Capítulo 03

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Alguns capítulos são proibidos para menores de 18 anos.




Naquela noite dormi muito mal, e tive vários pesadelos madrugada adentro. Via Michael me desprezando, fingindo não me conhecer quando nos encontrávamos pela rua. A dor era tamanha que acordei me debatendo e suando em bicas, sabia que no fundo era o temor da rejeição que me espezinhava, que tirava meu sossego. Tornei-me uma mulher cética em relação ao amor de homem e mulher. Tive alguns relacionamentos casuais, nenhum sério, tudo puramente sexual para aplacar meus hormônios e desejos carnais. O único cara que fiquei mais tempo foi Alberto, um rapaz que trabalhava comigo no escritório de São Paulo e mesmo assim, não consegui criar nenhum vínculo de paixão, só carinho e amizade. Ganhei o apelido de rainha do gelo, porque certo dia se declarou e me pediu em namoro e em troca lhe disse que se quisesse continuar no nosso pequeno arranjo sexual, jamais tocasse nesse assunto novamente. Depois desse episódio, Alberto se desligou da empresa e sumiu do mapa, fiquei com pena, mas acho que foi melhor desta forma. Não tinha nenhuma intenção em assumi-lo. E assim me portei por todos os anos, nunca namorei e nem tive intenção de confiar em alguém nesse nível.

Aprendi aos 15 anos, o quanto o amor machuca, feri e te desestabiliza. O Juiz Artur foi um ótimo professor e ensinou-me a nunca confiar em nenhum homem, mesmo que seja o Michael, a quem almejo encontrar a anos. Não pretendo abaixar a guarda para ninguém e se necessário iriei fugir novamente da sua presença.

Levanto da cama, sabendo que tenho várias coisas a fazer nessa segunda feira. E faço a lista mental dos meus afazeres, passar no mercado para ajudar nos mantimentos da casa, trocar dólar por uma quantia razoável de coroas suecas e fazer a apresentação em power point, com meu plano de ação para iniciar a implementação do novo programa.

Tomo um banho rápido e me dirijo à cozinha, a fim de tomar um café da manhã bem reforçado. Fico espantada com a quantidade de coisas em cima da mesa e algumas guloseimas, totalmente desconhecidas para meu padrão brasileiro.

-Bom dia Cecília. Dormiu bem? – fala Mika alegre e bem disposta logo cedo.

- Dormi sim, Mika e você como foi seu jantar ontem? – a questiono, querendo ser simpática e fazer amizade.

- Foi ótimo! Você devia ter ido comigo, assim já vai fazendo amizade com o pessoal daqui. Não sei se você sabe, mas o povo sueco é um pouco desconfiado e arredio em relação a estrangeiros. Mas o fato de você morar comigo, já vai te facilitar muito.

- A Inger sempre me falou como era a vida aqui, não se preocupe, que vim sabendo que a população é um pouco desconfiada.

- ótimo...assim fica mais fácil a adaptação. Agora vou te apresentar ao famoso café da manhã sueco. Temos pão preto com picles e patê de fígado, é um item bem popular em nosso país, ovos cozidos que pode se colocar, queijo em bisnaga ou caviar e mingau de aveia com geleia de maça.

Arregalo os olhos, com coisas tão diferentes e exóticas para se saborear logo cedo.

- Caviar no café da manhã – sibilo rindo, em pensar em comer algo tão estranho, na primeira refeição.

- Pois é Cecília! Aqui nós temos o costume de comer caviar em qualquer horário do dia. E inclusive são vendidos em forma de bisnaga para facilitar – arqueio as sobrancelhas em sinal de surpresa e penso, que por essa eu não esperava.

- Me chame de Ciça, é meu apelido desde criança.

Mika acena positivamente e tomamos nosso café falando um pouco da cidade. Enquanto estamos papeando, Greta chega e senta-se na mesa, dá apenas bom dia e fica em silêncio, somente observando o que falamos.

Nascidos para amar (destino Suécia)Onde histórias criam vida. Descubra agora