-Annabelle, podemos conversar? - perguntou minha professora de gramatica, Lucy Anna (sim, quase todos meus professores tem uns nomes estranhos. Não bebam antes de dar nomes a seus filhos, e maneirem nas pedras. Annabelle agradece).
Poha. Que merda. acabou de bater o sinal e a sala esta vazia, apenas eu e essa vaca, que alguns chamam de professora de gramatica, estávamos na sala.
-Diga- disse, me virando para ela, e poha. que mau gosto para roupa. Caralho, meus olhos sangram apenas de olha-la. -Você esta passando por algum problema na sua casa? você parece diferente, meio distante. Seu comportamento mudou faz um tempo. -olhei para ela como se não tivesse entendido, desculpa. não conseguia prestar atenção no que ela dizia, pois o batom dela borrava seus dentes, e aquilo me dava agonia. -Anna, - querida, quem te deu a permissão para me chamar de Anna? -Faz um tempo já que você esta diferente. Vem acontecendo algo com você na sua casa? Esta com algum problema? Estou ficando preocupa com você. -
-Tudo esta ótimo no orfanato onde moro, obrigada por perguntar. Talvez eu tenha mudado um pouco sim, mas isso aconteceu por causa da morte dos meus tios, foram assassinados, sabe? eu encontrei os corpos, cheios de sangue, manchando todo o piso claro da cozinha, tenho certeza que, se espíritos existem, o da minha tia deve estar la na casa dela limpando a mancha de sangue do chão ate hoje, ela tinha uma mania de deixar tudo limpo. Mas voltando a sua pergunta, isso foi a unica coisa que me aconteceu mesmo, mas fazer o que né? todo mundo vai morrer um dia, inclusive eu e você, não é mesmo? - disse, sorrindo. Lucy ficou parada, boquiaberta, sem saber oque dizer, então eu aproveitei esse tempo para sair da sala, e quando estava na porta, parei e me virei pra ela, que ainda não havia mexido um músculo: -ah, e se eu mudei, pode ter certeza que foi para melhor!- sorri novamente e sai da sala, em direção a saída.
Quando sai do portão vejo vários alunos da escola parados no portão apontando para um bolo de alunos mais para frente, fui andando ate aquela suruba gigante, e chegando mais perto, eu via varias pessoas chorando, outras saindo correndo, ou passando mal. alguma merda ocorreu. fui empurrando as pessoas para ver o que estava acontecendo, e me parece que o diretor estava tentando fazer a mesma coisa, tentando descobrir o que as pessoas estavam rodeando.
Assim que passei pelas pessoas, vi um menino deitado no chão, eu não sabia o que tinha acontecido, só vi que uma poça de sangue rodeava a cabeça do menino, este estava passando mal, digo, sem contar a sua cabeça que sangrava, ele parecia estar com falta de ar. Fiquei olhando o menino ali, morrendo. Involuntariamente, um sorriso surge em meus lábios, e o menino, que antes olhava para o céu, meu encarou por um segundo, com uma cara espantada, provavelmente por eu estar sorrindo ao ver sua morte, enquanto todos a minha volta estavam aterrorizados.
Apenas um grito, vindo de longe, foi capaz de tirar a atenção do menino de mim: -Anthony!- gritou Raphael, enquanto tentava chegar ate onde o diretor, que ainda não tinha feito nada alem de pedir para que todos se afastassem, só que ninguém obedecia, quando Raphael consegue chegar ao lado do diretor e vê o menino (que, aparentemente se chama Anthony) quase morto no chão, Raphael automaticamente ajoelha ao lado d e começa a chorar, acho que esse Anthony é namorado dele. -Maninho...- diz Raphael, enquanto soluçava, ata, eles são só irmãos mesmo.
Segundos depois, uma ambulância chega, e assim, todos saem de perto de Anthony, e os médicos vão pega-lo. Saio de perto, e deixo eles passarem. Quando Anthony é colocado na ambulância e a mesma vai embora, em direção ao hospital, as pessoas logo esquecem de todo esse desastre que acabou de acontecer e voltam a conversar normalmente, outros ate riem. Como as pessoas são falsas. As pessoas se sentem preocupadas, mas no instante que a causa da sua preocupação vai embora, elas fingem que tudo esta normal. Tudo bem que para mim, isso que aconteceu com o menino não fez diferença nenhuma na minha vida, mas eu não demonstrei preocupação pelo menino em hora nenhuma, ate porque eu não sou capaz de sentir nada.
''Foda-se'' penso, logo depois vou embora para o orfanato.
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Vivendo com a Morte
HorrorÀs vezes a falta de algumas pessoas na sua vida podem te deixar um pouco perturbada. Às vezes a sede de vingança se torna maior que sua sanidade, se tornar maior do que sua humanidade. A sede de vingança e a sede de sangue andam lado a lado, uma só...