A Governanta e o Príncipe

Derick

- Bem... Você sabe que... Irá haver um baile hoje e... Bom, achei que você havia sido convidada, por isso teria de voltar cedo sabe? Para se arrumar.

- Certo! Uma governanta em um baile da realeza. Por que você acharia uma coisa dessas?

- Bem... Não sei... Talvez porque...

- Pare de tentar inventar mentiras. Fale a verdade! Você andou me espionando?- digo espantada.

- É claro que não! Por que eu faria isso? Não sou psicopata!

- Então, como sabe que fui convidada para ir ao baile de hoje? Quem é você? O que faz aqui no palácio e o mais simples, porém não menos importante, como você se chama?

- Não te devo explicações.

- Se ainda quer que eu olhe em seu rosto, deve sim!

Me viro e me encaminho para meu quarto. Mas antes de ir me volto para ele e digo:

- Se mudar de idéia sabe onde é meu quarto. E também sabe que só me hospedarei lá até terça-feira. Passar bem!

Torno a me virar e ando até as portas do palácio, antes de entrar ouço gritos:

- Espere, por favor não me peça explicações . Não sou muito bom com isso... Ei! Volte aqui.

Ignoro e continuo andando até chegar em meu quarto e finalmente desabar em minha aconchegante cama.

Meu coração não suportaria tantas emoções de uma vez só! Em menos de uma semana já havia lidado com o sofrimento de ter de deixar todos para trás, aguentado a dor de ser demitida antes mesmo de começar a trabalhar... E agora isso?

Isso é demais! Não posso suportar, pelo menos não calada. Se pudesse ainda estaria lá.

Tiro de meu bolso o relógio de porcelana e vejo que ainda são 14:54, não havia combinado de me encontrar com Lhorency antes das quatro, porém mesmo assim decido bater na porta de seu quarto.

Depois de bater três vezes ela abre e fica muito feliz em me ver.

- O que foi? E o tal de "Jason" de quem me falou? Você não iria dar uma volta com ele?

- Claro! Mas me recuso a andar com mentirosos.

- Bem... Mas pelo que você me disse, achei que já estava acostumada com suas mentiras e omissões.

- É, eu estava tentando me acostumar. Afinal vou embora terça e... Bem, preciso aproveitar ao máximo tudo aqui. Brigar com alguém seria inútil.

- Então por que está assim?

- Ele mentir e omitir sobre coisas de si mesmo, até tudo bem. Mas ele se meter na minha vida pessoal pelas minhas costas? Isso já está passando dos limites!- Falei andando de um lado para o outro com a mão na testa.

- Calma. Me conte o que aconteceu.

- Certo! Ele foi me buscar atrasado, começou a inventar desculpas por isso, nas quais eu nem prestei atenção já que o que ele faz ou deixa de fazer com a vida dele não é problema meu. Chegamos em um estábulo e eu disse que não iria andar a cavalo de modo algum.

- Porque ? Seria bem romântico um passeio a cavalo!

- Bem... Isso não vem ao caso! Então ele ficou enchendo minha paciência com essa ideia boba de apostarmos uma corrida. Disse que se ele ganhasse me contaria tudo que quisesse saber sobre ele, mas se eu perdesse teria de andar a cavalo. Eu aceitei, e ele ganhou. Mas eu não queria andar a cavalo, então em vez de parar para descansar no final da corrida como ele, continuei.