Capítulo V

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                – Todos ao convés! Navio à vista!

                Crow levantou-se rapidamente, vestiu a camisa e saiu correndo. Ana ao ver a movimentação, preocupada com o que poderia estar acontecendo, correu atrás dele.

                De pé, na ponte, junto à amurada, segurando a luneta, Crow já tentava identificar seu perseguidor, que avançava a toda a velocidade. Seu olhar voltou-se preocupado para Brett, ao seu lado.

                – Melhor sermos cordiais e ver o que ele quer.

                – Quem é ELE? – perguntou Ana, surgida repentinamente ao lado deles.

                – O que você está fazendo aqui? Volte já para a cabine – grunhiu Crow entre dentes sur-              preso ao vê-la por ali.

                – Estou ficando farta de ficar na cabine. Além do mais, já mastiguei tanto gengibre que já não sinto mais enjoo – disse, apesar de ainda tremer por dentro ao ver a imensidão do mar através das amuradas do navio.

                 Atrás da aparência arrogante, tentava esconder o medo, que ainda a assaltava, quando pen-sava que era novamente passageira numa viagem marítima.

               – Talvez seja melhor fazer o que o Crow está mandando, senhora – interferiu Brett. – Naquele galeão que se aproxima está um dos piratas mais ardilosos que existe navegando por esses mares.

               – Ele é espanhol? – perguntou, depois de engolir em seco.

               – Que eu saiba, ele não trabalha para ninguém – respondeu Crow, notando que ela ficara preocupada com a nacionalidade do bandido. Ele ainda não conseguira arrancar dela os motivos para ter tanto medo da Espanha e de seus conterrâneos. – De qualquer maneira, é melhor se manter escondida lá embaixo até sabermos o que ele quer.

               A distância já diminuíra entre as duas embarcações e já era possível  ler o nome do galeão. El Tiburón. Ana resolveu seguir o conselho de Crow e voltou correndo para o reduto inferior.

               Didier que estava por perto, quando viu Ana descer correndo, resolveu informar-se melhor sobre o que estava ocorrendo.

               – É só um velho colega de pirataria. – informou-lhe Brett – Certamente quer apenas vangloriar-se de seus feitos e partir.

               – Peter! Diga para os homens ficarem a postos na artilharia! – gritou Crow para seu  contramestre.

               – Certo, Capitão!

               – É assim que recebem colegas de profissão? Acho que vou fazer companhia para Marie.

               Ele ainda a chamava pelo nome com o qual a rebatizara e tampouco sabia sobre seu parentesco com a nobreza espanhola.

               – Talvez  esteja indo para a Ilha de São Miguel. Não estamos muito longe dela. Ele costuma saquear aqueles pobres ilhéus – Crow cogitou com Brett tão logo Didier desapareceu sob o convés.

               – Talvez... Ele não tem motivo algum para nos atacar. – concordou o imediato. – Mas não custa nos precavermos contra ele.

O Corsário ApaixonadoOnde histórias criam vida. Descubra agora