Chapter twenty one

6.9K 496 978
                                    

Quando aquelas palavras foram proferidas foi como se tivesse levado uma bofetada na cara. Seus olhos se fixaram naquela mulher, que possuía a mesma cor dos seus e seu coração se apertou de uma forma nunca sentida antes.

Sentiu o bile subir a garganta e apenas queria sair correndo uma criança assustada. Como uma criança abandonada.

Uma enxurrada de lembranças chegaram a sua mente.

***
Flashback on.

Depois de gritar até perder as forças chamando por seu pai e mãe, percebeu que fora deixado ali. Harry era uma criança muito esperta, captava as coisas numa fração de segundos.

Apenas demorara para perceber aquilo porque não queria acreditar que seus pais haviam ido embora no dia de seu aniversário.

Apesar de odiar chorar, as lágrimas vieram à tona com toda a força, fazendo-o até se engasgar com o choro, andando sem rumo para qualquer lugar que pudesse servir de abrigo.

Caiu algumas vezes, machucando seus joelhos e chorando ainda mais, apenas querendo o conforto de sua casa e o abraço acolhedor de sua mãe.

Quando achou um lugar escondido e pequeno, se enfiou ali, com frio e molhado, por conta da chuva que começara a cair em Londres. Limpou o nariz com a barra da camiseta e passou as pequenas mãos nos olhos, tirando as lágrimas de lá.

Ficaria tudo bem, era o que ele acreditava.

Depois de dois dias, seu estômago doía demais e sua garganta implorava por água limpa, já que o garoto bebia da poça que havia se formado perto de seu esconderijo. Resolveu sair de seu canto, cambaleando e se sentindo tonto, parecia que ia desmaiar.

Estava dois dias sem comer, ele só tinha seis anos!

Foi até um farol, onde um grande carro estava parado, fazendo-o perceber que aquela pessoa era rica. Bateu na porta insistentemente até uma pessoa abri-la.

Quando o homem colocou a cabeça para fora, Harry sorriu ao ver seus olhos bondosos.

"Tio, eu estou com fome." - Choramingou, lembrando do fato e sentindo o estômago doer.

"Vá para a calçada, garotinho, eu vou parar meu carro bem ali e então conversamos. Que tal?" - O menino assentiu, correndo com as poucas forças para a calçada, não demorando muito para que aquele homem de terno chegasse perto dele e se abaixasse para vê-lo melhor.

"Oi, garoto. Meu nome é Robin Styles, e o seu?"

"Edward. Edward Palmer. Mamãe me ensinou quando eu era menor."

"E cadê sua mãe?"

"Ela me deixou. Me deixou num parque sozinho, fugiu junto com meu pai. Eu os odeio!" - Aqueles dois dias foram suficiente para que o pior dos sentimentos se infiltrasse no coração daquela pura criança.

"Não, não pode odiar. Não importa o que eles fizeram, não pode odiar a ninguém, tudo bem?" - O garoto assentiu.

"Você parece cansado e com fome."

"E estou. Tio, me leva com você." - Começou a chorar, limpando o nariz com o braço.

Aquilo quebrou o coração de Robin.

"Certo, você quer vir comigo? Mas há duas condições!"

"Qual?"

"Você tem que ser um bom garoto e me chamar de papai. O que acha?"

Yes, sir. | h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora