Sobrevoando Mortos - vivos

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Acordo sonolenta, vou até minha mãe e vejo as feridas em seu corpo, já sarando. Subo as escadas lentamente, vou até o quarto mais próximo,  e apróximo - me da janela, observando os milhares zumbis a nossa volta, não à um espaço se quer sem a presença de um morto vivo, suspiro desapontada.

-Todos venham aqui - grita Adam, levo um pequeno susto, e corro escada a baixo, quando chego no último degrau, Adam me abraça. As vezes me esqueço que tenho treze anos, meu modo de pensar e agir, focam na sobrevivência, sou muito mais avançada para alguém da minha idade, sei disso, mas são esses pequenos gestos de afeto, que me fazem sentir falta da infância,  talvez aquela que nunca tive.

-Qualquer barulho que fazemos, atrai mais deles e os deixa mais motivados - sussura papai no meu ouvido. Ele me solta e se volta para todos na sala.

-Tem um jeito de sairmos daqui, mas é arriscado. Tem uma corda, que passa por cima da casa, e sobrevoa as árvores, podemos usar ela para atrair os zumbis para longe, ou para fugir- responde Adam.

-É uma corda velha, usaremos uma jacketa ou um cinto para deslizar nela. Mas, não sabemos se a corda está em bom estado, então irá uma pessoa por vez quando amanhecer - continua Pietro.

-Começaremos pela mais leve, Jennifer, depois irá o Pietro e Isako, mais tarde Jessa e eu - responde Adam.

-Esta dizendo que vamos nos separar? - pergunto.

-Não temos escolha - responde ele sem olhar nos meu olhos.

-Nunca fizemos isso, eu não posso, Jessa não aceitaria - retruco, olhando para Pietro e Isako esperando ajuda.

-Droga, Jennifer! Não me faça ter que escolher entre você e sua mãe! - grita Adam.

"-Porque logicamente você escolheria ela "- penso, mas não sou capaz de dizer tais palavras, apenas abaixo a cabeça e olho para o chão.

12 horas depois
Subimos as escadas, abrimos o sótão, e subimos outra escada que dá até o teto da casa, onde um fio se estende de lá, tiro a jacketa de couro, e passo metade para o outro lado do cabo, segurando cada manga com uma das mãos.

-Antes quero te dar isso- diz Adam colocando algo em minha bolsa - É um radio, se acontecer algo comunique - se comigo em frequência aberta, deixarei o meu ligado, sempre que não estivermos juntos.

-Tudo bem, obrigada - respondo, sem olhar nos seus olhos.

-É o seguinte filha, quando seus pés estiverem perto do chão, pule e escale qualquer árvore que estiver na frente, te esperaremos lá. Quando você sair da corda, Pietro estará indo atrás de você, tudo bem? - pergunta meu pai, mais nervoso do que eu.

-Sim, estou bem - respondo de forma vaga, deixando-o aborrecido, vou até a beira do teto, para ver a horda de zumbis que nos cerca por todo o campo, engulo saliva, vou para trás, dou impulso, corro sobre o telhado e pulo, apertando ainda mais minhas mãos sobre a jacketa.

Começo a sobrevoar por cima dos zumbis, de inicio a sensação é boa, até que a tirolesa começar a se estender ainda mais pela floresta e a velocidade começa a aumentar, mas continua alta, então não consigo pular, até que algo acontece. Ouço um barulho, como se aço batesse em aço, e antes que possa fazer qualquer coisa, sou arrebatada para o chão, meu corpo cai sobre uma enorme poça de lama, fico toda coberta de barro, o fio se rompe ao meio e bate em mim, cortando a parte lateral do meu rosto, fico imóvel por alguns segundos, paralisada, jogada sobre o chão, meu cérebro grita: "Levante-se!Continue!", mas meu corpo diz: "Fique e morra em silêncio", uma centelha de força percorre meu corpo, e sigo meu cérebro.

Tento me mover, mas meu corpo esta paralisado, olho a minha volta, só tem árvores, olho para baixo, e vejo gotas de sangue em minha calça, levanto a mão e coloco em minha tempora, percorro por toda a lateral do rosto, sobre o enorme corte que se formava, abro a boca, tentando gritar, mais logo em seguida a dor de cabeça é vinculada para minha perna, e sei com toda certeza que está quebrada, ouço um chiado, e vejo minha bolsa a alguns metros de mim, rolo pelo chão indo até ela, abro-a e pego o rádio.

-Pai? Pietro? Isako? - pergunto, após um logo chiado, uma voz aparece.

-Filha? O que aconteceu?  Você está bem? Esta segura? - pergunta a voz de Adam.

-A corda se rompeu - respondo.

-Suba no árvore, espere, daremos um jeito de encontra - lá.

-Não posso. Eu quebrei a perna - digo enquanto lágrimas escorrem pelo meu rosto.

-Jennif... - Espero a resposta, mas o sinal desaparece, e não ouço mais nenhuma voz.

-Pai? Paii?? - grito, guardo o rádio dentro da bolsa, tiro minha pistola e coloco no meu coldre. Levanto-me com dificuldade, e com a ajuda de uma só perna, começo a cambaleiar, meu corpo fica estaguinado em pé,  e decido não ir em direção a casa, não em direção a horda, seria como cometer suicídio, olho em volta, as árvores sao finas e compridas, não da para escalar, muito menos com uma perna quebrada, então sigo em direção ao final da tirolesa, movo - me devagar, se encontrasse algum zumbi estaria indefesa, e só tenho uma pistola, mas não usaria, sei que o caminho para onde estou indo me separa ainda mais da minha familia, mas se esse caminho me garantir sobrevivência, então é para lá que eu vou.

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