PRÓLOGO

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Inglaterra, Março de 2000.



Ela se manteve abaixada no topo da escada enquanto observava a discussão vinda da sala. Aquela não era a primeira vez que Louise ouvia os pais brigando, mas provavelmente aquela era a briga mais séria que ela já havia presenciado. Objetos eram arremessados pelo cômodo, o pai esbravejava furioso, enquanto a mãe chorava, mas não chorava de tristeza e sim de raiva. A garota de treze anos tentava se manter escondida, pois sabia que se fosse descoberta acabaria sobrando para ela, foi quando o pai disse algo que a deixou ainda mais temerosa.

- Pois trate de correr então pros braços daquele seu amante idiota, porque de mim você não arranca mais nenhum centavo, Barbará! Nós estamos falidos! - ele declarou e saiu de casa praticamente quebrando a porta da frente ao fechá-la com um forte baque. Lola observou a mãe ficar sem reação encarando a porta que havia sido batida. Ela quis descer as escadas e consolar Barbará Carter, mesmo ela não merecendo, já que traíra o pai, só que a relação das duas nunca foi muito próxima, ela queria pensar que se dava melhor com o pai do que com a mulher parada a sua frente, mas na realidade os pais sempre foram distantes, achando que bastava entupi-la de dinheiro e presentes para que ela vivesse bem. Lola se sentia como um fantasma naquela casa, eles nunca estavam por perto. Ela havia sido criada pela babá, Joan, e a considerava mais do que aos próprios pais, porque Jojo sim se preocupava com ela, era a única pessoa que demonstrava sentir carinho por Louise.

Barbará pareceu acordar do seu estado letárgico e soltou um urro de frustração, lançando em seguida mais um dos seus caros vasos em direção a porta. Ela se virou furiosa e apanhou o telefone sem fio e seguiu para o escritório da casa. Louise se levantou em silêncio suspirando. Finalmente ela tinha certeza de que o casamento dos pais havia acabado. Ela nunca entendera porque eles permaneciam juntos, sempre notou que os dois não se amavam, apenas pareciam se suportar. A maioria dos pais dos seus amigos também eram separados, tudo em seu mundo parecia girar em torno do status. Amor era algo ilusório, concluiu Lola.

O pai não voltara mais para casa após aquele dia, o motorista da família, prestando seus serviços pela ultima vez, levou os seus pertences para o apartamento simples para onde ele havia se mudado, já que Michael era orgulhoso e não quis aceitar um centavo dos pais para se mudar para um local mais sofisticado, ele conversara com Lola por telefone apenas uma vez, fez promessas de leva-la para morar com ele, mas aquelas promessas nunca foram cumpridas como Lola tinha certeza de que não seriam, ele nunca as cumpria, era egoísta e autossuficiente demais para pensar em outro ser humano, por mais que este fosse a sua filha.

Um advogado cuidou do divórcio dos Carter, Barbará pegou para si tudo o que podia, deixando o ex-marido mais falido do que já estava. Meses após a conclusão do divórcio ela se casara com outro ricaço, um homem bem mais velho, que a sustentara desde então. O pai de Lola após a falência se afundou no alcoolismo e morreu em um acidente de carro algum tempo depois. Como não suportava o marido da mãe, Lola passara a viver com os avós paternos, seus únicos parentes vivos, já que ambos os pais eram filhos únicos e ela nunca conhecera seus avós maternos. Joan foi consigo mesmo ela não tendo mais um centavo para lhe pagar um salário, a babá a considerava como uma filha e no fim os avós paternos ficaram satisfeitos por ter alguém para cuidar da neta, e decidiram contratá-la. Peter e Melinda Carter, pais de Michael, seu falecido pai, eram um casal de idosos vindos de famílias nobres e tradicionais da Inglaterra, eles também eram distantes e o período em que morou com eles não foi o suficiente para estreitar os laços familiares que deveriam existir entre eles. Ela permaneceu em sua casa até completar a maior idade e então decidir viver por conta própria quando ingressou na faculdade de medicina na sua tão sonhada e querida Londres.

Alguns anos depois ela iria observar a melhor amiga, Olivia, completamente destroçada por ter entregado o seu coração a alguém que não merecia. E diante de mais aquela cena, Lola decidiria nunca se entregar daquela forma a ninguém. Amor era para os idiotas e ela viveria feliz consigo mesma para sempre.

***

Hey mom, hey dad!
When did this end?
When did you lose your happiness?
I'm here alone inside of this broken home.
Who's right, who's wrong?
Who really cares?
The fall, the blame, the pain's still there.
I'm here alone inside of this broken home.
This broken home. 

- 5 Seconds of Summer.


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Nota da autora: Sim, isso foi um prólogo minusculo, eu sei, ele é pequeno mesmo, mas foi só pra não passar a minha promessa de postar o inicio dessa história em dezembro em branco. hahaha 

Agora falando sério, desejo um ano novo maravilhoso pra todos vocês meus leitores queridos!! Que 2016 nos encha de força e coragem para correr atrás dos nossos objetivos e nos traga muita saúde e alegria!!

Nos vemos no inicio de Janeiro com o capítulo 1 de Quando conheci você! 

Beijos.

Até breve!

J.




Quando conheci você.Onde histórias criam vida. Descubra agora