Chapter four

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"Se fiz alguma coisa boa em toda a minha vida, dela me arrependo do fundo do coração."

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Era sábado de manhã e o orfanato estava totalmente silencioso. As garotas podiam acordar às 9:30AM e ninguém se atrevia a ser imbecil o suficiente para se levantar mais cedo.

Mas naquele dia, Olivia acordou sem motivo. Se revirou na cama e quando percebeu que não conseguiria voltar a dormir, bufou e pegou o celular, vendo que era 8:45AM.

Estendeu a mão para sua pequena cômoda e pegou ali seu diário, acomodando-se na cama e pegando a caneta.

"Ontem eu também conheci o diretor do orfanato. Quero dizer, em menos de vinte e quatro horas tive que ir a sua sala duas vezes.
Ele é fechado e sabe muito bem falar bonito, daquele tipo de pessoa que fala "vou produzir urina" ao invés de "vou mijar".
Não que eu fale mijar (eu falo), mas é realmente legal vê-lo falar.
Ontem nos encontramos no refeitório e embora ele tenha me mandado jogar o bolinho fora, não guardo raiva. Não há como ter raiva dele, é tão bonito.
O nome dele é Harry, como eu disse ontem e nossa, ele é tão perfeito.
Parece até um anj..."

Sem que percebesse, caiu no sono novamente e só acordou com a gritaria de Margaret.

"Teremos inspeção de roupa e cabelo todos os dias!" - Enquanto a senhora falava a garota cobriu a cabeça, não ouvindo muito bem o que fora dito.

Se levantou contra vontade e pegou um vestido bonito pois veria Matthew. Conhecera o garoto quando tinha doze anos e eram como unha e carne desde então.

Fez uma trança caprichada, lavou o rosto e escovou os dentes, finalmente descendo os lances de escada para o refeitório.

As meninas estavam arrumadas em fila e como sempre, Maria a ajudou achando seu lugar. Não sabia porque estava ali mas lembrava vagamente das palavras "inspeção roupa e cabelo", rezando pra que estivesse tudo certo.

Um curto sorriso apareceu em seu rosto quando viu Harry em pé, totalmente reto e com um semblante calmo, porém com aparência cansada. Arregalou extremamente os olhos quando viu o roxo que rodeava seu olho e o pequeno machucado em sua bochecha que contrastava com um lábio partido.

Sentiu vontade de cuidar dele e passar algum remédio para que aquilo sumisse de seu rosto. Desejava saber o que havia acontecido.

Harry não ligou para os olhares assustados das garotas em seus machucados. Aquele olho estava doendo demais para dar atenção a qualquer outra coisa.

Começou a andar por entre a fila, balançando a cabeça afirmativamente para elas, mas parou em uma.

"Para minha sala. Agora."

Droga. Droga. Droga. Como não se lembrara que aquele vestido estava dois dedos acima do joelho?

Suas pernas começaram a tremer e quase viraram gelatina, fazendo-a questionar-se como tinha chegado até a sala do diretor sem tropeçar ou cair. Se sentou na cadeira do dia anterior e ficou brincando com os dedos, até ouvir a porta ser aberta e fechada com um pouco de força o que a fez fechar os olhos.

"Sen..."

"Primeiramente, eu sou o primeiro a falar aqui."

"Desculpe, senhor."

"O que diabos há em sua cabeça? Não basta as duas brigas de ontem, ainda desobedece mais uma regra imposta?"

"Eu juro que não havia visto, senhor! Eu amo este vestido e acho que cresci um pouco, pois ele era um pouco abaixo de meu joelho. Por favor, não me deixe de castigo, nunca mais vou sair antes de conferir onde está batendo minha roupa, por favor."

Yes, sir. | h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora