-Eu moro com meus tios desde que tinha 7 anos- começo, Raphael me pergunta sobre meus pais, demoro um pouco, mas o respondo: - Eles... Sofreram um acidente. -
Raphael não se convenceu com a minha resposta, mas ele decidiu não perguntar nada, isso é bom. Não gosto de falar da morte dos meus pais.~flashback on~
Já fazia um mês que eu havia completado 7 anos, estava muito feliz por isso. Hoje era uma segunda feira, as pessoas costumam odiar esse dia, por ser o primeiro da semana, mas para mim, não fazia diferença, a escola me agradava. Eu era rodeada de muitos amigos, sempre fui uma pessoa muito social.Após me aprontar para a escola, me despeço da minha mãe e do meu pai e vou caminhando até a escola. O dia estava lindo. Não tinha uma nuvem no céu. Chegando na escola, já sou abordada por um grupo de amigos meus, e ficamos conversando até a aula começar, minha manhã não foi muito diferente disso, e a aula acabou passando rápido, então me despedi dos meus amigos e fui caminhando para casa, no meio do caminho, vejo uma ambulância passar, com a sirene ligada, nem dei muita atenção, pois perto da minha escola havia um hospital, e ambulâncias chegavam lá a todo momento. Chegando na rua da minha casa, vejo um carro de polícia, e uma ambulância, sinto um aperto no coração. Dois paramédicos saiam da minha casa, levando um corpo numa maca, eu não sabia de quem era, pois o corpo estava coberto por um pano branco, um estranho pressentimento percorre meu corpo. Eu corro para dentro da minha casa, gritando pelos meus pais, uns dois policiais me agarram e me puxam para fora, eles tentam me acalmar, dizem que tudo vai ficar bem, mas isso não me convence, eu me solto dos braços dos policiais, e novamente, corro para minha casa, e lá, vejo algo que me faz arrepender de ter entrado. Lá está ela. Minha mãe, morta cheia de cortes por todo seu corpo, aquele corpo que estava sendo levado na maca era meu pai. Sinto minhas pernas bambas, o medo percorre pelo meu corpo, mas junto com ele, há um outro sentimento, ele é desconhecido por mim, é uma mistura de ódio e rancor, vontade de matar todos que fizeram mal aos meus pais, esse sentimento me faz sentir estranha, me faz sentir medo de mim mesma.
~flashback off~-Annabelle!- Raphael chama minha atenção, só agora percebo que saiam lágrimas dos meus olhos
- Annabelle, você está bem? O que houve? Por que você começou a chorar de repente?- Eu apenas limpo minhas lágrimas e não digo nada, fico um tempo olhando para Raphael e saio correndo, ignorando completamente o professor que acabara de entrar na sala. Vou para o banheiro, me trancando no mesmo, e começo a chorar - Pensei que havia superado, mas não. Esse sentimento só volta para mim, e ele é forte. A dor da perda me machuca- digo, para mim mesma, e as memórias daqueles dias voltam a minha mente.~flashback on~
Eu ainda não conseguia acreditar no que estava vendo, meus pais, mortos... Aqueles policiais voltaram até minha casa, e me empurraram de lá, minha tia, irmã da minha mãe, estava na porta de casa, ela ia me levar para morar com ela.
~flashback off~Naquele ano, quando eu fui para a escola, acabei me afastando de todos. Eu passei bastante tempo frequentando um psicólogo depois daquilo, a morte dos meus pais havia me deixado perturbada, aquilo havia despertado um sentimento estranho em mim, algo que eu não sabia o que era, mas tinha certeza que, quando a hora chegasse, eu não conseguiria ser capaz de controlar isso.
Ouço batidas na porta, logo em seguida, Angie e Sophie começam a gritar meu nome e me pedir para mim abrir a porta, e depois de um tempo, finalmente a abri. E minhas amigas vieram perguntar o que ouve, eu apenas disse que estava bem e que voltaria a aula, por mais que achassem estranho, Angie e Sophie concordaram comigo, sem me fazer mais perguntas.
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Vivendo com a Morte
HorrorÀs vezes a falta de algumas pessoas na sua vida podem te deixar um pouco perturbada. Às vezes a sede de vingança se torna maior que sua sanidade, se tornar maior do que sua humanidade. A sede de vingança e a sede de sangue andam lado a lado, uma só...