Ataque de Elohim

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Augusto estava sentando sobre a areia da praia de Algarve esperando pelo navio do Ranjos junto com Caleb, Daniel e Mikael.

Ele não estava entendendo muita coisa. Ele começou a observar as linhas em seu braço e começou a se perguntar o porquê dela estarem ali, e porque Caleb não as tinham.

- O que olha tanto em seu braço jovem gafanhoto? – perguntou Caleb ao se sentar ao lado de Augusto.

- Essas linhas surgiram quando eu descobri – falou engolindo a seco. – Eu não me sinto mais o mesmo. Eu estou me sentido diferente.

Augusto estava escondendo tudo atrás de uma mascará de felicidade, mas por dentro estava vazio, e sem sentimentos. Ele pensou poucas vezes que isso teria algo a ver com a alma do Arcanjo que carregava, mas esse pensamento tinha saído de sua cabeça.

Ele nunca se sentiu tão sozinho, parecia que tinha perdido algo.

- Essa mudança é muito difícil para nós – começou Caleb. – Daniel me contou que nós éramos de um jeito antes de descobrir, e quando nos damos conta do que estamos carregando já tarde de mais.

- Tarde de mais?

- Não leve isso como o fim do mundo – brincou. – Tarde de mais para voltarmos ao normal.

- Você parece normal para mim.

- Pode parecer estranho, mas muitas vezes quando eu era criança eu sonhava com você – sorri torto.

- Serio?

- Sim, bem, com todos vocês – falou colocando a mão atrás da nuca. – Bellamy, April, Anthony e Augusto. Eu chamava você de Amiguinhos dos Sonhos. Eu sei que estou parecendo um lunático, mas é verdade. Está se sentindo estranho, isso é mais estranho.

- Esses são os outros?

- Eu acho que sim – disse sorrindo.

Ao mesmo tempo viraram os rostos ver se Daniel e Mikael estavam lá conversando, mas eles não estavam mais lá. Eles tinham desaparecido.

- Onde eles podem ter ido? – perguntou Augusto ao se levantar da areia. E arrumando a jaqueta de couro que estava usando. Sentiu um frio percorrer a espinha quando o medo o dominou.

Caleb olhou para Augusto espantado.

- O seu braço – disse com os olhos arregalados.

Augusto olhou para o braço e as linhas que davam o formato de asas, elas ardiam e brilhavam e um verde-claro. Elas se moviam na pele indo em direção as costas, logo saltaram da pele e rasgaram a camiseta de Augusto, e asas se formaram a partir dai. Caleb parecia espantado, isso estava nítido em seu rosto.

O vento que estava parado começou a soprar forte, as ondas se quebravam com mais violentamente nas rochas perto dali. Os garotos não estavam entendendo o que estava acontecendo. Logo duas formas sugiram na frente deles, formas com asas – e nas asas rendas de cor branca.

- Ora, ora! Filho de Rafael. – disse uma das formas olhando para Augusto. - Vejo que tem a mesma aparência mortal de seu pai. - Logo essas sombras sumiram como vultos.

- O quê? – perguntou, mas já tinham ido embora.

- O que foi aquilo? – perguntou Caleb e o som de algo caindo atrás no chão assustou os rapazes, eles se viraram e viram Daniel e Mikael caídos no chão com as asas arrancadas, o sangue que escorria das aberturas nas costas era uma mistura dourada e vermelha. Eles pareciam estar mortos. – Meu Deus!

Daniel foi o primeiro a acordar. Os olhos dele estavam vazios e escuros, ocos.

- Malditos Filhos de Elohim! – disse de súbito quase engasgando.

- Você está bem? – disse Caleb se abaixando para ajudar Daniel a se levantar.

- Não pareço bem, pareço? – disse Daniel ignorante. – Matar todos eles.

Augusto tinha se esquecido das asas. Ele concluiu que aquelas formas eram os Filhos de Elohim. Ele deduziu que foi por isso que suas asas se abriam, mas por quê?

- Não precisa se tão ignorante – retrucou Augusto. – Eu sei que você perdeu as suas asas, mas não motivo para descontar no Caleb.

- Eu não as perdi, para começo de conversa – retrucou. – Elas iram crescer novamente, espero que em breve.

- O que vamos fazer agora? – perguntou Caleb.

- Nós vamos... – o sangue jorrou pela boca de Daniel, e ele cai no chão.

Atrás dele estava um anjo de rendas brancas nas asas. O Filho de Elohim. Os garotos tentaram correr, mas o outro Filho de Elohim surgiu e socou a cara de Caleb. Augusto com muita rapidez , e não entendendo o porquê, começou a voar para longe dali.

Augusto sentiu algo enroscar em sua perna, ele viu que era uma corda branca. Ele tentou soltar, mas foi inútil. E com força, Augusto é puxado com força para baixo. Naquele momento suas asas já tinham sumido. Bateu com tudo no chão, sentiu que uma de suas costelas quebrarem.

O Filho de Elohim que estava puxando ele não tinha rosto que pudesse ver, era um véu cobrindo o rosto. Augusto cerrou mais os olhos e pode ver um rosto belo sem expressão. Logo foi consumindo pela escuridão.

***

- Augusto acorde! – disse uma voz no fundo da mente de Augusto. – Augusto!

Ele sentia cada nervo do corpo doer. Augusto abriu os olhos e viu que estava em quarto de paredes alta, e ao seu lado estava Caleb com um olhar preocupado.

- Onde estamos? – perguntou Augusto ao sentar na cama onde estava.

- Em algum lugar que não sei onde fica – respondeu. – Não dá pra ver nada pelas janelas, somente uma nevoa branca.

A porta do quarto que era adornada por estrelas se abriu repentinamente. Junto veio um rapaz que aparentava ter 17 anos de idade, os cabelos eram um mistura de preto com azul e os olhos eram castanhos.

- Temos muito que fazer antes de todos estarem aqui – disse o rapaz. – Sou Estrela das Estrelas, antes que me pergunte.

- Nós temos...

Mas Estrela das Estrelas o interrompeu dizendo.

- Não tenho paciência. E sejam bem-vindos – se curvou e começou a sair da sala, mas antes de fechar a porta se virou e disse. – Espero que nossa convivência seja produtiva, pois vocês vão ficar aqui pelo resto de suas vidas.

E fechou a porta. 

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