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-Olá!- Diz uma garota, assim que eu entro no orfanato. Eu simplesmente a encaro e não digo nada, o sorriso que estava em seu rosto desaparece e ela apenas abaixa a cabeça e vai embora. O policial que havia me deixado no orfanato vai conversar com uma velha que eu acho que é a diretora do orfanato, e eu continuo no mesmo lugar, sem me mover. As outras crianças me encaram, a maioria delas parece ter menos que 8 anos. Que merda. Eu vou morar numa casa cheia de crianças. As pessoas podem até pensar que, por eu ter apenas 11 anos, ainda sou uma criança, talvez eles estejam certos, mas essa criança de 11 anos teve que enfrentar a morte dos pais e dos tios. Essa criança talvez não seja tão infantil e sorridente quanto às outras.

O policial acaba de falar com a velha e vai embora, quando a porta se fecha, a velha vem falar comigo. Seu nome era Rose, ela era diretora do orfanato. Depois, Rose me apresentou as outras crianças, e isso realmente não me importava, então eu apenas fiquei olhando para cara sorridente delas.
-Diga-nos, qual seu nome querida?- disse Rose. -Annabelle- respondi seca. Percebendo minha pouca vontade de estar no local em que estava, Rose me guiou até o lugar onde seria meu quarto, ótimo. Eu não teria que
dividi-lo com ninguém.

Deitei na minha cama e peguei meu celular, coloquei meus fones de ouvido e coloquei uma música qualquer para tocar, e fui chegar meu Twitter. Várias mensagens de conhecidos meus me desejando "meus pêsames" por causa da morte de meus tios. Ignoro a maioria.

Alguém bate na porta, e eu vou até ela para abri-la, era uma criancinha de uns 5 anos. -Olá!- ela disse. -o que você quer aqui?- perguntei, ela pareceu ofendida e disse que aquilo era falta de educação, e várias outras coisas que criancinhas de 5 anos falam quando querem dar lição de moral em alguém. Eu fechei a porta na cara dela e voltei a escutar música.

A garotinha voltou a bater na porta, e eu a ignorei. Ela ficou fazendo isso por um longo tempo até se cansar e ir embora.

-Você está brava?- perguntou a menininha, me dando um puta susto. Quando caralhos essa menina entrou no meu quarto? -Sai do meu quarto-disse, ela não saiu. Ela voltou a perguntar se eu estava brava. Essa guria quer morrer? -SIM. Eu estou brava poha! Você sabe o que aconteceu comigo?! Quando eu tinha a sua idade eu tive que lidar com a morte de meus pais! Eu vi o corpo dos meus pais mortos no chão da minha casa, e agora, antes de eu vir para essa merda desse orfanato eu encontrei o corpo dos meus tios mortos no chão da casa deles! Eu vi o sangue saindo de seus corpos, eu vi os cortes que perfuravam as suas peles! Não. Eu não estou bem, e sim estou muito brava. E você estará me fazendo um favor se sair do meu quarto agora, ou eu faço você sangrar até a morte como aconteceu com meus tios!- gritei. A menina parecia em choque, ela foi embora correndo do meu quarto. Chorando. Mas eu não estava nem aí. Eu não sentia culpa nenhuma. Eu não sentia nada além de ódio.

Fiquei mais um bom tempo no meu quarto, revezando entre escutar música e ver séries, eu ignorava todas as batidas na porta, e todas as vezes que me chamavam. Até que Rose abre a porta de repente e fala que tem que conversar comigo, ela me pergunta sobre a escola que estudo, e diz que eu continuarei na mesma escola, pois ela era perto do orfanato. Ela me permitiu ir e voltar a pé de lá mas disse que eu não poderia sair sozinha à tarde sem autorização. Eu concordei com ela. E antes de sair do meu quarto Rose deixou na minha mesa, a janta. Eu não disse nada, e assim que ela saiu do quarto, eu jantei, logo em seguida, fui dormir.   

Vivendo com a MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora