Capítulo XVIII

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Pelo menos esses dois estão felizes, suspirou Ana, pensativa ao ver Brett e Valentina caminhando de mãos dadas entre os canteiros de flores dos jardins do Castelo de Villardompardo, rindo de alguma bobagem que ela havia dito. Apesar da boa acolhida recebida por Esteban em sua antiga residência, não conseguia sentir-se à vontade. Visitara todos os seus locais favoritos da infância nas redondezas e relembrara os momentos mais felizes que passara junto aos seus pais, antes da tragédia que os levara embora. Contudo, a falta de notícias de Crow a estava deixando doente. Algo lhe dizia que ele estava em perigo. Não via a hora de deixar a Espanha e seguir para a Inglaterra. Haviam se passado quase duas semanas que estavam ali e ainda não conseguira uma audiência com o arcebispo para garantir o que era seu por direito. Pensou que seria fácil; dizer que estava viva, voltar correndo para os braços de Crow e decidir o que fariam de suas vidas. Agora o tempo estava passando e ela, presa naquela terra, distante, sem saber o que estava acontecendo com ele.

– Ana?

– Ah, Don Esteban... – respondeu surpresa, virando-se em sua direção.

– Pensando em seu Nigel?

– Sim...

– Tenho boas notícias. Meu emissário acabou de chegar. Conseguiu a bendita audiência com o Arcebispo de Córdoba para amanhã pela manhã. Ele estará em Las Torres, que fica a poucos quilômetros daqui, fazendo uma visita a um amigo que mora no mosteiro da cidade, e aceitou recebê-la lá mesmo.

Ana respirou fundo e sorriu diante de tal novidade.

– Já não era sem tempo.

– Você tem os documentos que seu pai lhe deixou, não?

– Sim... Eu os guardo comigo desde que minha mãe faleceu. Cristóbal tentou roubá-los de mim, mas não conseguiu.

– Aquele miserável! Quando penso que ele propôs casar-se com você, tenho ganas de matá-lo de novo. O arcebispo vai querer saber o que aconteceu com ele.

– Não se preocupe. Eu saberei o que dizer. Já havia pensado nessa possibilidade.

– Que bom...

– Don Esteban, gostaria de agradecer por receber meus amigos, sem levar em conta a nacionalidade do Brett.

– Ele é irlandês, não? – perguntou piscando um olho, brincalhão.

– É... É claro... – respondeu Ana sorrindo, grata pela compreensão do amigo, mantendo a farsa.

– Ana, saiba que pode contar comigo como se fosse seu pai. Sei que jamais substituirei Ramon, mas estarei aqui sempre que precisar de mim... Está bem?

Emocionada, não pode evitar uma lágrima escorrer sobre seu rosto. Esteban abraçou-a, confortando-a, entendendo o que se passava com a jovem.

Ana agradeceu comovida e correu para contar a novidade a Brett e Valentina.

– Então, isso significa que poderemos partir em muito breve! – entusiasmou-se Brett. – Preciso avisar Peter e Bald. Eles andam preocupados com o Highlander, atracado em Cádiz, assim como eu.

Valentina deu um beliscão em seu braço, para lembrá-lo de não perturbar Ana com suas apreensões.

– Ai! Este doeu, Tina!

O Corsário ApaixonadoOnde histórias criam vida. Descubra agora