Anjo de Sangue

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Senhor Deus dos Desgraçados!

Dizei-me Vós, senhor Deus!

Se é loucura... se é verdade.

Tanto horror perante os céus.

- Castro Alves

O Trono de Deus estava brilhando e ao seu lado estavam os tronos dos arcanjos destruídos, sem brilho, sem vida, sem os arcanjos. Aquilo nos olhos do Arcanjo Gabriel era como um soco no estômago, uma facada no coração, ele não estava bem, ele tinha visto aquilo tomar forma nos dias da Criação.

Mas aquele não era o Céu de verdade que Arcanjo Gabriel conhecia.

- O que aconteceu aqui? – perguntou a si mesmo enquanto estava sozinho naquele lugar.

O silêncio naquele lugar era muito grande, mas ele foi cortado.

- Os Ranjos – disse a voz grave, mas com um toque de voz feminina. – Eles atacaram e destruíram os tronos dos arcanjos junto com uma horda de demônios do Inferno.

- Quem sois vós? – exigiu Arcanjo Gabriel.

- Não reconhece minha voz – afirmou a voz.

Atrás do Trono era possível ver as Montanhas e da mesma explodiram mil demônios, Gabriel nunca viu tantos demônios saindo da Montanha – e isso nunca aconteceu. Os demônios eram um amontoado de sombras que ganhavam formas a cada metro mais próximo do Trono de Deus. Gabriel sacou sua espada que quase nunca usava, junto com seu espelho. E esperou que os demônios chegassem.

Quando o primeiro demônio de aparência verde chegou perto dele, o brilho do espelho espantou o demônio e logo em seguida o fez virar cinzas. A espada girava e dançava no ar como o auxilio do Arcanjo que sabia lutar. O espelho servia para escudo. Sangue de demônio era derramado naquele lugar sagrado que Gabriel viu sendo criado pelas mãos de seu pai, o Criador.

A voz voltou falar:

- Você pensa que pode vencer esses demônios, Gabriel? – ela parecia estar próxima. – Não vai vencê-los tão fácil. O Céu caiu. Todos que viviam aqui estão mortos. Olhe a sua volta.

Arcanjo Gabriel tinha mais com o que se preocupar, mas resolveu parar para olhar. Quando a visão lhe permitiu ver o que tinha ao seu redor, ele desabou no chão com o horror que estava vendo.

Corpo e mais corpos de anjos mortos por todos os lados, o sangue dos anjos era o mais tinha ali. A espada de Gabriel perdeu o brilho e o espelho se partiu e em dois, devido a ligação que tinha com seu dono, aquilo significava uma coisa.

- Está vendo? – disse a voz. – Eis aqui o fim de um Arcanjo e seus irmãos. O irmão mata os outros. Que lastima, cometendo blasfêmia com os próprios.

- O que está dizendo? – perguntou para a voz.

- Não percebeu ainda? – gargalhou a voz. – Aqueles que você matou não eram demônios, eles eram os anjos que você está vendo aqui.

O horror percorreu ainda mais o corpo de Gabriel, ele entendeu agora o porquê de sua espada perder o brilho e seu espelho se partir. Ele tinha assassinado todos os seus irmãos no Céu. Estavam todos mortos. Ele desabou no chão de dor em todo seu corpo, ele tinha cometido blasfêmia.

- Revele-se criatura! – exclamou Gabriel ainda de joelhos no chão de cristal. Do amontoado de corpos de anjo surgiu outro anjo. A pele era morena com linhas de cor dourada, os olhos eram como esmeraldas. Era Rochel.

O Rochel foi o grande amor de Gabriel. Ele tinha amado Rochel tão intensamente que por isso levou a sua queda. Vê-la na sua frente foi como uma grande explosão de emoções ruins e boas. Ele se levantou do chão e com rapidez atacou a garota com a ponta da espada, segurando Rochel pelo pescoço.

- Não vai conseguir me matar – afirmou Rochel com um sorriso no rosto. – Você não acha que cometeu blasfêmia o suficiente.

A ponta da lamina tocou o pescoço de Rochel, e pelo olhar de Gabriel, ele iria matá-la ali mesmo.

- Você acabou com a minha vida! – disse para Rochel com as lágrimas escorrendo pelo rosto. – Você e seus amigos do Inferno acabaram com ela!

- Você tem certeza? – retrucou Rochel. – Você acha que muitos dos anjos que foram com Lúcifer tiveram escolha. Nós fomos perdoados pelo Céu, pois não nos convertemos para demônios, e isso não diz nada sobre o fato de vocês perderem seus postos no Céu.

- Você não está falando coisa com coisas – falou Gabriel. – Você sabe muito bem que as coisas não funcionam desse jeito. Os demônios podem ser de várias formas, até na forma de anjo para cativar suas presas, e foi o que vocês fizeram conosco.

- Você não está entendendo – disse. – Lúcifer não nos obrigou a nada.

- Ele nos prendeu no Inferno – afirmou Gabriel.

- A idéia não foi dele, ele só cumpriu ordens, e eu estava ao lado de quem fez isso.

Gabriel olhou no fundo dos olhos de Rochel e pode ver a verdade. Ela está dizendo a verdade. Gabriel soltou a espada. Ele não estava acreditando no que acabou de ouvir.

- Mas porque você fez isso comigo? – quis saber. – Você me fez matar todos os meus irmãos.

- Quando nós fomos levando ganhamos algo perverso em nossas almas – explicou Rochel.

- E quem fez isso com vocês?

- Mikael.

- Mikael?

- Sim, ele mesmo.

- Mas como?

- Não posso contar?

Gabriel ficou perplexo.

- Porque não?

- Por que... – Rochel começou a dizer, mas eles foram interrompidos por uma explosão que tinha ocorrido abaixo de seus pés. Gabriel foi jogado para longe e aterrissou encima de alguns corpos de anjo, ele viu que suas asas se quebraram ao aterrissar. Ele se levantou e foi procurar por Rochel.

Mas não tinha encontrado ela.

- Não! – disse ao ver Rochel deitada no chão. Morta.

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⏰ Última atualização: Feb 21, 2017 ⏰

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