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Dedico esse livro a todas as bactérias que agora, andam pelo meu corpo morto.

Você já se perguntou como será seu enterro? De que cor serão as flores, como você ficará no caixão, em que lugar você será enterrada, as pessoas vão estar chorando? rindo? Haverão pessoas? Ou melhor, quem te deu a certeza de que você terá um enterro? Eu não tive. Meu corpo está aqui, jogado no chão, coberto de sangue. Meu assassino? Já deve estar bem longe daqui. Ele me deixou para trás, ele me deixou para morrer sozinha. Assim como eu fiz com todas as minhas vítimas. Agora, assim como elas, eu vou queimar no fogo do inferno.

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~ Dez anos antes~
Olá! Meu nome é Annabelle, e eu tenho 11 anos. Meus cabelos são pretos, lisos e chegam até a minha cintura, já minha franja chega até minha sobrancelha. Eu tenho olhos verdes bem chamativos, que realçam na minha pele, que é pálida como a neve.

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Acordo com o barulho chato do meu despertador, depois de um tempo socando partes aleatórias do objeto até eu conseguir desliga-lo, levanto da minha cama, em direção ao banheiro. Merda. Primeiro dia de aula. Eu odeio a escola.

De acordo com meu celular, agora é, exatamente, seis horas da manhã, ainda está amanhecendo. Entro no banheiro e faço minhas higienes matinais, coloco uma roupa qualquer e desço as escadas para procurar alguma coisa para comer.

Pego uma maçã e já vou saindo de casa, a caminho da escola, meus tios ainda devem estar dormindo, ou já foram trabalhar, então levo uma chave comigo. Passado uns dez minutos, chego na escola, entro na mesma e já começo a busca pelas minhas amigas.

Encontro as mesmas conversando com  um menino, que nunca tinha visto antes, ele era ruivo e tinha olhos verdes, cumprimento elas e me apresento para o menino. Seu nome era Raphael. Começamos a conversar, ele era novo na escola, tinha se mudado para a cidade recentemente.

Sophie, uma das minhas amigas, era loira e tinha olhos castanhos, já Angie, tinha uma pele morena, olhos e cabelos escuros e era um ano mais velha que nós.

Logo, o sinal bate e vamos para nossa sala, teríamos aula de redação. Sentei na última carteira da sala, minhas amigas, sentaram ao meu lado. E quando eu abro meu caderno, uma folha dele cai, pego a mesma, e começo a ler o poema que eu havia escrito no ano passado:

"É impossível levantar"
Dizem aqueles que por uma pedra caíram
"É impossível se curar"
Dizem aqueles que por uma rosa se feriram

É fácil falar
Que o gatilho, não devemos apertar
Que a arma, temos que abaixar
Que a tua vida, não está na hora de acabar

Levantar pode parecer impossível,
Mas ainda é uma opção cabível
Também, você pode ali se deixar,
Para assim, recomeçar

Você pode até chorar,
E em prantos, se acabar.
Mas se a vida te derruba,
Ela pode também, te levantar."

Aquele poema me trazia sentimentos ruins. Eu mal tinha superado a morte de meus pais quando eu escrevi esse poema. Eu era uma pessoa muito diferente antes da morte de meus pais, eu tinha muitos amigos, era animada e vivia de bom humor. Mas depois daquele acidente, me afastei de todos. Apenas Sophie e Angie ficaram ao meu lado. Mas aquela pessoa animada, bem humorada e cheia de amigos, havia morrido junto com meus pais, e ela fora substituída por mim, fechada para o mundo, depressiva.

Me seguro para não chorar, e percebendo minha tristeza, Raphael me pergunta o que houve, no começo, não queria contar a ele sobre meus pais, mas, depois mostrei-lhe meu poema e contei à ele a terrível história por trás daqueles belos versos.

Vivendo com a MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora