Pov. Maya: A dor que alivia a dor.

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-Pai? Eu só queria dizer que preciso de você agora. Izzie e Katy faltaram aula e Roben não tem aulas comigo hoje, oque significa que estou sozinha hoje.
"Sei que não tem sentido deixar mensagens na caixa eletrônica de alguém que não usa mais celular e nem oxigênio, mas você era meu ar, minha vida, meu tudo e eu não sei mais como viver sem você... por favor! Eu te amo tanto..PIIIIII.
O tempo de chamada acabou,e isso não interessa porque ele nunca vai receber essas mensagens, eu estou sozinha no mundo agora devia aceitar esse fato. Eu não posso ficar no banheiro da escola para sempre. As vezes eu só tenho vontade de chorar e é incontrolável, inevitável, e nem sei mais oque fazer quando estou assim porque a única coisa que me distrai dessa dor e outra dor então faço coisas que fariam a maioria das pessoas me condenar.
Peguei na mochila um estilete que usava para apontar meus lápis e passei de leve no meu pulso esquerdo, ardeu um pouco, passei mais forte e de novo e saiu sangue e era um vermelho muito forte e vibrante e eu me senti viva de novo, doía, mas a dor é necessária para algumas pessoas. Tampai meu pulso com a manga da blusa e saí do banheiro, lavei meu rosto e encarei meu reflexo "Você consegue viver mais esse dia, Maya." Pensei antes de sair.
Um menino estava andando a minha frente e derrubou um saquinho com um pó parecido com bicarbonato de sódio, tentei o chamar, mas ai percebi do que se tratava e peguei do chão.
-Maya...-Dei um pulo pra trás.
-Oi é Roben, tudo bem?-Ele me olhou desconfiado.
-O que estava fazendo?
-Eu? Nada...
-Bom, eu só queria saber se você sabe porque as meninas faltaram.
-Não, eu não sei. Vou... tenho que ir, até amanhã.
-Mas a aula ainda não começ...Tchau?-O ignorei e sai dali o mais rápido possível. Eu não podia me dar ao luxo de passar a manhã na escola hoje.
Corri, mas não corri para casa, corri para a biblioteca, era o lugar preferido do meu pai. Passavamos horas e horas ali, lendo qualquer livro, até ficar tarde o suficiente para sermos expulsos para bibliotecária e saimos rindo da situação, depois ele me levava para tomar café e me contava a mesma história todo dia, a história sobre como conheceu minha mãe e como eu gostaria de ter conhecido também.
A biblioteca estava vazia como de costume então me sentei e peguei um livro para ler, o título me chamou atenção "Cartas de amor aos mortos." parecia o tipo de livro que me chamava para ler...
-Sabe esse é muito bom.-Alguém falou, levantei o olhar era um garoto com os cabelos castanhos sorrindo para mim. Ohh sorrindo para mim!
-Quem morre?-Questionei.
-A irmã.
-Ahh.-Ele se sentou ao meu lado.
-Qual seu nome?
-Maya e o seu?
-Teddy.-Teddy me lembra ursinhos fofos, o que era bom sinal, eu imagino.
-O que aconteceu com seu braço?-Ele apontou para minha blusa que estava vermelha de sangue. Ah mas que legal...
-Eu me cortei no banheiro.-disse em um tom diferente do que realmente aconteceu.
-Eu entendo.-Ele disse enquanto eu pressionvava o corte.
-É as pessoas vivem se cortando.-Falei dando os ombros.
-Não desse jeito. O que aconteceu? Você é tão bonita, parece ser legal e lê.-Espera ele.. ele entende? Tipo de verdade? Sem julgamentos? O encarei.
-Como você sabe?
-Eu já fiz isso, parecia ser a única maneira de aliviar a dor e não chorar pelo resto do dia.
-É exatamente! E como se livrou disso?-Ele desviou o olhar.
-Não me livrei...

Elas, Delas.Onde histórias criam vida. Descubra agora