Capítulo XI

2.4K 221 52
                                    


Tensa com a companhia de Tina, Ana começou a duvidar de suas desconfianças em relação à filha de Hawke. A moça se mostrava simpática e tentava de todas as maneiras deixá-la à vontade. Finalmente relaxou, diante de uma confissão, quando essa terminava de colocar a última terrina com água fumegante dentro de uma grande bacia de madeira.

– Acho que vamos nos dar muito bem, Ana. Depois que o Crow me disse que vocês estavam juntos, um peso foi tirado do meu peito. Jamais pensei que ele fosse se apaixonar por alguém. Quando a vi, pensei que tinha vindo pelas mãos do Brett. Quase morri. Deu para notar?

Ana mostrou-se claramente surpresa e aliviada com o que acabara de ouvir.

– Você gosta do Brett??

– Não deu para perceber?

– Me pareceu que você tinha ficado com ciúmes do Nigel – revelou.

– Não brinque! E desatou a rir. – Sei que ele é um bonitão, mas não consigo me imaginar com ele... Argh! – Fez uma careta – Eu o conheço desde os meus doze anos e nunca me passou pela cabeça enxergá-lo como... – Nova careta Nada além de um irmão mais velho.

– Então, você gosta é do Brett... – Ana sorriu melancolicamente, lembrando que ela também conhecera Nigel quando era criança e agora...

– Eu não gosto... Sou louca por ele. – continuou Tina suspirosa.

– E ele?...

–Não me dá a mínima. Às vezes, eu acho que ele gosta de mim, mas depois ele desconversa e foge.

– Ele não me pareceu muito indiferente a você hoje lá no cais.

– Brett não quer compromisso... Já o ouvi dizer isso ao Crow uma vez.

– Complicado...

– Ah! Deixa prá lá. Conte de você. Como conheceu o Crow?

Durante o banho, Ana contou de forma resumida sua história como filha adotiva de Didier, sua vida nas ruas de La Rochelle, o encontro com Crow, como ele a salvara da morte e o acidente no Highlander que acabara por aproximá-los. Ocultou apenas tudo que pudesse se relacionar à sua origem espanhola e como se dera o primeiro e real encontro entre os dois no Enterprise.

Valentina tinha vinte e dois anos e era uma morena exuberante, de uma beleza exótica, apaixonada pela vida e por Brett.

– E vocês já...?

– Já o quê?

– Bem... Ele disse que você é mulher dele...

Ana ruborizou quando entendeu sobre o quê Tina estava falando.

– Ehhr... É que essa era a história que ele contou para me proteger dos marujos no navio. explicou desviando o olhar para a cama onde Tina deixara algumas roupas limpas para que vestisse depois do banho. – A água está ficando fria... É melhor eu sair.

– Nem vi o tempo passar... – Levantou-se da cadeira onde estava sentada para pegar uma toalha e oferecê-la à Ana.

– Obrigada. – disse timidamente, ficando de pé na banheira e enrolando-se no tecido macio que fora oferecido.

– Mas você gosta dele, não? – continuou para esclarecer sua curiosidade.

– Claro. Ele salvou a minha vida por duas vezes. – Esta sua afirmação a fez imaginar que o distanciamento de Nigel nos últimos dias talvez não se devesse apenas ao ferimento que ainda o incomodava, mas por já se sentir quite com ela e a sua suposta dívida do passado.

O Corsário ApaixonadoOnde histórias criam vida. Descubra agora