O6 DIFERENTE?

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N I C O L A S

Não dá para escolher se você vai ou não vai se ferir neste mundo meu velho, mas é possível escolher quem vai feri-lo.

John Green – A Culpa é das Estrelas

Estou completamente atrasado. Entro em casa, feliz por não encontrar ninguém no caminho e subo as escadas de forma apressada, pois já deveria estar na empresa há uma hora e é a primeira vez que isso acontece. Alice deixou dezenas de mensagens no celular, perguntando o que havia acontecido e, apesar de não aprovar sua preocupação, a entendo, já que eu mesmo me sinto estranho com o que está acontecendo. E é pensando nisso que quando entro em meu quarto, acabo sorrindo comigo mesmo, pois meus amigos a essa altura devem achar que fui sequestrado ou que algo muito ruim aconteceu comigo. Mas eles não fazem a mínima ideia do quão incrível foi minha noite e o quanto mil atrasos valeriam por estar com ele novamente.

As imagens de seu corpo e as tatuagens em sua pele me causam uma ereção automática quando rapidamente retiro a roupa da noite anterior. Havia tomado um banho antes de deixar o hotel e me dou conta de que isso foi a melhor coisa que fiz, já que me poupa tempo. Minha mente continua presa aos acontecimentos da noite anterior e me sinto um babaca por estar sorrindo dessa forma, por isso fico feliz quando alguém bate educadamente na porta do quarto e em seguida vejo Sofia olhar em minha direção com curiosidade. Estou sentado na cama, terminando rapidamente de calçar um par de sapatos enquanto ela se aproxima, largando seu corpo sobre minha cama, deixando suas pernas balançando no ar enquanto apoia seu rosto em suas mãos, sem tirar os olhos curiosos de mim.

- Onde passou a noite? Alice e Tony ligaram dezenas de vezes te procurando. Mamãe também estava preocupa. Não vimos quando você entrou. – diz minha prima enquanto levanto da cama e de forma apressada, começo a apanhar minha pasta, carteira e procuro pela chave do carro.

- Passei a noite com alguém. – digo, olhando em volta e tentando lembrar onde coloquei a chave.

- Está falando sério? – Sofia agora está ajoelhada na cama, com os olhos brilhando de curiosidade. Paro automaticamente para observá-la. Minha testa está enrugada por não entender o alarme em sua voz.

- Qual a surpresa? – pergunto, confuso.

- Você nunca dormiu fora, muito menos para ficar com alguém! – seu tom é de animação e me obrigo a voltar meus movimentos, pois a sensação de queimação no rosto está aumentando e não sou bom em esconder sentimentos. Posso lidar com eles, mas jamais escondê-los.

- Bom, tem uma primeira vez para tudo, não é mesmo? – pisco para Sofia e fico feliz ao finalmente encontrar minhas chaves. Em seguida, me aproximo de minha prima e deposito um beijo em seu rosto. – A noite foi maravilhosa! – sorrio e ela arregala os olhos, pulando da cama no mesmo instante e me seguindo enquanto saio do quarto e desço as escadas apressado.

- Como assim? Você vai me deixar curiosa? Volta aqui, Nico! – Sofia parece uma garotinha implorando por um biscoito e eu apenas a ignoro, sem deixar de sorrir. É a primeira vez que acordo de bom humor.

- O que houve? – tia Isabel pergunta quando alcançamos a sala. Sofia continua me perseguindo, tentando impedir meu caminho enquanto driblo suas investidas, sem deixar de rir da situação.

- Mãe! – ela busca por ajuda e tia Isabel nos olha de forma confusa enquanto paro pacientemente para me despedir dela, dando um beijo em sua cabeça e esbarrando em Sofia, que está logo atrás de mim.

- O que está acontecendo?

- Ele não quer me contar com quem passou a noite! – diz Sofia e um rápido olhar de esguelha me mostra quando Tia Isabel abre sua boca, parecendo exageradamente chocada com a novidade. E é por isso que apenas reviro os olhos e me viro, conseguindo passar por Sofia e caminhando rapidamente em direção a garagem enquanto escuto seus gritos de protesto ficar para trás.

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