Anjo de Mármore

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Os anjos quando foram capturados por Lúcifer foram postos em milênios de tortura no Inferno, e a melhor forma para isso, segundo Lúcifer, foi o inferno mental, mais conhecido como inferno pessoal. E cada um teve o seu, um pior que o outro.

Nunca passou um dia que em Rafael não pensasse em Ariel.

A montanha era alta e cheia de neve. Neve era o sinal que Rafael precisava. Ele estava quase no cume da montanha. Ele estava a dias subindo aquela montanha para ver a amada.

Eles combinavam de se encontrar nos lugares mais exóticos do mundo. Naquela vez no topo de uma das montanhas do Canadá. As asas do anjo brilhavam com rendas verdes e mantinham seu corpo aquecido do vento forte e gelado.

Ele estava sentindo a energia de Ariel crescendo e se expandindo. O coração de Rafael batia cada vez mais forte. Quando chegou na entrada da caverna que ficava na montanha nunca se sentiu tão feliz. Lá estava Ariel.

O cabelo ruivo escuro caia sobre as alças do vestido branco que usava. Os olhos eram puro cristal angelical, e a pele com marcas do Céu. Ela tinha uma beleza que somente Rafael compreendia. Rafael correu para abraçá-la e notou que Ariel estava feliz ao vê-lo.

- Caritas enim non caelum et infernum vicit - disse ao sentir o cheiro dos cabelos dela. E a beijou intensamente. Aquele não era um beijo como os outros, notou Rafael, aquela não estava parecendo a Ariel que conhecia.

- Te amo meu anjo - disse Ariel depois do beijo. - Tenho que contar algo para você.

- Isso pode ficar para depois - suspirou e voltou a beijá-la, juntando mais seu corpo ao dela puxando-a pela cintura. Ele queria aproveitar cada momento com ela, pois daquele momento somente depois de algumas décadas mais a frente que poderia se ver. - Eu só quero você - disse ao soltar os lábios dela.

- Esse querer também pode ficar para depois - argumentou Ariel e isso fez Rafael franzir o cenho. - Eu quero te mostrar uma coisa.

Ela se afastou dele e mostrou o antebraço, nele de principio não tinha nada, mas depois uma marca vermelha começou a se criar; uma marca em forma de X torto.

- O que é isso Ariel? - perguntou com certa raiva e preocupação na voz. - Não me diga que...

- Sim - afirmou com a cabeça baixa. - É uma marca do Inferno. E antes que vá correndo para aquele lugar pedir satisfação com Lúcifer, eu tenho que dizer que foi minha escolha.

- Como assim? - Rafael não estava acreditando no que tinha acabado de ouvir. - Como você pode fazer isso com você mesma? E onde estão suas asas.

- Não as tenho mais.

Aquilo foi como a bomba de Hiroxima para Rafael. Ele não estava crendo que o amor e sua vida tinha se aliado a Lúcifer. Ele não queria perder seu amor, pois com aquela marca ele tinha certeza que seria em breve.

- Você não escolheria isso para você - disparou irado segurando Ariel pelos braços com força. - Você está mentindo em algo. Conte-me a verdade - ordenou.

- Foram eles que me obrigaram a fazer isso - respondeu com as lágrimas escorrendo sobre os olhos. - Eu não tive escolha. Se eu não colocasse essa marca ou não, eu iria morrer. - Rafael notou que a marca no antebraço dela estava mais vermelha, parecia estar queimando a pele dela.

- Mas porque fizeram isso com vocês. E quem são eles?

- Você os conhece bem. Mikael.

- Mikael? - não estava acreditando no que ouvia.

- Sim ele - disse e desabou no chão de joelhos, a pele dela começou a seca e descascar. Os olhos dela ficaram escuros no momento em que Rafael a segurou. As lágrimas escorriam pelo rosto de Rafael e caiam no corpo de Ariel, seu peito doía tanto que teve vontade de gritar.

- Não quero te perder - murmurou em meio ao choro, e não quero te perder. - Ariel não me deixe. Eu não seria o mesmo sem você. Nós anjos nascemos sem humanidade, e quando nós a ganhamos somos desolados. E não quero perder minha humanidade novamente, você me fez melhor. E não quero perder a única forma que tive de viver como os mortais.

- Mas você não é mortal. Nós não somos. E nunca seremos.

- Eu queria pelo menos ter mais uma chance de consertar o que eu fiz conosco naquele lugar.

- Eu quero que saiba que nunca te culpei pelo que aconteceu conosco - disse com um ultimo suspiro. Logo em seguida começou a tossir cinzas e sangue. - Eu sempre te amei, e sempre irei te amar. Eu desistiria do Céu e do Inferno só para poder ficar ao seu lado, mas isso não será possível.

Não!, Pensou Rafael.

- Eu te amo meu anjo - disse suas ultimas palavras e morreu.

- NÃO! - Rafael olhou para os céus e deixou a dor o consumir. Ele nunca mais seria feliz, e assim por muitas e muitas vezes.

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