Mova - se ou eu atiro

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Corro vorazmente, meu coração pula para fora da boca, e meu único desejo é voltar e matar todos, mas não o faço, apenas continuo correndo até chegar na loja de conveniência, com passos pesados e olhos no chão, esbarro em Adam, que estava paralisado em seu lugar lendo um papel, concluo que foi o que Jessa colocou em seu bolso, ele tira os olhos do papel e me encara com os olhos sombrios, em seguida Adam o amassa, e joga o bilhete no chão, ele pega seu rifle e começa a andar em direção a floresta.

-Fica com Isako, não saia daqui até eu voltar- grita ele, entro em seu caminho, mas ele me empurra, tiro a arma do coldre e engatilho em sua direção, fazendo com que ele pare, ao ouvir o barulho do pente de bala.

-Eu não posso perder os dois. Jessa fez sua escolha, mas eu não te darei esse mesmo direito, então fique ou eu atiro - digo, ele me olha com raiva.

- Tem razão, você perdeu mesmo sua humanidade - diz ele, entrando e desaparecendo na floresta. Jogo a arma no chão, em frustração, e observo a floresta na direção em que ele fugiu, meu coração diz para eu correr atrás dele, mas a minha mente pede para que eu ficar, e é o que eu faço, volto correndo para a loja.

Tiro o antídoto do bolso e coloco em uma seringa, em seguida ingeto no corpo de Pietro, Isako só observa, sem dizer nenhuma palavra, quando termino volto para fora e pego o papel agora amassado do chão, abro e desamaço a folha, começo a ler:

"Acho isso irônico, todas as pessoas que perdi, antes mesmo de eu saber que partiriam, me escreveram uma carta, e por isso escrevo uma a você.

Você é meu grande amor Adam, você é meu Sol, e eu sou a Terra, sempre estivemos em eixo, você e eu, sem você eu não sou nada, mas quando o Sol perde a Terra, ele não fica completamente perdido, ele tem planetas vizinhos para quem entregar seus raios solares. Não sou tão boa em astrologia, mas preciso que você entenda, que precisa cuidar de Jeny, como sei que fará, seja o pai que ela precisa e merece.

Quando Pietro acordar, não tente ir atrás de mim, eu te imploro. Se, eu estiver viva, eu irei atrás de voceis.

Isso é um Adeus Adam, e por favor me perdoe, estou dando minha vida por Pietro e sei o quanto isso vale para mim, e para você. Proteja nossa filha, e quando olhar para ela, lembre - se de mim.

Jessabelle"

-Você está bem? - pergunta Isako, me tirando do transe.

-Toda a minha família me deixou, eu sabia que isso iria acontecer, mas não de um dia para o outro, não em segundos. Você entende a gravidade? Não houve remorso, eles simplesmente me deixaram - digo, amassando o papel em minhas mãos.

-Talvez eles nao tivessem escolha - responde Isako desinteressado, rio em resposta.

-Você mais do que ninguém sabe que todos nós temos escolhas, são elas que nos definem, são elas que fazem que nós quem nós somos - digo num tom desesperador, enquanto Isako move a cabeça em negação.

-Você está enganada, esta cegamente enganada. Não sei o quanto seus pais te ensinaram, mas vou te dar uma lição. As escolhas não fazem de você quem você é, Jessa já tomou tantas escolhas ruins, e deixar você é uma delas, mas isso não faz dela uma pessoa ruim. As suas escolhas não passam de meros detalhes, mas o que faz de você algo tão único e pouco medíocre, é o quanto você luta para faze-las possível. Não é branco no preto, não é certo e errado, é lutar ou não lutar - responde Isako um pouco bruto, ele dá um grande suspiro ao acabar de falar.

-Porque está falando isso? Foram palavras bonitas, mas qual foi o sentido? - pergunto desconfiando - me dele que sempre foi um homem que nunca deu a mínima.

-Você é a única pessoa racional Jeny, e é o meu dever que você continue assim, olhe para os seus pais ou para Pietro, o erro deles foi deixar o amor a frente da batalha, não posso deixar que isso aconteça com você.

-Agradeço seu esforço, mas você não estava fazendo nada Isako, você é inútil. Pode ter me salvado dos lobos, mas fora isso o que mais você fez? Nada.  Você faz um exército zumbi, para lutar contra minha mãe, mas não move um dedo para salvar o mundo - digo eufóricamente, mas Isako ri em deboche.

-Você fala de mim, mas olha a situação em que está agora, seu tio favorito está morto por proteger sua mãe, por quem ele é apaixonado. Seu pai queria que ela o deixasse morrer, porque ele sabe dos sentimentos de Pietro. Você ajuda a própria mãe a cometer suicídio e entregar a nossa maior arma para o inimigo, você deixa sua mãe salvar a vida de um morto, do que viver a dela com você, e seu pai corre em devoção atrás da amada. Ninguém se importa com você, Jeny, a única pessoa que realmente teria feito algo diferente, esta morta no chão. E quer saber a verdade, sua mãe nunca quis você, eu a forcei a ter o bebê. Ela te trocaria pelo amor verdadeiro - responde Isako raivoso.

-Você não sabe o que está falando! - acuso, me forçando a não chorar.

-Você é um bebê, Jennifer. Uma criança infeliz que precisa matar para se saciar. Eu sei exatamente como você estará em alguns anos, sozinha, matando zumbis por diversão, louca, sem nada para perder ou amar - olho assustada para o homem a minha frente, pego a pistola e miro nele, não cometerei o mesmo erro de Adam, penso, uma gota de suor escorre pela lateral do meu rosto, e sem remorso aperto o gatilho, acertando três tiros em seu peito.

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