Era ele! Me esforcei para enxugar as lágrimas. Ele por sua vez arrumou o cabelo e se sentou ao meu lado.- A senhorita me permite saber a razão de tanta tristeza?
Eu lembrei que se eu não tivesse seguido ele nada teria acontecido... Não chegaria atrasada, não teria ficado sem o broche e.... Tinha sim alguns motivos para ficar com raiva dele, mas se não fosse por ele eu não iria para o Baile amanhã , e não haveria conhecido o príncipe. Só o segui por que eu quis e....
Minha reação foi espontânea, eu me joguei em seus braços e o abracei por um longo minuto. Ele, é claro, retribuiu.
E para não ter de explicar por que eu estava agradecida a ele comecei a chorar de novo, de modo que ele pensasse que o abraço fosse por agradecimento a ele por estar ali me ajudando, ou sei lá, de carência talvez.
Decidi que ele seria uma pessoa em que eu poderia confiar, pelo menos agora. Depois eu descobriria se ele é confiável ou não... Por hora só quero desabafar sem ligar para as consequências.
- Eu vou ser demitida.
- Não diga isso! Se fosse para você ser demitida você já teria sido.- respondeu ele em uma voz calma e melodiosa.
-Não, você não entende... Eu só posso ser demitida após meu primeiro dia de trabalho.
- Certo mas o que você faria de tão ruim em menos de três dias?
-Ganharia o ódio da madame Margareth... Ela me odeia, e tudo que eu faço...
- Madame Margareth??? Se eu fosse você ficaria o mais longe o possível dela!- Disse ele com os olhos cheios de algo, não soube dizer o que.- Todos os anos ela arma coisas para a governanta que ela menos gosta antes mesmo de seu primeiro mês de atuação... Para ganhar o respeito e o medo, há pelo menos uma substituta, ela manda embora quem ela quer. Eu não me meteria com ela se fosse você.
Ele olhou para mim.
- A menos que eu fosse a governanta que ela quer expulsar, daí eu mexeria muitíssimo com ela.- disse ele entre risos ...- De onde você a conhece? - continuou com uma risada mais baixa.
Vendo que eu permanecia séria ele cessou o riso e apavorado perguntou:
- Você não é essa governanta, é?
Não respondi.
-Nossa que azar! - ele completou me pegando no colo.
Eu já havia parado de chorar.
- O que você está fazendo?- perguntei batendo as pernas.
- Você vai ver! Feche os olhos.- disse subindo as escadas .
Obedeci e fechei meus olhos, aproveitei para tentar conhecer um pouco mais do estranho que estava me segurando no colo contra a minha vontade.
- E então... Como você se chama?- perguntei curiosa.
Ele ficou em silêncio até eu dar uma cotovelada em seu peito então finalmente se manifestou :
-Ai !!!- protestou rindo - está bem ... Me chamo ...
- Você se chama... ?
- Uhnnnn.... Whalter... Jason Whalter.
- Por que eu tenho a leve sensação de estar sendo enganada?
- Talvez por que não confia em mim o suficiente para acreditar em tudo que eu digo .
- É... Talvez ! E também pode ser pelo fato de você sempre fugir quando eu te pergunto, e se demorar tanto em responder! Você é muito ... - Digo tentando achar algo para descrevê-lo.
- Misterioso?- ele completa com a palavra exata .
- Isso !
- Chegamos senhorita! Pode abrir os olhos.
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A Governanta e o Príncipe
Pertualangan. Um príncipe... Uma governanta... Uma morte... Vários segredos... Uma descoberta...