência. Os zumbis estão atrás do vírus como fonte de energia, e talvez estamos no local onde o vírus se propaga. Por isso a hordas de zumbis aqui e não na cidade, que é algo muito incomum. A mordida por zumbis daqui, é mais infecciosa, porque a duas camadas de vírus, o sobrevivente e o antigo, ou seja o evoluído e o não evoluído, esse é o lugar de abastecimento dos zumbis- respondo, deixando todos paralisados. Sorrio internamente, orgulha pelo meu raciocínio, Isako me olha imprecionado, enquanto meu pai e Pietro me olham assustados.

-Faz sentido - diz Isako quebrando o silêncio.

-E onde está a base do vírus? - pergunta Pietro pensativo.

-Eu não faço idéia - respondo.

-Parem de pensar no vírus, Jessa está infectada. O que faremos? - pergunta Adam com os olhos molhados.

-Eu faço a transfusão - digo - Meu sangue é mais forte.

-Não, Jeny. Eu faço - intervém Adam.

-Adam, não! Sua filha tem razão - retruca Isako, se arrependendo logo depois.

-Eu não vou deixar - sussura papai com os olhos lagrimejando.

-Qual o problema? - pergunta Pietro colocando a mão em seu ombro.

-Eu não posso perder as duas! - grita Adam olhando para mim - Eu perdi meus pais, errei com meu irmão. E não quero errar com a família que tenho agora.

-Pai você não irá me perder. Mas irá perder Jessa se não fizer a transfusão de sangue - digo nervosa.

-Se ela morrer e fizermos a transfusão depois, pode causar mudanças, como fez com Pietro - responde Isako.

-Tudo bem - aceita Adam. Corro até minha mala. Jessa colocou em todas as malas um kit médico, e por sorte consegui pegar minha mochila quando o carro parou. Pego o tubo e outros utensílios e volto para sala, dando tudo para meu pai, que me conecta com minha mae, o sangue começa a escorrer do tubo até o corpo de Jessa.

-Agora temos que tomar cuidado com os zumbis, mais do que nunca - avisa Pietro enquanto nos observa.

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