Capítulo XVI

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– Nigel! – gritou Ana, que antes de chegar aos braços de Crow assistiu à tentativa homicida de Castilhos.

Abraçaram-se fortemente, com a felicidade do reencontro esmaecida pelo infortúnio de seu companheiro. Depois de uma rápida e significativa troca de olhares, que bastou para transmitir o alívio de estarem novamente juntos, a atenção se voltou para Brett que já se encontrava aninhado nos braços de Valentina, no chão do convés.

– Não se preocupe... – disse gemente de dor, acariciando com o olhar a face, úmida pelas lágrimas, de quem o acalentava. – Não será dessa vez que ficará livre de mim, Tina.

– E quem disse que quero me livrar de você, seu pirata do inferno?

– Vamos levá-lo para o Highlander! – afirmou Crow ajoelhando-se onde o imediato estava caído. – Aguente firme, Brett!

– Vocês têm um cirurgião a bordo? – perguntou Arthur.

– Não temos médico no Highlander, mas podemos cuidar dele – respondeu Crow atordoado.

– Como? Não sabem a extensão do ferimento. Nós temos um cirurgião que pode tratar dele. Pela nossa antiga amizade. Por favor, aceitem.

Antes que Crow pudesse interferir, o capitão inglês ordenou a remoção do ferido para sua própria cabine.

Brett foi levado às pressas para os aposentos de Greenville, onde prontamente o médico de bordo o atendeu e proibiu seus acompanhantes de entrarem, até que pudesse avaliar o ferimento.


Enquanto os piratas hispânicos e, agora prisioneiros, eram alinhados e acorrentados, Arthur Greenville ordenou a liberação de alguns barris de um destilado de cevada trazido da Escócia para ser distribuído entre os grumetes e os piratas de Crow. Estes últimos voltaram ao Highlander satisfeitos com a vitória e a bebida, mas preocupados com Brett. Liam, ao saber do ocorrido, imediatamente se ofereceu para ajudar o amigo, mas retornou carrancudo quando foi informado que a tripulação contava com os serviços de um oficial médico muito competente e que sua ajuda não era necessária.

A angústia pesava principalmente sobre três corações. Os minutos escorriam lentamente. Ana e Crow abraçados observavam o andar de vai e vem nervoso de Tina. A falta de palavras de consolo tornava ainda mais angustiante a espera.

Após organizar a reclusão dos prisioneiros, falar com seu imediato e ordenar os reparos necessários à boa navegação do El Tiburón, Arthur Greenville pode finalmente ir ao encontro de Crow e das duas mulheres. Apesar de tudo, estava satisfeito com os troféus que levaria para a Rainha Elizabeth como prova de seu triunfo contra um dos grandes inimigos dos navios ingleses. Isso certamente lhe traria prestígio inestimável e finalmente deixariam de louvá-lo apenas como filho do famoso Sir Richard Greenville.

– O Dr. Wilde já deu notícias de Brett? – perguntou ao aproximar-se do pequeno grupo.

– Ainda não. – respondeu Crow.

– Se ele não aparecer aqui em um minuto para dar notícias, vou invadir essa maldita cabine e saber o que está havendo. – exclamou Tina no limite de sua paciência e apreensão.

Arthur não conseguia disfarçar sua curiosidade pela jovem morena, vestida como um rapaz, que tivera a coragem de matar o homem que ameaçava Ana de Villardompardo. Entretanto, percebera, por suas atitudes, que seu coração já pertencia a outro; alguém que anos atrás fora seu amigo e que, agora, podia estar agonizante.

O Corsário ApaixonadoOnde histórias criam vida. Descubra agora