Capítulo 9

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Seis Graus de Separação


"No there's no starting over.

Without finding closure."

- The Script

***


Lola

Observei Andrew se afastar cada vez mais enquanto Kevin me mantinha junto ao seu corpo com os lábios grudados aos meus em meio a pista de dança, meus impulsos em retribuir o seu beijo eram automáticos, frios, sem sentimento. O meu corpo poderia estar ali presente, mas os meus pensamentos e o meu olhar estavam fixos no baixista loiro sentado de costas diante do bar daquele Pub ingerindo doses de álcool sem parar.

Eu era uma vaca.

Disso eu sabia. Mas o que eu havia feito tinha sido necessário, as coisas com Andrew estavam ultrapassando limites que uma parte profunda e incrustada dentro de mim não conseguiria suportar ou admitir. Eu precisava afastá-lo. E aquela havia sido a minha única opção. Talvez não a mais esperta, mas a mais eficaz e direta para o momento.

Não havia sido planejado, Kevin simplesmente apareceu me lançando o seu charme barato e eu cedi, apesar de eu ter refletido muito nos últimos tempos tentando arranjar uma forma de nos separar. Era uma atitude infantil, uma atitude que eu nunca havia tomado antes com nenhum dos meus casos anteriores. Sempre prezei a honestidade na hora em que precisava terminar um caso. Mas com Andrew eu não conseguia pensar direito, com Andrew eu era passional em um nível desconhecido por mim. Com Andrew eu agia com o coração.

E por tê-lo ali tão a vontade, invadindo o meu coração aos poucos, de uma maneira que nenhum outro nunca fez, tudo o que eu pude sentir foi medo... E raiva. Raiva por ter deixado o que nós tínhamos ir tão longe. Raiva por no fundo saber que com ele era diferente. Com ele eu conseguia pensar sobre o futuro. Um futuro que eu precisava renegar.

Senti raiva e a raiva me fez covarde, ela me fez infantil, me fez agir como uma vaca megera, me fez atacar e atingir Andrew da pior forma possível. Direto no coração, direto no orgulho.

- Me solta. – exigi, encarando Kevin, que me retribuiu com um olhar confuso, que eu fiz questão de ignorar, enquanto me afastava dele caminhando em direção a saída do Pub.

Eu sabia que aquele era o fim do que havia entre Andrew e eu. Dessa vez ele não havia sequer tentado me afastar de Kevin, não havia feito uma cena de ciúmes. Não me leve a mal. Não era isso o que eu queria que ele fizesse, na verdade, conhecendo-o como agora eu achava que conhecia, eu meio que sabia que a atitude que ele tomaria seria diferente da que ocorreu da outra vez. Eu sabia que agora eu não era mais nada para Andrew.

Um aperto profundo esmagou o meu peito me sufocando aos poucos, um nó incomodo se apoderou da minha garganta e enquanto caminhava, visivelmente embriagada, a procura de um taxi no lado de fora do Pub, eu senti a primeira lágrima cair, sendo seguida por uma enxurrada de outras lágrimas.

Eu nunca havia chorado por um cara. Nunca havia achado que homem algum mereceria uma lágrima minha. Nunca havia me deixado abater. Desde de ultima vez há anos atrás quando chorei pelo meu pai. Quando chorei aos ver o relacionamento dele com a minha mãe desmoronar pouco a pouco.

Eu não chorava mais desde então. Eu não me permitia chorar. Mas naquele momento estava sendo impossível segurar. As malditas lágrimas caiam sem permissão, fazendo minha visão se tornar turva, confusa.

Quando conheci você.Onde histórias criam vida. Descubra agora