21 AMIZADE COLORIDA

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N I C O L A S 

Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito.

- Machado de Assis

O número que você ligou, encontra-se desligado ou fora da área de cobertura.

Droga! Mil vezes droga! O que está acontecendo? É a única coisa na qual consigo me perguntar a cada dois segundos. O mundo parece ter virado de cabeça para baixo e a sensação que estou sentindo é algo estranhamente familiar. A maldita mensagem de voz repete pela décima vez quando tento novamente ligar para o celular de Théo, que continua sem qualquer sinal. Não deixei mensagens de voz, nem de textos. Quero confrontá-lo olhando em seus olhos e exigir uma explicação para o que acabou de acontecer. Quem era aquele homem? Porque havia fugido com ele? Porque tinha desligado o celular?

Com o IPhone na mão, encaro a tela do celular como se a qualquer momento fosse receber uma resposta de Théo, mas uma hora se passou desde sua fuga e nenhuma notícia foi dada. Ergo os olhos momentaneamente para a casa e sou capaz de ouvir o barulho de risadas e de música ecoando dentro do lugar. Agradeço silenciosamente por ninguém ter notado minha ausência e muito menos a de Théo, mas sei que isso não irá durar por muito mais tempo, por isso, depois de respirar fundo várias vezes e conseguir manter o meu controle, decido voltar para a festa, afim de não entrar em pânico.

Posso sentir as gotas de suor escorrer por minha testa e limpo rapidamente antes de chegar a festa. Engulo o seco e levo as mãos até a barriga casualmente, como se isso fosse aliviar de alguma forma o mal-estar que estou sentindo. Uma sensação esquisita de medo toma conta de mim, mas me obrigo a empertigar os ombros quando alguns sorrisos se abrem para mim enquanto atravesso a sala de estar, cumprimentando formalmente alguns convidados até chegar à mesa dos meus amigos, que parecem animados enquanto conversam sobre algo aparentemente muito divertido.

- Ei! Por onde você esteve, cara? – Tony foi o primeiro a reparar minha chegada. Ele está dando o ultimo gole de sua taça de vinho e seus olhos vermelhos denunciam o quão bêbado ele já está, principalmente porque um dos braços está em volta dos ombros de Alden, de uma forma muito intima.

- Respirando um pouco. – resmungo, de forma séria. Em seguida, sento na cadeira ao lado de Stella e me mantenho com o corpo ereto por alguns minutos. Meus olhos percorrem toda a festa, numa tentativa inútil de distrair meus pensamentos. Meus tios estão sentados em uma mesa com seus amigos mais próximos e parecem estar se divertindo, assim como meu padrinho Beny. Não vejo qualquer sinal dos meus primos e estou prestes a olhar meu celular mais uma vez quando Stella toca meu braço, impedindo que eu erga o aparelho. Meus olhos sobem imediatamente em sua direção e a encaro.

- O que está acontecendo? – ela pergunta, com a testa franzida. Seus olhos percorrem todo o meu corpo e contenho a vontade que sinto de me esquivar do seu toque, pois quando faz isso, é como se Stella fosse capaz de me ler.

- Ele sumiu. – sussurro, com os dentes trincados. Stella me observa por um momento, tentando entender o que estou dizendo, mas nossa atenção é chamada por Alden, que se inclina sobre a mesa e fala um pouco alto.

- Onde está Théo? – meu corpo fica rígido e travo minha mandíbula. Desvio os olhos para Stella por uma fração de segundos e então encaro Alden.

- Está no banheiro. – minto, torcendo para que a raiva não esteja na minha voz e para minha sorte, Alden parecer estar bêbada demais para notar qualquer sentindo que eu não consiga esconder.

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