Yes, sir. | h.s

Chapter two

***

"Quando seus olhares se cruzaram, foi uma das raras ocasiões em sua vida em que ficou totalmente sem saber o que falar."

***
Algumas chegaram a confundi-lo com um anjo, outras com o diabo.

A realidade era que todas estavam completamente paralisadas pela presença de tal ser tão perfeito. As discretas haviam suspirado uma vez, outras não paravam um minuto sequer de repetir tal ato.

Olivia estava a ponto de ter um surto, tamanha sua curiosidade. Será que era bonito? As meninas pareciam todas bobas. Quando finalmente os hormônios se acalmaram - ou apenas conseguiram disfarçar melhor - o homem parou de andar.

"Olá. Felizmente, ou infelizmente, sou o novo diretor do orfanato."

Talvez ele fosse realmente o próprio diabo.

***

Finalmente o diretor havia terminado de falar e após uma pequena salva de palmas ele saiu, não antes de notar que uma garota não havia o olhado o discurso todo; não se importou, era só mais um problemática que vivia ali.

Quando o homem saiu, todas as garotas começaram a conversar e dar gritinhos animados, falando o quanto era perfeito e que dariam tudo para se casar com ele.

"Você viu aquele homem, Olivia? Céus, ele é perfeito!"

"Não, a irmã Margaret falou que se eu olhasse ia ficar de castigo." - Anna riu.

"Você é tão boba, Li. Uma olhadinha não mata ninguém, ela nem teria visto."

"Você que pensa. Cobras têm sexto sentido." - As duas começaram a rir e foram para a fila do jantar.

"Ele é tão bonito assim? As meninas não param de comentar."

"É mais, amiga. É maravilhoso, eu beijaria aquela boca o resto dos meus dias!"

"Anna, sua tarada!"

As duas meninas se sentaram depois de pegar uma porção de purê de batata e ervilhas, conversando sobre a nova professora de física e sua verruga que parecia ter vida própria.

Depois o toque de recolher soou e todas foram vestir seus pijamas, indo aos poucos escovar os dentes. O resto das garotas se deitou e apagou a luz de seus abajures mas Olivia se sentou na cama e pegou seu diário, escrevendo algumas coisas rapidamente.

"Não sei, acho que sou meio pé frio nessa vida. Margaret me odeia e nem pude ver o bonitão que chegou, odeio essa cobra! Ela tem cara de porco amassado. Oh céus, de onde tirei isso? Tá, tá, não importa, eu sei. 

Ele falou que é o novo diretor do orfanato e que a partir de hoje as regras serão mais rígidas. Quer dizer, tem como algo ser mais rígido do que temos? Roupas dois dedos abaixo do joelho, cabelos sempre presos, camisetas sem decotes.

Temos horário até para respirar. É tipo "agora você pode respirar...Agora não. Agora pode! AGORA NÃO!"

"O que está fazendo acordada, menina? Apague a luz e vá dormir, você tem que acordar cedo amanhã, minha filha."

"Desculpa, irmã Maria. Já vou."

Colocou o diário de lado, fez sua pequena reza e deitou-se logo em seguida.

"Olá. Felizmente, ou infelizmente, eu sou o novo diretor do orfanato." A voz daquele homem era tão gostosa, poderia ficar ouvindo pelo resto de sua vida. Seu tom rouco e seu sotaque inglês faziam com que tudo ficasse mais bonito. Ou talvez fosse apenas impressão.