EPÍLOGO

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T H É O

MESES DEPOIS

Não importa quantos passos você deu para trás, o importante é quantos passos agora você vai dar para frente.

- Provérbio Chinês

Theodoro Barcellos Meireles. A decisão de manter o meu nome aconteceu porque entendi, da pior forma, que Nicolas nunca deixaria de me ver como seu irmão se eu voltasse a me chamar Bernardo. Esse tome tem um peso enorme nas nossas vidas e assim como o sobrenome D'Ávila, ele merecia ser enterrado junto com nosso passado. Nicolas não pareceu se importar com minha decisão, ou pelo menos não demonstrou nenhuma mágoa. Assim como eu, ele está tentando esquecer todos os demônios que sempre o cercaram. Agora nós temos uma nova vida, um novo lar e quem sabe, em breve, uma nova família.

- Vocês estão fazendo muito barulho! – Antony diz, nos encarando com repreensão.

- Não seja tão implicante, meu pudim! – Alden diz, apertando suas bochechas. Alice e eu fazemos cara de enjoo enquanto Nicolas e Stella apenas tentam não rir da cena. O rosto de Antony está muito vermelho e ele lançar um olhar de advertência para Alden que o ignora.

- Meu Deus! Ela não vai parar de mamar nunca? – pergunto para Alice, que ri enquanto passa a mão carinhosamente pela cabeça pelada da filha.

- Não apresse ela! – Alice diz, e como se soubesse exatamente sobre o que estamos falando, Hanna se afasta do peito da mãe, agitando seus minúsculos bracinhos, deixando claro que ela já está mais do que satisfeita.

Nós todos estamos na maternidade do Hospital do Rio. Hanna nasceu há dois dias e já se tornou o tesouro de todo mundo. Alice está encarando sua filha com uma expressão que só uma mãe de primeira viagem poderia ter, com os olhos brilhando e o sorriso orgulhoso no seu rosto, deixando claro que está segurando em seus braços a coisa mais valiosa do mundo. Antony está de plantão no hospital e passou no quarto apenas para nos encontrar. Ele usa seu jaleco e tem seu braço agarrado por Alden, que acabou se tornando uma namorada grudenta desde que oficializaram o namoro. Stella está logo ao lado da cama e foi a única de nós a não deixar o Hospital desde que Alice foi internada. Alice não tem família na cidade, então todo o suporte que vem tendo nos últimos meses veio principalmente de Stella que se prontificou a morar com elas durante o primeiro ano, mas todos nós sabemos que isso é principalmente pelo fato de Stella não confiar em Alice sozinha cuidando de um bebê. Nicolas está ao meu lado, com os braços cruzados sobre o peito, com os olhos muito fixos em Hanna, como se estivesse encarando a criatura mais fascinante que já viu em toda a sua vida. Essa vem sendo sua reação desde que a viu pela primeira vez.

- Nicolas! É a sua vez! – Alice disse, fazendo com que ele se assuste. Ele olha em volta, até se dar conta de que Alice está falando com ele.

- O que?!

- Pegue! – Alice ordena, se movendo sobre a cama e oferecendo Hanna para ele. Stella a ajuda e tem um sorriso no rosto, pois assim como todos nós, ela quer ver Nicolas segurando a bebê pela primeira vez.

- Não é uma boa ideia. – ele resmunga, ainda com os braços cruzados, se negando a se aproximar. É engraçado como ele parece estar assustado com o fato de segurar um bebê.

- Anda logo! – Alice diz e para ajudá-la, empurro Nicolas em direção a cama, forçando-o a se aproximar. Seus olhos me encaram com pânico e tento não rir da situação.

- Vai lá. É só segurar com cuidado. – digo, o encorajando. Ele engole o seco, hesita por um instante e então se aproxima com cautela da cama de Alice e com a ajuda de Stella, ela coloca Hanna nos braços de Nicolas, que fica com as costas totalmente eretas. Hanna protesta no início, gemendo e quase chorando, o que faz com que Nicolas fique ainda mais nervoso.

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